As chuvas da última terça-feira, (07/02), afetaram diversos pontos, lojas, e até espaços culturais da cidade do Rio. O Museu do Samba, localizado aos pés do Morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, foi um museu que sofreu danos devido às fortes chuvas, e uma parte de seu teto acabou desabando. A queda aconteceu na área de reserva técnica da instituição, onde são guardados itens do acervo que não estão sendo exibidos ao público.
Nilcemar Nogueira, fundadora do museu, afirma que uma empresa licitada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) foi encarregada de realizar obras no telhado, mas abandonou o serviço antes da sua conclusão, o que teria influenciado no desabamento.
Nilcemar e funcionárias embalaram diversas fantasias em plásticos e impedindo a água, que chegava à altura do tornozelo, de escoar para o primeiro piso onde ficam as três exposições permanentes – “A História do Samba”, “Simplesmente Cartola” e “Dona Zica da Mangueira, do Rio e do Brasil”. Tudo isso foi feito às escuras, pois a chuva afetou as instalações elétricas do prédio, que se encontram sob risco de curto-circuito.
O Museu do Samba conta atualmente com cerca de 45 mil objetos e documentos, muitos deles doados pelos próprios sambistas ou suas famílias. Na coleção, há peças que pertenceram a personalidades como Cartola, Zé Keti, Nelson Sargento, Candeia, entre outros, e um acervo audiovisual com 170 depoimentos de figuras históricas do gênero musical.
“O museu do Samba é o único lugar nesse país em que há a preservação da memória da principal referência identitária do Brasil, o samba, que é reconhecido como patrimônio nacional. Nossa dor nesse momento precisa ser a dor dos governantes. Espero que a gente possa contar com o apoio público e da população”, disse Nilcemar.
O acervo bibliográfico e fotográfico do museu foi, em grande parte, atingido pela água e não se sabe quais as chances de recuperação.
O que diz o Iphan
Em nota, o Iphan lamenta os danos causados pela chuva e afirma que uma equipe técnica foi até o local para calcular o impacto. “A vistoria constatou a queda de parte do forro do imóvel, majoritariamente nas áreas da edificação que não receberam melhorias do Instituto. Ainda assim, o Iphan vai notificar e empresa contratada devido aos trechos afetados que receberam obras da autarquia. Não houve desabamento do telhado”.
O Iphan adiciona que o prédio no qual o museu funciona não é tombado pelo instituto, mas, por se tratar de um núcleo de referência para pesquisas e registro de memórias das matrizes tradicionais do samba do Rio de Janeiro, ele investe em serviços de reforma da cobertura e de recuperação do sistema de drenagem das águas da chuva.