A Cidade do Rio de Janeiro retoma hoje seu cotidiano normal após os dias de folia. Normalmente, neste período entre a quarta-feira de cinzas e o sábado das campeãs, a conversa nas ruas trata da escolha da melhor agremiação que passou na Sapucaí ou das atribuições pessoais que, como sempre, foram deixadas para depois do carnaval.
Acontece que esse ano é diferente. O papo nas ruas do Rio gira em torno da greve dos garis, até porque os espaços públicos estão tomados pelo lixo e a previsão de chuva para os próximos dias agrava ainda mais o cenário, com possibilidade de entupimento de bueiros, espalhamento de resíduos contaminados, etc.
Mas, afinal, por que o Rio está assim? Sem dúvida a culpa não é dos garis, que simplesmente batalham por um salário mais digno e condizente com o trabalho duro e insalubre que realizam. A culpa também não é dos foliões, já que uma cidade como a nossa produz muito lixo o ano todo.
No fim das contas podemos concluir que a culpa é da gestão pública mal feita, mais especificamente da Prefeitura, que está condenando o carioca a passar seus dias engarrafado, sem informações e com lixo por todos os lados. É difícil acreditar que supostas melhorias trazidas pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas ou projetos mirabolantes e megalomaníacos serão solução para esses problemas, embora não tenhamos dúvida de que o dinheiro público estará sendo gasto como nunca.
E não venham dizer os governistas que a greve dos garis tem motivações políticas. O Deputado Marcelo Freixo não controla o sindicato da categoria e o Vereador e ex-Prefeito Cesar Maia apenas cumpre sua função ao defender que a valorização da Comlurb, que foi realizada em sua gestão segundo os próprios funcionários, seja retomada.
A verdade é que o Prefeito Eduardo Paes não está se contentando em colocar o Rio de Janeiro envolto no caos. Quer também jogá-lo no lixo, enfraquecendo a antes exemplar Comlurb, tratando os garis com arrogância, subestimando a mobilização da greve, ameaçando demitir os que reivindicam legitimamente e, por fim, cometendo o absurdo de colocar a polícia para monitorar o serviço daqueles que deveria homenagear ao invés de prejudicar.