Dani Monteiro: Precisamos falar de amor e cultura

'Mas falo aqui sobre o amor, esse que me encheu a semana de contentamento. Não é todo dia que a gente consegue botar numa mesa, ao mesmo tempo, queridos com razão por serem queridos como Babu Santana, Lázaro Ramos, Henrique Vieira, Xandy MC, Doralyce, Valéria Monã. Eu tive essa honra'

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O Diário Oficial nos trouxe nesta hoje a boa notícia de que as rodas culturais de Hip-Hop e as batalhas de rima agora são parte do patrimônio cultural de natureza imaterial do estado do Rio. A lei, finalmente, decorrente de um projeto carregado de amor. Sim, amor e cultura andam juntos, e eu explico.

Quando apresentei o projeto de lei sobre as rodas culturais de Hip-Hop, esse fenômeno que se alastra pelas periferias e enche de esperança e vontade a nossa juventude preta, especialmente, era sobre o amor que eu legislava. Amor às rodas culturais, mas, fundamentalmente, pelas pessoas que fazem essas manifestações acontecerem, mesmo aos trancos e barrancos e perseguições. Amor pela fé que essa juventude tem em si e na arte que salva incontáveis jovens de um destino que ninguém quer.

A notícia de que a nossa luta pelo Hip-Hop e as batalhas de rima têm seu devido lugar assegurado na cultura fluminense veio para fechar uma semana em que o amor se mostrou mais forte do que todas as tragédias que nos abatem diariamente. Pois é, se você que está lendo esta coluna não é preto nem pobre, ainda assim você sabe sobre o que eu estou falando, porque o Rio não está nem pra peixe. E todos nós, guardadas as devidas proporções, somos vítimas dessa política de morte em que nos meteram.

Mas falo aqui sobre o amor, esse que me encheu a semana de contentamento. Não é todo dia que a gente consegue botar numa mesa, ao mesmo tempo, queridos com razão por serem queridos como Babu Santana, Lázaro Ramos, Henrique Vieira, Xandy MC, Doralyce, Valéria Monã. Eu tive essa honra. Numa mesma noite, tive a oportunidade de abraçar cada um, mas pude, essencialmente, ouvir o que esses pretos pensam sobre as desigualdades que maltratam e condenam tantos de nós a uma vida sem vez e sem liberdade, esse bem inegociável.

“A gente precisa se amar muito, ser afetuoso uns com os outros, vamos espalhar esse amor”, ouvi de Lázaro Ramos, avisando que não estamos sós.”O amor é a nossa melhor arma”, completou o Babu Santana. “Cultura é espaço de formação, do que se faz nas favelas depende o destino de muitas crianças e jovens, vamos salvar essa gente”, convidou Xandy MC. Doralyce deu seu recado curto e afetuoso ao pregar o amor como discurso revolucionário. E eis que o Pastor Henrique Vieira levantou sua voz para desautorizar todos que são contra nós e contra a vida e instigar que partamos para cima deles porque o amor, ah, o amor, gente. Que noite, essa que vivemos em plena Lapa, numa terça-feira despretensiosa.

Pois vamos para cima. Vamos conversar sobre projetos de alto impacto social e baixo custo orçamentário. Vamos tratar a cultura como prioridade, o que pode prevenir a violência e dar sustento a famílias inteiras. Não esqueçamos que só existe uma batalha de rima porque existe a coletividade que a impulsiona. Lembremos que felicidade e diversão também são direitos nossos. Vamos improvisar novas maneiras de viver o amor em tudo que ele pode nos trazer de bom.

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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