Com toda a importância que o fato merece, como alento aos familiares e amigos das 12 crianças que foram brutalmente assassinadas no interior da Escola Tássio da Silveira, em Realengo, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Oraní João, Cardeal Tempesta, celebrou uma emocionante Missa no sábado, 9 de abril na Matriz do Cristo Libertador, próximo da Escola onde há 11 anos atrás houve a chacina.
É sabido que Dom Orani não escreve o que vai falar em sua homília, ele tem inspiração direta da divina providência, sobre o que não paira dúvidas. Com uma igreja lotada de familiares das crianças mortas, fiéis Católicos, o Cardeal falou lindamente e com fácil compreensão sobre a necessidade de que todos lutem pela paz, do quanto a bondade deve ser sobrepor à maldade e do quanto é preciso que no coração de cada jovem seja desde o início da vida plantado os valores Cristão e a abominação a violência.
Mais de 300 pessoas estavam presentes na Missa que foi concelebrada pelo Pároco, Padres Convidados e Diáconos.
Ao término da celebração um grandioso e contagiante louvor ocorreu com a elevação de lenços brancos e com o pedido de intercessão de Deus e da Santíssima Virgem. Foi um momento ainda mais emocionado quando cartazes contendo o nome das 12 crianças mortas naquele trágico dia foram erguidos ante ao altar do Senhor.
O que se via no semblante das pessoas era a incompreensão pela tragédia ocorrida no local, mas a esperança de que Deus recebeu aqueles que pereceram em seu colo e com seu amor de Pai, confortou aqueles que ficaram.
Recordando o fato
Lembremos do ocorrido daquele que ficou conhecido como Massacre de Realengo: Ele ocorrido em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30min da manhã na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, no município do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes, sendo que matou doze deles, com idade entre 13 e 15 anos, e deixou mais de 22 feridos. O assassino foi interceptado por policiais, mas cometeu suicídio antes de ser detido Wellington, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, dirigiu-se a pé para a escola na manhã de 7 de abril de 2011, portando dois revólveres — um de calibre .38 e outro de calibre .32 — e carregadores do tipo speedloader, que, segundo os policiais, exigem treinamento para uso. Ele estava bem vestido e, por volta das 8h (UTC?3), identificou-se como um palestrante que iria conversar com os alunos naquela manhã. Depois, subiu para o primeiro andar e entrou numa sala de aula da 8ª série (9º ano atualmente), onde estava ocorrendo a segunda parte de uma aula dupla de língua portuguesa com a professora Leila D’Angelo. Wellington entrou sem pedir licença, calmamente, e então pegou suas armas, uma em cada mão, e começou a atirar nos alunos, nos braços e pernas dos meninos e nas cabeças das meninas, visando a matar somente elas. Segundo testemunhas, ele se referia às meninas como seres impuros e posicionava a arma em suas testas de forma cruel antes de matá-las. Morreram dez meninas e dois meninos, todos com idade entre 13 e 16 anos. Ele conseguiu dar mais de trinta tiros, graças ao uso dos carregadores.
Houve pânico e os alunos e funcionários começaram a correr. Agentes do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), que faziam uma fiscalização em uma rua próxima, foram avisados por uma criança baleada que acabara de fugir do local. Policiais militares do Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário e Urbano (BPRV), que acompanhavam a ação do Detro, foram até o local e, na tentativa de impedir Wellington, efetuaram dois disparos: um atingiu a perna do rapaz e o segundo o abdômen. Logo em seguida ele caiu na escada que dava acesso ao andar de cima, e então atirou contra a própria cabeça.
Wellington foi detido pelo 3º Sargento da Polícia Militar Márcio Alexandre Alves, de 38 anos. Segundo ele, o rapaz chegou a apontar-lhe a arma, sem contudo atirar. Alves atirou em Wellington, fazendo-o cair, e logo em seguida o rapaz cometeu suicídio. “O sentimento é de tristeza pelas crianças. Eu tenho filho nessa idade. Mas também é sentimento de dever cumprido, impedi que ele chegasse ao terceiro andar e fizesse mais vítimas”, declarou.[33]
Wellington Oliveira deixou uma nota de suicídio no local. Na missiva, já havia por escrito a intenção de se matar após a sua ação premeditada
Dom Orani presente rapidamente
Na manhã do Massacre, Dom Orani Tempesta dava expediente em seu Gabinete na Arquidiocese quando a mídia começou a divulgar a tragédia então ocorrida minutos antes. Sua Eminênia, cancelou toda a agenda, as audiências e deslocou-se de imediato para o local chegando rapidamente em Realengo. Sua presença foi antes de qualquer coisa uma mostra de que a Igreja estava junto dos que sofrem, de confortou aos Pais e familiares das crianças assassinadas e acima de tudo de que como “Pastor” estava ali a mostrar que Deus estava presente e nunca nos abandona. Passado os dias iniciais, o Cardeal decidiu erigir ao lado da Escola a Paróquia do Cristo Libertador, presença da Igreja de Deus naquele local de dor, que hoje 11 anos depois é local de esperança em dias melhores, em dias paz e de certeza que aqueles que sofrem serão consolados.
Anualmente o Cardeal comparece ao local, celebra esta Missa, encontra-se com os Pais das crianças mortas e ao deixar o local, deixa nele uma certeza: Deus acalenta seu rebanho e sempre nunca se esquecem dos jovens que se foram e daqueles que ficaram.