Tem rã no Jobi, no Leblon: então, coma e seja feliz

O anfíbio consumido aos montes na França vai à mesa por aqui como um frango à passarinho. E, sim, vai bem que é uma beleza com um chopinho

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Bolinho de bacalhau: preferidos da casa. Todo mundo pede

Que o Jobi, no Leblon, é um dos bares lendários do Rio, Patrimônio Cultural Carioca, todo mundo sabe. Que a casa vive cheia todas as noites, também. E que, além dos acepipes famosos, como o bolinho de bacalhau e o risole de camarão com catupiry, o bar tem um cardápio extenso de comidinha muito bem-feita. Ela é sempre bem servida, ao estilo do carioca: mistura um pouco de tudo. Tem prato português (bacalhau, ó pá!), mineiro (como a carne-seca à mineira) e até paulistano (!), como o camarão à paulista. A feijoada, carioquíssima, é, para mim, uma das melhores da cidade.

Numa noite gostosa com amigos, entre chopes daqui e caipirinhas dali, uma plaquinha me chama a atenção, entre o vai-e-vem dos garçons e a falação da clientela. Ela tem um jeitinho gráfico que nada tem a ver com a casa e uma rã sorridente, fazendo pose de marombeiro. Acima da imagem, o recado: “Temos rã”.

Oi? O que o anfíbio está fazendo entre os clássicos do Jobi? Será que alguém come a “iguaria”? Sim, eu como. E há mais gente que come também.

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A rã, vale dizer, é um bicho que faz parte da culinária francesa, assim como o filé mignon. Na terra do Macron, ela é feita na chapa, servida com molho provençal. Seja como aperitivo, seja como prato principal, quando normalmente é acompanhada de batatas fritas. Se você nunca comeu, saiba que ela tem sabor peculiar (difícil de comparar com frango ou peixe, exceto pela leveza) e uma carne branquíssima e aveludada. Olha, deixa o preconceito de lado, e coma, quando pintar.

A do Jobi é empanada e frita e vem servida como um frango à passarinho (sem as bitocas de alho). Faz croque na mordida e revela-se bem suculenta no interior. É um manjar, sério. Na mesa com sete pessoas, três (eu incluído) comeram sabendo que era o bicho que vive no brejo e outras três beliscaram, felizes da vida, sem saber o que era. Acabou rápido.

Como o clima era, no entanto, variar os pedidos, os seguintes foram um sanduíche de pernil (sem queijo, sem nada) e um de carne assada. Ambos deliciosos, com a assinatura de sempre do Jobi. Aliás, você sabe qual é o segredo do bom sanduíche de carne assada (além de um bom pãozinho francês, que, lembre-se, é 50% do conjunto. Isto é, se for ruim, o sanduíche será ruim)? Paio e bacon. Bem puxadinhos na própria gordura, ele surge, aqui e ali, entremeados a finas fatias da carne, regadas com o seu molho. Aqui é assim. Não à toa, a gente vai e volta sempre, desde 1956. Vai na minha que você vai na boa.

Serviço
Bar Jobi
Av. Ataulfo de Paiva 1166, Leblon.
Tel.: (21) 2274-0547;
www.jobileblon.com.br

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Robert Halfoun é jornalista, publicitário e amante da boa mesa. Depois de anos na Editora Abril, relançou com grande sucesso a Revista Domingo, no Jornal do Brasil, onde também atuou como Diretor Executivo. Então, dirigiu a Revista Gula, na época de sua maior circulação, até que, há oito anos, lançou a plataforma Sabor.club, com revista, site e o clube de assinaturas Sabor Clube. É também autor do livro Histórias da Gastronomia Brasileira, lançado em parceria com Ricardo “alô alô” Amaral.

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