Há alguns meses atrás o Brasil e, especialmente, o Rio de Janeiro, se viram envolvidos por um tufão de manifestações populares. Elas traziam demandas sócio-políticas múltiplas, sem hierarquia e sem pauta de reivindicações previamente definida.
Como não poderia deixar de ser, as reclamações tinham como alvo o poder público e, consequentemente, os governantes. A Presidente, os governadores e os prefeitos das capitais sofreram, imediatamente, um prejuízo em seus índices de popularidade, afinal, se algo estava errado, deveria ser culpa de alguém.
Acontece que, com o tempo, as manifestações foram sendo mais escassas, a quantidade de pessoas mobilizadas se reduziu e os ânimos ficaram menos acirrados. A sociedade deu o seu recado e, posteriormente, se acalmou, seja pelo crescimento da violência nos atos públicos ou por motivos diversos que não analisaremos aqui.
Sendo assim, a popularidade da maioria dos governantes passou a se recuperar gradualmente. Alguns continuam tendo melhora em seus índices, enquanto outros, como a Presidente Dilma, avançaram um pouco e depois estagnaram.
Contudo, o Rio de Janeiro vive um fenômeno distinto. Aqui, na efervescência da antiga capital federal, Sérgio Cabral e Eduardo Paes observam sua popularidade descendo ladeira abaixo. Eles continuam caindo no conceito dos cidadãos neste novo cenário pós-manifestações. Cabral tinha uma aprovação já baixa de 25% em julho e agora o índice é de 18%. Já Eduardo Paes, levemente melhor, tinha uma aprovação de 30% que hoje é de 26%.
Fica claro que a curva é descendente e que a perda de popularidade não foi meramente episódica. Resta aos que se interessam pelo assunto analisar os motivos.
Na opinião deste que vos escreve, o que ocorre é efeito de uma grande insatisfação com a dicotomia entre o Rio de Janeiro da mídia e da propaganda e o Rio de Janeiro do cotidiano. Enquanto a publicidade diz que tudo melhora, na verdade piora. E os grandes eventos, que seriam a panacéia da qualidade de vida, se mostram na realidade como agravantes dos problemas. Até mesmo os jornais estrangeiros já perceberam que há algo de podre no ar.
Não é à toa que o candidato Luiz Fernando Pezão, apoiado por Cabral e Paes, está mal estacionado nas pesquisas. Alguns dizem, inclusive, que poderia desistir de concorrer. São as desventuras de Sérgio Cabral e Eduardo Paes cobrando seu preço em forma de impopularidade crônica.