A praia da Ribeira, localizada na bucólica ilha de Paquetá, zona norte do Rio de Janeiro, apresenta boa balneabilidade, pela primeira vez desde 2016. A praia, que é banhada pela Baía de Guanabara, foi avaliada como própria para banho, entre abril e outubro deste ano. Condição que destoa dos 25 pontos de coleta que foram avaliados pelo e Instituto Estadual do Ambiente (Inea), com baixa balneabilidade.
Outra raridade dentro do ambiente de sujeira e agressões ao meio ambiente da região é a praia da Guanabara, na Ilha do Governador, que apresentou um resultado regular – própria para banho em até 75% das medições -, desde 2018, isso não acontecia na região. Durante o período pandêmico até os três primeiros meses de 2022, a região ficou sem monitoramento.
A qualidade da água melhorou depois que a empresa Águas do Rio assumiu, no final de 2021, os serviços de saneamento de 27 municípios fluminenses, depois da venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Desde então a concessionária vem seguindo as determinações do novo marco regulatório do setor. Uma das metas da empresa é despoluir a Baía de Guanabara em cinco anos.
A concessionária atribuiu a mudança do padrão de balneabilidade da praia da Ribeira à interrupção do derramamento ilegal do equivalente a seis piscinas olímpicas de esgoto no mar mensalmente. A Águas do Rio destacou as melhorias na estação de tratamento e nas quatro estações elevatórias de Paquetá, bem como as reformas e a automação do sistema na Ilha do Governador.
Em entrevista à Folha de São Paulo, que tem acompanhado as condições de balneabilidade do litoral brasileiro, o biólogo Mário Moscatelli afirmou que a geografia de Paquetá ajudou no processo. A ilha está localizada em um canal central profundo da baía, favorecendo a troca de água com mar, diluindo a sujeira.
“Tem momentos em que, por condições ambientais atípicas, ocorre uma troca violenta com a região oceânica”, disse Moscatelli ao jornal. O biólogo, que há 20 anos sobrevoa a região na maré baixa para o seu projeto Olho Verde, ficou surpreso ao verificar, em junho e novembro deste ano, que as águas do mar de Botafogo, que geralmente tem péssimas condições, estavam cristalinas. Segundo ele, isso foi “quase um evento histórico”. Além disso, a praia teria ficado própria para banho em duas medições seguidas em julho, fato raro nos últimos 15 anos de monitoramento.
A melhora nas condições da praia de Botafogo foi atribuída à ausência de chuvas na época e à limpeza do interceptor oceânico, obra voltada para a captação do esgoto de grande parte da zona sul. Além disso, na época, foram retiradas 600 toneladas de lixo, incluindo um vaso sanitário e dois patinetes. Assim, o sistema pôde captar mais resíduos, que foram enviados ao emissário submarino de Ipanema, que canaliza todo esse dejeto para alto mar.
Para resolver o problema uma das ações planejadas pela Águas do Rio é a construção emergencial de um cinturão de coletores de esgoto ao redor da baía de Guanabara, assim como foi feito nas baías de Tóquio e Sidney. As obras, que devem durar 5 anos, estão orçadas em R$ 2,7 bilhões. De forma mais imediata, a concessionária planeja construir sistemas de esgotamento sanitários nas oito cidades limítrofes com a Baía até 2033, prazo definido no contrato para a universalização dos serviços. Tudo ao custo de mais R$ 10 bilhões.
Apesar de qualidade das águas do litoral do Rio apresentarem qualidade abaixo de regiões semelhantes, em 2022 foi verificada uma melhora, segundo a qual 14% dos pontos de coleta foram considerados bons. Entre 2016 e 2019, o índice era de apenas 8%. As mediações também verificaram um recuo na soma dos trechos ruins e péssimos da cidade, impróprios para banho em mais de 25%, também houve um recuo de 61% para 58% na mesma comparação.
De acordo com os levantamentos, alguns trechos das praias da zona sul contribuíram para a melhora. Entre eles estão São Conrado, próximo à Rocinha, que apresentou avaliação regular após seis anos como péssima ou ruim; a praia do Diabo, ao lado da pedra do Arpoador, e o segmento de Copacabana perto do Leme, que passaram de regular, em 2021, para boa neste ano.
Não é possível, no entanto, verificar a qualidade das águas de outros pontos do Estado, como Angra dos Reis e Paraty. Segundo o Inea, tais regiões estão há três anos sem saber como está a qualidade do seu mar. Situação, que o órgão, pretende reverter gradualmente.
Para Mário Moscatelli, as autoridades estaduais estão cometendo os mesmos erros da região de Angra dos Reis nas baías de Guanabara e Ilha Grande, com a presença áreas de baixa renda e densamente habitadas, com tratamento de esgoto precário.
Para Moscatelli é possível esperar mudanças positivas no saneamento básico. Mas no que diz respeito às políticas públicas de habitação e ordenação do uso do solo – fatores de poluição dos corpos hídricos -, não há motivos para ser otimista. Moscatelli destacou que, apesar das melhoras da baía de Guanabara, ela continua um paciente em estado grave internado na UTI.
As informações são da Folha de São Paulo.
Pena que o tratamento aos clientes da baixada é diferenciado. Tratam pessimamente, e estão fazendo o que querem. Esburacado calçadas, quando temos que marcar alguma visita… Dezem: “E preciso que tenha alguém em casa”… Ok, qual o prazo…. “15 dias”. Então temos que aguardar 15 dias em casa? Por incrível que pareça, a resposta é essa: “Vc é quem precisa do serviço”.
Privatização da CEDAE: o maior programa ambiental do Brasil em décadas.
Quando alguém falar de amazônia… responda com a limpeza do RJ. Muito mais palpável o resultado. Tem gente que olha só o que interessa e não o que dá resultado.