No dia 25 de maio, minha coluna no Diário do Rio comemorava a descoberta do paradeiro de 26 crianças no estado do Rio, que até então se encontravam desaparecidas, com a ajuda do Alerta Pri. A ferramenta completava, então, dois meses de existência, sendo o primeiro sistema de alerta de menores desaparecidos do Brasil, enviado por SMS.
Um mês depois, recebemos a triste notícia da interrupção do serviço pioneiro no país, após as empresas de telefonia questionarem o Governo do Estado e solicitarem uma compensação financeira pela atividade.
A realidade é que toda a sociedade fluminense perde com essa decisão. O Alerta Pri ajudou a encontrar mais de 40 crianças em apenas três meses de atividade. Afinal, qual o preço de salvar a vida de uma criança? Podemos medir a alegria da mãe da Ana Beatriz Novais Santos, da mãe da Bianca da Silva de Moraes ou da mãe do Mateus dos Santos Tavares ao reencontrarem seus filhos?
Como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Crianças Desaparecidas da Alerj, testemunhei a realidade social das famílias, sem assistência do Estado para continuar procurando seus entes queridos. O Alerta Pri, fruto do meu Projeto de Lei, revelou-se um instrumento eficiente para localizar crianças e adolescentes. Sem nenhum custo para o usuário, disparava SMS para milhões de celulares do estado, com link para a página da Delegacia de Descoberta de Paradeiros, onde constam fotos e dados de cada criança.
É inadmissível que, na era das mídias sociais — e no terceiro país onde a população fica mais tempo online no mundo — não contemos com um sistema de alerta quando uma criança some e está correndo risco de morte. Centenas de países contam com uma versão do Alerta Amber, que começou nos Estados Unidos em 1996. O Rio de Janeiro, e o Brasil, não podem ficar para trás.
Apoiemos os esforços da Polícia Civil do Rio, que trabalha pela prorrogação do convênio entre a DDPA e as empresas de telefonia com o objetivo de viabilizar a continuidade do Alerta Pri — uma árdua conquista das famílias fluminenses após anos de luta e sofrimento. Afinal, salvar a vida de uma criança é nossa meta maior.