Papo de Talarico: Rock in Rio, Kuririn e o homem-lama

A edição de 2001 foi a volta desse grande evento com perrengues e cantorias

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Crônicas do Rock in Rio por Alvaro Tallarico
Imagem no Rock in Rio 2010 (arquivo pessoal)

Tenho algumas histórias com o Rock in Rio, as quais começam na primeira vez que fui, em 2001. Era apenas um adolescente e parti nessa missão junto com um amigo, cujo apelido era Kuririn, pois parecia com o personagem do anime Dragon Ball. Era baixinho, cabelo raspado, e forte. Fomos de ônibus, dois, e era bem longe da nossa zona norte.

Ao chegarmos a grama era terra batida. Engraçado (trágico?) era que quando a galera começava a pular formavam-se nuvens e neblinas de poeira. Ainda tinha uma espécie de umidificador, uma área onde a pessoa entrava para se refrescar da secura. Depois de pular e ir ali, dava um alento, mas que durava pouco. Quando saíamos, ficávamos um nojo. Ao menos, eu fiquei. Sem camisa, com um suor que escorria negro. Virei tipo um homem-lama, ou o Cara-de-Barro, inimigo do Batman. A imagem de meu amigo rindo ao me ver não saiu da minha mente. Bendito Kuririn.

O dia que escolhi para ir tinha o Red Hot Chili Peppers como show principal, precedido pelo Silverchair, que não me animava. A atração anterior foi o grupo cearense O Surto, conhecido por uma música que explodiu na época, chamada “A Cera”, cujo refrão era “um rosto lindo e um sorriso encantador / e um jeitinho de falar que me pirou / que me pirou o cabeção”. Cantaram essa canção duas vezes acompanhados por um público feliz, incluindo eu. Além disso, fizeram uma versão bem boba de “Californication”, do Red Hot, chamada “Triste mas eu não me queixo”, a qual também mexeu com os espectadores. Ri bastante.

Red Hot Chilli Peppers

Entretanto, a banda californiana fez um show bastante morno, porém, pessoalmente, me diverti muito. Foi a primeira vez em um grande evento como aquele e assistia aquele grupo que via diariamente na MTV. Ironicamente, no ano de 2019, pela insitência de um primo, fui novamente ao Rock in Rio para ver o Red Hot. E foi decepcionante. Começaram bem com “Can’t Stop” e “The Zephyr Song”, levantando a galera, mas, em seguida, cantaram um monte de músicas pouco conhecidas. Também não pareciam muito animados no palco. Triste.

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Voltando para 2001, o retorno para casa foi um perrengue. Amanhecia e onde estávamos não tinha mais ônibus. Saímos por uma rua vazia que parecia infinita, sujos e cansados. Imagino que de alguma forma chegamos na Alvorada e pegamos um transporte para a zona norte. Chegando no meu bairro, dormindo em pé, abri os olhos e achei que fosse meu ponto. Não era. Meu amigo ainda tentou avisar, mas estava tão sonolento quanto eu. Na calçada, percebi que estava no local errado, e segui numa nova caminhada arrastada, como um maltrapilho derrotado. Totalmente destruído, finalmente cheguei em casa. Creio que tive forças ainda para tomar banho e desabei na cama.

Afinal, o saldo foi positivo, coisas que fazemos na adolescência. Posteriormente, ainda voltaria ao Rock in Rio outras vezes, e até começaria um namoro em um. Mas essa história fica para outro dia…

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