O Rio de Janeiro acaba de ganhar um novo aliado que promete revolucionar o tratamento de esgoto no estado. O projeto, batizado de Retransformar, uma Unidade de Tratamento de Resíduos (UTR), utiliza uma tecnologia sustentável e inovadora que transforma o lodo resultante do tratamento de esgoto doméstico, em uma substância que pode ser tratada e reutilizada como gás biocombustível ou em um tipo de carvão vegetal, chamado biochar. O lançamento da inciativa foi realizado na última segunda-feira (16/01), em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos.
Os testes do projeto de tratamento de lodo acontecem por ‘pirólise lenta à tambor rotativo’, ou seja, é um processo de decomposição termoquímico da matéria, na ausência de oxigênio. O gás produzido é filtrado e enviado para queimadores e para geração de energia. Uma parcela do gás retorna para alimentar o processo, não consumindo nenhum outro tipo de energia. Com isso, não são produzidos gases poluentes ou tóxicos.
A inciativa é desenvolvida na unidade operacional da Prolagos, financiada pela Águas do Rio e Secretária Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com Agenersa, Universidade Federal Fluminense (UFF) e Prefeitura de Arraial do Cabo.
A unidade terá capacidade para tratar todo o lodo produzido na ETE, ou seja, cerca de 2 toneladas por dia e o projeto terá duração de 3 anos. O gás produzido é filtrado e enviado para queimadores e para geração de energia. Uma parcela do gás retorna para alimentar o processo e com isso, não são produzidos gases poluentes ou tóxicos.
No Brasil, existem muitas formas de tratamento e reaproveitamento do lodo, mas dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2017) indicam que menos de 5% do lodo sanitário é reaproveitado, a maioria é aplicado como compostagem, na incineração e outras formas de gaseificação.
“Os testes que serão realizados produzirão resultados inovadores no país. Iremos analisar quais são as melhores formas de reaproveitamento do lodo e quais terão melhor custo x benefício, impactando não só empresas voltadas para o saneamento, como também outras indústrias. Também iremos estudar formas de aumentar a capacidade da planta para atendermos estações de tratamento ainda maiores”, explica Rodolfo Cardoso, doutor em Engenharia de Produção, da Universidade Federal Fluminense, responsável pelo projeto.