Walter Leiras: Se o bairro Campo Grande fosse nosso

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala que, para pensar um Rio de Janeiro para todos, precisamos que todos participem disso

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Foto: https://images.app.goo.gl/9m2ivWtRwfk4RPhZ6

Se o Rio Fosse Nosso não pode ser pensado e construído se não for de forma coletiva.  Para começar falando do Rio de Janeiro vamos sair um pouco do cartão postal e vamos para o maior bairro da América Latina: Campo Grande, com seus 337 mil moradores. E, para me ajudar nessa missão de sonhar com um futuro melhor, não poderia deixar de chamar três pessoas que vivem e lutam para que o bairro se desenvolva e vire um polo na Zona Oeste e que tenha mais educação e melhoria no transporte e no lazer para conversar comigo. Conversando com Solanea de Lemos Magalhães, professora do Núcleo de Arte Dr. Dilson Francisco, ela coloca que o bairro tem diversas prioridades, mas não podemos deixar de falar de mobilidade, o que dificulta a vida de qualquer carioca. “Priorizaria uma maior infraestrutura no tráfego, criaria uma malha ciclo viária ligando os dois lados de Campo Grande, que se dividem por dois viadutos principais, que já não dão suporte para a quantidade de veículos. Atualmente, há muito engarrafamento em distâncias curtas. O trem, que era expresso, agora é parador, fazendo com que o trabalhador demore duas longas horas ou até mais para chegar ao Centro – é preciso ampliar os intervalos e voltar com o trem expresso”, ela diz.

Ela ainda fala sobre a questão cultural da região: “No aspecto cultural, só há um teatro (Arthur Azevedo) e uma Lona Cultural (Elza Osborne), que está em péssimas condições, quando chove não pode haver apresentações. O lazer em Campo Grande se resume aos shoppings e bares, limitando shows e espetáculos de teatro devido aos ínfimos espaços para tais. Um bairro maior que muitas cidades e com riqueza de comércio, com Calçadão e três shoppings centers, deveria realizar mais investimentos na Cultura e no Lazer exatamente nesses locais de maior fluxo de pedestres.”

Mobilidade foi um problema citado por todos – e não tem como não ser, já que o Estado está parado, não conseguindo avançar sequer uma estação de metrô em direção à Zona Oeste; E o pior: sem qualquer previsão, o que faz com que outras vias sejam sobrecarregadas, como trem, ônibus e BRT.

Já o Leno Muguet, contador, pôs em foco a educação. “Não é raro mães e pais de autistas apresentarem relatos de que não têm onde seus filhos estudarem. Além disso, a educação de nível médio deixa muito a desejar e, mesmo sendo um bairro com um importante parque industrial, não existem opções de qualificações técnicas que atendam às demandas de mão-de-obra local. Eu traria mais creches e investiria na formação de profissionais de educação para lidar com os desafios contemporâneos. Também investiria em tecnologia e ensino profissional para que os nossos jovens tenham novos horizontes de futuro.”

 A questão abordada por Renata Ribeiro, advogada, foi a pouca estrutura de escoamento e tratamento das águas de Campo Grande “Outro problema evidenciado pela chuva é que as galerias pluviais não escoam a água desta e as casas acabam sendo inundadas, e é quando muitas pessoas perdem conquistas que levaram quiçá uma vida inteira para alcançar. Bem, se eu fosse falar de todos os problemas do meu bairro, eu iria escrever páginas e páginas aqui. Mas a grande questão é que essas são coisas básicas do dia a dia e eu nem me aprofundei, existem ainda muitas outras coisas como: mais opções de escola, cursos profissionalizantes, lazer… Campo Grande é o maior dos bairros da zona oeste, mas muitos não conseguem enxergá-lo, talvez pela distância do Centro, mas porque não mudarmos isso a partir de agora? Por que ele não pode ser comparado a um bairro da zona sul e com suas facilidades (transporte público, asfalto, lazer…)? Enfim, esse é um grande desabafo de uma moradora que está há 30 anos vivendo esta história”.

Se o Rio Fosse Nosso é meio que dizer o óbvio, uma sensação que muitas vezes temos que todos enxergam os problemas, mas tantas outras parece ter ninguém para conseguir ouvir e trazer as soluções, faltam espaços de troca no Estado Rio que hoje, com as redes sociais, virou um grande portal de apoio ou crítica, mas não de debate e diálogo.

Para pensar um Rio de Janeiro para todos, precisamos que todos participem disso, nem que seja em uma coluna em um portal de notícia.

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1 COMENTÁRIO

  1. Na semana passada assisti a uma reportagem que falava do abandono do Centro Esportivo Miécimo da Silva. Campo Grande carece de um olhar diferenciado por ser um bairro de grande potencial financeiro e cultural.Ainda há escolas de excelência, tanto públicas quanto privadas e espaços onde se pode ter contato com a natureza.

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