O mercado imobiliário de locação na capital fluminense registrou, pela primeira vez desde 2020, uma alta no terceiro trimestre, o que reforça uma o que se apresenta como uma retomada definitiva do mercado após as oscilações do período da pandemia e sua recuperação. Os dados são do Índice QuintoAndar de Aluguel, divulgado hoje pela imobiliária digital. Em comparação com o segundo trimestre, o preço dos aluguéis subiu 3,3% em julho, agosto e setembro – representando uma alta de 17,4% em relação ao mesmo período em 2021.
Até então, segundo o indicador, o desempenho no terceiro trimestre de todos os anos era marcado por quedas no preço dos imóveis. Em 2020, ano em que a pandemia de Covid-19 impactou mais a economia, a queda registrada foi de 3,7% em comparação ao segundo trimestre daquele ano. Em 2021, quando o mercado já começava a esboçar recuperação, houve uma certa estabilização dos preços, com ligeira queda de 0,8% em comparação com abril, maio e junho daquele ano.
Os números reforçam o cenário de aquecimento do mercado imobiliário na capital. Em 12 meses, o valor médio do metro quadrado subiu 17,8%. Somente neste ano, o preço médio dos novos aluguéis subiu 13%.
Em setembro, o preço médio atingiu R$ 34,94, no 13º mês consecutivo de alta. É o maior valor do metro quadrado da série histórica do indicador, iniciada em 2019. Também é o período mais longo de altas consecutivas do indicador.
Segundo Thiago Reis, gerente de dados do QuintoAndar, há um aumento de preços disseminado em toda a cidade, especialmente nas regiões com acesso fácil ao transporte público e próximas de onde há mais ofertas de emprego.
Em setembro, em comparação com agosto, houve valorização dos apartamentos de um (2,11%) e dois quartos (0,53%). Já os imóveis de três dormitórios registraram estagnação, com ligeira queda de 0,8% no último mês.
“Os números indicam um crescimento constante. Bairros como Copacabana e Lagoa registraram neste mês recordes no valor do aluguel”, destaca Thiago Reis, gerente de dados do QuintoAndar.
Espaço para negociação
Apesar do aumento dos preços no momento de assinar o contrato, os consumidores ainda têm encontrado espaço para negociação. Dados do Índice QuintoAndar mostram que a diferença entre o preço do anúncio e do contrato cresceu, atingindo diferença de 9,40%, que seria a média do desconto obtido com a negociação contratual na cidade.
“Isso significa que os preços dos anúncios seguem subindo, diante da expectativa positiva do mercado, mas que o valor efetivamente pago não tem registrado um movimento da mesma magnitude. Ou seja, ainda há espaço para barganhar e conseguir o melhor preço”, reforça Thiago.
Para Wilton Alves, da administradora Sergio Castro Imóveis, a negociação é a chave para um bom negócio para ambos os lados. O profissional explica que no Rio, muitos apartamentos que estão para locação não estão em perfeito estado. “Muitos proprietários são herdeiros, idosos ou pessoas que nos últimos anos não tiveram como atualizar seus imóveis. Muitos têm cozinhas e banheiros principalmente dos anos 70 e 80, que não se adaptam às necessidades dos dias de hoje. Os inquilinos que escolherem estes imóveis conseguem descontos maiores em troca de realizar estas mudanças, o que podem fazer aos poucos ou de uma vez, conseguindo muito mais desconto do que os 9,4% médios que a pesquisa menciona“. Wilton explica que a empresa está investindo quase 500 mil reais na abertura de sua nova filial em Copacabana, um dos bairros onde ainda há muitos imóveis precisando de modernização, assim como Flamengo, Laranjeiras e Centro.
Comprometimento de renda
O estudo inédito “O mercado residencial na América Latina”, aponta que os moradores do Rio de Janeiro gastam 27% da renda familiar com o aluguel. O valor está bem próximo dos 30%, considerado o limite recomendado por especialistas. Wilton diz que na análise de fichas de pretendentes, a Sergio Castro às vezes autoriza o comprometimento de 35% a 40%, o que sabe ser mais arrojado, mas que analisando este fator em conjunto com outros fatores, acaba sendo seguro para seus clientes. “A Zona Sul do Rio é cara, e embora o inquilino seja um só, por vezes a família tem uma renda conjunta”, finaliza.
Segundo Thiago Reis, uma forma de economizar é começar o processo de busca de imóveis com antecedência. Um estudo recente feito com dados de negociações concretizadas revela que o desconto médio em imóveis alugados após quatro semanas é 30% maior que aquele concedido para imóveis similares alugados nas primeiras duas semanas, e 75% maior que o desconto das unidades com contrato fechado em menos de sete dias.
Bairros mais valorizados no trimestre
- Jardim Oceânico – 23,6%
- Lagoa – 15,3%
- Laranjeiras – 7,9%
- Flamengo – 7,3%
- Maracanã – 6,7%
- Taquara – 6,0%
- Pechincha – 5,7%
- Vila Isabel – 5,1%
- Grajaú – 3,4%
- Copacabana – 3,3%