Nossas últimas semanas foram maravilhosas. O sonho dentro do sonho! Estávamos vivendo no Fim do Mundo! Chegamos e desbravamos o Ushuaia com calma e tranquilidade. Tivemos experiências e emoções únicas que jamais iremos nos esquecer. Se você perdeu nossa exploração ou pretende planejar uma viagem para o Ushuaia, leia nossas últimas colunas que não irá se arrepender.
Nos apaixonamos tanto pelo nosso novo estilo de vida que nos reorganizamos para seguir adiante e alcançar uma meta ainda maior: vamos para a Colômbia! E você, claro, vai com a gente nessa jornada! Do Rio de Janeiro para o mundo! Ou, ao menos, para toda a América do Sul! (risos)
Era chegada a hora de nos despedirmos do Fim do Mundo, precisávamos seguir em frente, por mais difícil que fosse. Bem ou mal criamos algumas raízes e um carinho especial pela cidade. Porém, queríamos aproveitar ao máximo o sul da Argentina antes do inverno rigoroso.
Na saída do Ushuaia paramos em um pequeno vilarejo de pescadores: Puerto Almanza (73km). Com menos de 200 habitantes, a vista de Puerto Williams no Chile (vila escolhida pelos chilenos como verdadeiro Fim do Mundo) e indicada pelos nativos fueguinos para comermos um bom pescado ou Centolla por bons preços. Todavia, os preços não eram convidativos. Como já estávamos lá, escolhemos um restaurante e desfrutamos da vista: a Dani tomou uma taça de vinho branco com um salmão e o Livio escolheu peixe branco (ARS$5.000 – R$125,00). Os dois acertaram, os pratos estavam lindos e uma delícia. Caminhamos pela orla por uns minutos e partimos rumo a Rio Grande (208km), onde dormimos no YPF que ficamos em nossa estadia por lá. (fotos 1 e 2)
Acordamos bem cedo porque queríamos completar nosso estoque de chocolates na loja Limp-Hogar para os dias de estrada que teríamos pela frente. Dali completamos o tanque de combustível, de água, calibramos os pneus (havíamos deixado baixar um pouco por conta do ripio – ajuda a trepidar um pouco menos) e partimos em direção às fronteiras torcendo para termos a mesma sorte da ida para a Tierra del Fuego.
A primeira, saída da Argentina, estava vazia, somente um carro e seríamos os próximos. Entretanto, fomos informados que estávamos no laço para cruzar a chilena, que fecharia 13h. Saímos sem perder tempo e chegamos faltando menos de 5 minutos. Uma senhora entrou pouco depois e pediram para ela se retirar, pois ficaria fechada entre 13h e 14h para sanitização. A sorte estava sorrindo mais uma vez, fomos rapidamente liberados.
Próximo passo agora era alcançar a balsa. Acredite se quiser, chegamos mais uma vez na hora e com espaço para nossa casa. A balsa saiu menos de cinco minutos depois. Aproveitamos o translado para almoçar. Porém, talvez por conta da ventania que estava, balançamos muito, o que complicou um pouquinho para fazer a comida e a refeição. Tudo cronometrado, conseguimos comer, lavar e guardar a louça antes de sair. Lembrando que balsa custou ARS$ 5.100,00 – R$ 130,76.
Saímos do Chile e reentramos na Argentina sem muita fila ou qualquer problema, apenas burocracia. Chegaríamos em Rio Gallegos (374km) no final da tarde com tempo para sondar informações sobre a estrada para nosso próximo destino.
Despertamos cedo animados com uma nova etapa que estava prestes a iniciar: percorreríamos a Mística Ruta Nacional 40! A maior estrada da Argentina cruza o país do Sul até o Norte, passa por três regiões e onze províncias (estados) em um total de 5.200km, uma das maiores rodovias do mundo.
Caímos na estrada e pegamos muito, muito vento. Provavelmente o dia com mais vento em todo nosso percurso, sentimos por diversas vezes o assistente de vento lateral funcionando, auxiliando a aderência e estabilidade. Uma parada rápida para almoçarmos em casa uma massa com molho vermelho e, no final do dia, chegávamos em El Calafate (305km). Embora cansados, não resistimos e demos uma volta de carro pela rua principal do centro. Simplesmente uma graça! Um monte de lojinhas para turistas, restaurantes, cafés, tudo super aconchegante.
Retornamos para o YPF da entrada da cidade que tinha uma estrutura gigantesca, com banheiro, duchas, estacionamento amplo, pontos de energia e água para motorhomes.
Nosso cronograma havia dado certo e chegamos na data pretendida no destino escolhido. Porém, não dormimos bem, estávamos tensos e ansiosos. O momento mais complexo de toda nossa experiência: o pai do Livio passaria por uma cirurgia e por muitas vezes quase retornamos ao Brasil. Sentimento complexo de expressar em palavras. Graças à Deus tudo correu mais do que perfeito.
Estávamos muito aliviados e felizes, fomos para cidade passear e verificar os passeios disponíveis que poderíamos fazer nos próximos dias. Os preços saltaram aos olhos logo de cara, todos eram caros e não havia praticamente nada para fazermos por conta própria. Ficamos mal-acostumados no Ushuaia.
