Não é uma disputa justa. Leonel Brizola foi um dos maiores políticos que o país já teve. Grande orador, Brizola era capaz de insuflar as massas. Seu nome está marcado na história político-social brasileira. Castro, por sua vez, tem dificuldades para se expressar e um jeito acanhado frente a população. Porém, na sua relação com o legislativo fluminense, a ALERJ, vê-se o marco de algo que Brizola não tinha: construção de consensos que, no final, prevalecem os interesses do próprio Governador.
Em 1991 Brizola acabava de assumir seu segundo mandato como Governador do Rio de Janeiro. Depois de uma vitória expressiva com mais de 60% dos votos, Brizola assumiu o Palácio Guanabara com força e prestígio popular. Contudo, essa força não apareceu nas eleições para a Presidência da ALERJ em 1991. Seu partido PDT, por conta de disputas entre grupos políticos internos, lançou dois candidatos à Presidência da ALERJ: José Nader e Carlos Correia.
Carlos Correia contava com o apoio do Governador recém-eleito e das lideranças da bancada do PDT, como Luiz Henrique Lima, enquanto José Nader era visto como dissidente dentro de seu próprio partido e teve seu nome vetado por Brizola. Apesar do veto, Nader manteve sua candidatura e recebeu 38 votos, enquanto Carlos Correia recebeu 31. Sua vitória representou um racha no PDT e uma grande derrota para o governo recém-eleito. Cláudio Castro sabe dessa história e resolveu desarmar uma bomba na ALERJ antes dela explodir.
A eleição que ocorrerá na ALERJ em 2023 caminha para uma vitória do governo. Rodrigo Bacellar (PL) desponta como favorito. Porém, esse favoritismo não foi construído por sorte. Outros nomes do PL também queriam a cadeira da Presidência e organizavam uma revolta contra o nome do palácio. Jair Bittencourt (PL) e Doutor Serginho (PL) foram dois nomes ventilados. Cláudio Castro rapidamente agiu e fez o que Brizola não fez: o loteamento político. Castro acomodou Jair Bittencourt (PL) na Secretaria de Agricultura e Dr. Serginho (PL) na Secretaria de Ciência e Tecnologia. Com isso, Castro deu uma demonstração de que a candidatura do Bacellar é mais do que prioritária para seu projeto político: trata-se de um desejo pessoal do Palácio Guanabara.
Castro faz política com a divisão de poder – por meio do loteamento político -, não com estímulo ao confronto. Brizola, apesar de ser um grande político, tinha um perfil mais combativo – naturalmente, por conta de uma época política em que a combatividade era necessária para viver – e mostrava dificuldades de construir consensos no período pós-1988 – tanto que sua segunda passagem no governo estadual e suas frustradas candidaturas majoritárias a nível nacional o levaram ao ostracismo político. Cláudio Castro dá demonstrações que uma máquina forte – fruto do leilão da CEDAE – possui capacidade de influenciar as eleições na ALERJ e quiçá retirar o caráter de autonomia da casa.
A candidatura de Márcio Canella (UNIÃO) pode até se colocar como uma alternativa a de Rodrigo Bacellar (PL). Porém, a verdade é que essa candidatura tem muito mais cheiro de um empecilho do União Brasil por um espaço mais atraente no Governo Estadual do que um desejo pela autonomia da ALERJ. Como Cláudio joga esse jogo, o União Brasil tenta um espaço mais atraente. Castro já busca uma forma de atender o partido com um espaço em seu governo, preservando seu interesse de controlar pastas chaves. Cláudio Castro mostra a cada dia que o loteamento político é uma forma de sobrevivência no Rio de Janeiro. À medida que o tempo passa, Castro se torna mais consciente dos recursos políticos que a máquina estadual oferece para construir consensos e fazer prevalecer seus interesses. A resolução do imbróglio da ALERJ com o PL mostra isso. Brizola não vendeu uma CEDAE e teve recursos abundantes, é verdade, mas as eleições para a ALERJ de 1991 mostram como seu estilo mobilizador tinha problemas, enquanto o loteamento político de Cláudio Castro – e que Lula faz no Governo Federal – garante a sobrevivência política.
Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.
Tu tá de zoeira ou de sacanagem comparar Grande Brizola com Claudinho Castro, vai se ferrar seu colunista de mérda !
Tenho mais de 60 anos e, pelo que vejo, vou morrer sem ver esse pais fazer o BÁSICO para sair da mediocridade: governar municípios, estados e o próprio país colocando pessoas COMPETENTES e ÍNTEGRAS em cargos de confiança ao invés de apadrinhados e amiguinhos incapazes completos, para dizer o mínimo. O resultado de não fazer o básico? É só ver como somos conhecidos: “o país dos jeitinhos”, que patina e nunca sai da lama.
Comparar com Brizola e dizer que este poderia aprender com o Castro é sinal de quem não entendeu o básico. Ver os erros de seus antecessores, e tentar não cometê-los é o básico em qualquer área, e a política não é diferente. Usar verbas da CEDAE pra isso, só mostra que a coisa é pior ainda, pois não foi com conversas, e sim toma lá, dá cá.
Sim, Sergio larápio Cabral fazia isso com maestria, sendo o modus operandi para a roubalheira!
Então basicamente o miliciano tem poder de comprar político com a venda (entrega) da CEDAE?
Essa é a diferença?
Nooooooossa! Que virtude!
O problema é que esse chaguismo tem levado a dezenas de políticos para cadeia além de prejudicar o Rio de Janeiro a construir uma agenda mais ampla de desenvolvimento, uma assembleia legislativa que esta presa sempre na pequena política. Tivemos uma exceção agora com o André Ceciliano que apesar das críticas foi muito importante na aprovação de projetos que realmente impactam a vida do cidadão, ele realmente tem demonstrado interesse em defender o RJ. Uma pena não ter sido eleito senador.
Do Bacellar não espero nada, sua reputação por aí não é muito boa.