A cidade do Rio de Janeiro está desde sábado coberta de lixo, literalmente. Um grupo de garis está desde o começo do carnaval incitando a categoria à greve. Antes de tudo, vou dizer a mesma coisa que disse quando os professores fizeram greve. Sou a favor de condições de trabalho dignas, e salários decentes, para todas as categorias de trabalhadores.
Isso não quer dizer que qualquer reinvindicação dos garis, assim como foi dos professores, é razoável ou, mesmo que seja, que possa ser atendida em curto período de tempo. A prefeitura é responsável por centenas de centenas de serviços e atividades, todas elas empregando pessoas, e certamente uma grande parte que, num mundo ideal, teria um salário mais elevado.
Será que elevar em 37% o salário dos Garis (como pedem) é factível sem que outras categorias tivessem que ser beneficiadas também por isso? Ao gestor público cabe também garantir que haja capacidade de honrar os seus compromissos. Aumentar os salários significa garantir que os mesmos possam ser pagos. Será que a Prefeitura pode aumentar o salário de todos os seus funcionários em 40% sem incorrer em problemas financeiros no futuro? Ou sem aumentar impostos?
A prefeitura reagiu a greve e apresentou ao Sindicato (que não é quem está incitando à greve) um aumento de 9%, além de elevar o vale-alimentação de 12 para 16 reais (os grevistas pedem 20), bonificação anual de acordo com os resultados e atender o pedido de pagamento de 100% de hora extra para domingos e feriados, que até então era convertido em folgas futuras (outro pedido dos grevistas).
Ou seja. A maioria dos pedidos aparentemente estão sendo atendidos pela prefeitura. E aqueles rejeitados receberam contraproposta. 9% no salário (acima da inflação e do aumento do salário mínimo, vale mencionar) e 33% no Vale-alimentação.
Junte a isso o fato que aparentemente as lideranças do movimento grevista tem ligações bastante próximas (e até mesmo integram os quadros) de alguns partidos de oposição que estão na corrida pelo governo estadual e fica quase impossível acreditar que não há motivos politico-eleitorais atrelados ao movimento.
Mas, não vou tentar fazer a cabeça dos leitores. Cabe a eles julgar quais interesses estão por trás dessa greve. E, do jeito que a banda toca, é bom se preparar que sinto que quanto mais chegarmos perto da copa, mais categorias vão usar o evento para pressionar o governo. E mais os partidos oportunistas vão usar as greves e fazer de tudo para que elas não acabem ou levem a conflitos violentos.