Perplexos com o fato de a maioria das agências apontarem que o passeio no famoso Glaciar Perito Moreno somente teria vagas para 15 dias depois, fomos na agência principal desse passeio: Hielo e Aventura. Aliás, essa informação é interessante, as agências vendem a maioria dos passeios e com pouca ou nenhuma diferença de preço, porém a execução de cada passeio se dá por uma Empresa exclusiva.
Era, definitivamente, o nosso dia de ótimas notícias, havia um cancelamento de duas pessoas para o dia seguinte no Mini-Trekking, exatamente o que estávamos imaginando fazer. Melhor, o dia seguinte era o melhor da previsão do tempo para toda a semana, estaria perfeito para fazer o passeio. Não tínhamos como perder essa oportunidade. Pagamos o total de ARS$ 45.000,00 – R$ 1.125,00, sendo que a entrada do Parque Nacional Los Glaciares ainda seria a parte.
Caminhamos pela pitoresca cidade visitando as lojinhas com calma para relaxar um pouco a cabeça e voltamos para organizarmos as coisas casa, o dia seguinte seria longo e nessa noite precisávamos dormir.
Madrugamos como nunca tínhamos feito até então no motorhome. Acordamos e ainda era noite, estava tudo escuro e muito frio. Nessas horas a maior facilidade da Dani em acordar e o seu empenho nos ajuda muito, porque o Livio é péssimo nessa arte, independentemente da hora.
Dessa vez não trocamos de roupa nem tomamos café, apenas vestimos alguns casacos por cima dos pijamas e partimos para estrada, onde veríamos o sol nascer. Tínhamos 50 km até a entrada do parque para percorrer.
O cronograma deu certo, chegamos com o parque abrindo. Agora despertos, foi o tempo de trocarmos de roupa e prepararmos o café da manhã. Vantagens de quem caminha com a casa nas costas.
A entrada do Parque Nacional Los Glaciares foi ARS$ 2.520,00 – R$ 63,00 por pessoa. Esse preço é cobrado para estrangeiros, os nacionais possuem faixas diferentes de desconto. Achamos bem caro, especialmente porque não é permitido pernoitar, todos os passeios que passam pelo parque exigem o ingresso e somente as passarelas do Glaciar Perito Moreno são autoguiadas, não há nenhuma trilha ou qualquer coisa do gênero.
Entramos no parque e depois de aproximadamente 28km, passamos em frente ao porto de onde sairia nosso passeio e, uns 2km depois, chegávamos no estacionamento geral. Aqui descobrimos que os ônibus que conduzem para as passarelas somente iniciam 10h, o que nos levou a fazer a passarela costeira no caminho de ida e apenas retornar com o transporte “gratuito” do parque.
Contemplar a beleza do Lago Argentino com seu azul Tiffani em um dia lindo de sol, céu azul e ir descobrindo as faces do Glaciar Perito Moreno é algo indescritível. Primeiro porque a beleza é estonteante. Segundo porque ele é um colosso de altura, sua fachada tem diversas partes com mais de 70m de altura. E terceiro porque é possível avistar a maior parte da sua extensão, maior do que Buenos Aires. Se não bastasse, seus sonoros desabamentos são um show à parte, embora a maioria seja interno e não conseguimos ver. (foto 3)
Paramos em todos os balcões que tinham nas quatro passarelas com o privilégio do nosso esforço ter nos rendido elas praticamente vazias. É muito fácil se perder no tempo e passar o dia inteiro por ali curtindo e tirando fotos. (fotos 4 e 5)
Porém, estávamos bem de olho em nossos relógios, ainda tínhamos que comer e nos dirigir para o porto. Chegava a hora do Mini-Trekking. Estávamos muito empolgados porque já tínhamos visto o gigante e agora estávamos indo em sua direção.
Pegamos o barco juntamente com mais 60 pessoas. Durante o percurso, enquanto admirávamos por um novo ângulo o glaciar, a equipe de navegação trazia mais algumas informações sobre ele. Desembarcamos na praia que fica próximo a sua face sul, fomos divididos em grupos de 20, recebemos luvas e iniciamos uma caminhada de quase 30min, durante a qual nos contaram mais inúmeras informações sobre o glaciar. (foto 6)
Chegamos em sua base, onde nos colocaram os “grampones” nos pés e “cascos” de segurança para o percurso sobre o gelo que iria iniciar. Se a sensação de ver o glaciar da passarela era algo incrível, não temos o que dizer sobre a de caminhar sobre ele e as paisagens que foram surgindo. O mix de emoções foi fantástico, sem contar que era a primeira vez da Dani no gelo e sobre um glaciar. Estávamos muito, muito felizes com essa experiência. Tiramos inúmeras fotos, filmamos, brincamos, conversamos, bebemos água do glaciar e no final ainda fizemos um brinde com whisky e gelo glaciar. Se existe uma experiência em El Calafate que não pode ser perdida, definitivamente é essa! (fotos 7, 8, 9 e 10)
O passeio de quatro horas passou em um piscar de olhos, quando vimos já estávamos desembarcando novamente no estacionamento do porto para buscar nossa casa.
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