Na semana passada, uma senhora de idade que mora na Lapa fez uma reclamação pelo telefone 1746, principal canal para denúncias de desordem urbana à Secretaria de Ordem Pública. A senhora, que apesar de idosa ainda não era aposentada e se levanta às seis da manhã para trabalhar, reclamou do barulho ensurdecedor de uma boate LGBT, que em pleno dia útil de semana começava então uma festa que provavelmente iria até a madrugada – como já havia acontecido antes. O som altíssimo da música – que deveria ter pelo menos algum tipo de contenção técnica – chegava ao quarto da pobre senhora com o volume de uma explosão.
A resposta que ela recebeu foi exatamente a cara da nossa SEOP: “um guarda municipal foi até lá mas nada foi constatado”. A preguiça demonstrada pela SEOP de atuar nessas ocorrências levou meu irmão, vereador Rogério Amorim (conforme publicado no Diário do Rio), a pedir por indicação legislativa a criação de uma unidade especial da prefeitura para esse atendimento – e que fique na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, já que a SEOP tem andado ocupada demais para cuidar de Ordem Pública. Aliás, a SEOP anunciou esta semana que receberá “denúncias de racismo, antissemitismo e preconceito religioso”. Ou seja: camelôs ocupando ruas sem controle algum, cracudos fechando avenidas, casas de mendigos por toda a cidade, boates irregulares, nada disso é prioridade – o foco é lacração e “preconceito religioso”.
A cidade toda pede mais ordem urbana, mas o nosso secretário elogia a “Patrulha Maria da Penha” como maior legado do ano de 2021 – um projeto que já é tocado pela Polícia Militar com brilhantismo há seis anos!
Talvez se a senhora insone da Lapa telefonasse para o 1746 e dissesse que havia pessoas reclamando das boates LGBT o atendimento fosse diferente – seriam provavelmente enviadas viaturas para defender as boates e a senhora em questão provavelmente poderia fazer pessoalmente a reclamação do barulho. É difícil saber como essa senhora poderia ser atendida pela SEOP e finalmente poder dormir o sono dos justos. A verdade é que esta secretaria, ao escolher a lacração, deixou de lado a Ordem para adotar o Caos. Pior para o cidadão.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
Não diminua causas justas em favor de outras causas também justas. É isso que seu texto tenta descaradamente fazer.
Não vi diminuição nenhuma. Apenas a constatação de que o órgão está parecendo preferir algumas ao invés de outras, o que prejudica imensamente a todos aqueles que realmente produzem algo de bom para a sociedade.
Indivíduos que ficam até a madrugada, num dia útil, numa boate afogando-se em bebidas r provavelmente drogas ilícitas, não parecem ser, exatamente, a parte produtiva da sociedade. Logo, me parece que a causa desta senhora e tantos outros moradores deveria vir primeiro lugar.
O sono é algo importantíssimo e ele literalmente define como será sua saúde seu dia sua semana. Assim, ter o sono destruído por um evento desses é um atentado contra a sociedade.
Mesmo em países extremamente progressistas, eu duvido que as autoridades atuem com tanta preguiça e incompetência em relação à música alta e baderna. Inclusive, certa vez em Mallorca, uma ilha da Espanha, presenciei algo que me surpreendeu absurdamente. Eu estava caminhando numa calçada à noite e comecei a ouvir uma espécie de coral bem baixinho. Ao olhar pra uma casa vi que era um culto evangélico. Ou seja nada de alto-falantes com demonstrações escandalosas e mal educadas de fé. Mas sim algo feito com discrição e tranquilidade, como deveria ser tudo que se diz representar Deus.
Aqui no Brasil as pessoas parecem saber se divertir somente se for destruindo a paz alheia. Se não for deste jeito, parece não ter graça nenhuma.