O Theatro Municipal do Rio de Janeiro é o mais importante palco do país, onde passaram celebridades, músicos de todos os continentes, continua cada dia mais imponente, balés, concertos, recitais, óperas e de repente uma estrela surge para dar aquela casa, que passou por momentos tão conturbados, a tão desejada serenidade para desenvolver o melhor das artes e contar com seus corpos estáveis, que sempre estiveram entre os mais expressivos do Brasil. É a estrela do tenor Eric Herrero que veio brilhar como diretor artístico da casa. É de extrema importância para o Rio, a eterna capital cultural do país, ter uma instituição funcionando, firme, com seus problemas de gestão quase resolvidos e de preferência com total controle de qualidade de sua programação, sempre oferecendo ao público oportunidades variadas desde a desejada formação de platéia até ovações aos artistas internacionais que visitam o Rio e são as celebridades do momento.
A coluna conversa com exclusividade com Eric Herrero.
Você chegou num momento de transição, após dois anos de Theatro Municipal fechado, devido a pandemia. Qual seu balanço de seu primeiro ano como gestor do maior teatro lírico do país?
EH. Faço um balanço muito positivo. Pudemos fazer com que o TM voltasse a produzir e gerar empregos, trazendo ao público uma programação variada, com importantes compositores, contemplando também a música brasileira. Focamos nos títulos mais conhecidos nos balés e montagens de óperas, como Lago dos Cisnes, Don Quixote, Don Giovanni e Barbeiro de Sevilha, para fazer com que o público voltasse com força total. Tivemos casa cheia durante toda a temporada, muitas vezes com “sold out”. Além disso, pudemos promover a estreia mundial do Balé Macunaíma, especialmente encomendado para nossa temporada, em comemoração ao Centenário da Semana de Arte Moderna. Notamos também uma grande renovação de público!
Hoje o Theatro Municipal abre sua temporada artística de 2023. O que você pode nos adiantar da programação?
EH. Lançamos a temporada do primeiro semestre e a abertura da programação deu-se com a 9ª Sinfonia de Beethoven, título que traz a emblemática mensagem dos ideais de liberdade e fraternidade, além, da alegria. Que estes ideais possam permear todo nosso ano artístico!
Com a “Série Celebrações”, contemplaremos importantíssimas efemérides do 2023: Tchaikovsky, Verdi, Wagner e Berlioz. O público do ballet nos visitará em duas obras, Giselle e a volta de Macunaíma – recebemos inúmeros pedidos para que repetíssemos a produção, devido ao enorme sucesso! Já no nosso aniversário, no mês de julho, teremos uma temporada da ópera Carmen de Bizet.
O TMRJ tem três corpos artísticos de grande importância para a cultura nacional. Como se dá sua relação com eles, uma vez que você há muito tempo já se apresentava na casa como um dos tenores mais importantes de sua geração?
EH. Sempre tive uma ótima relação com os artistas da casa, desde minha estreia em 2009! De lá para cá, já havia trabalhado diversas vezes com os profissionais de todos os corpos artísticos. Hoje, essa relação permanece muito boa. Me esforço muito em ser um gestor de escuta e diálogo sempre, recebendo suas demandas, ideias e opiniões. No ano passado tivemos a oportunidade de, juntos, elaborarmos o regimento interno dos corpos artísticos, documento que estava parado há anos. Minha esposa integra o coro da casa, portanto, conheço as lutas dos funcionários do TMRJ de perto. Tudo o que conseguimos no ano passado, com relação à temporada, foi com o empenho de todos os funcionários da casa e o apoio de nossa presidente Clara Paulino. Todos consonantes, trabalhando pelo bem da FTM-RJ.
Você está à frente do Colegiado Estadual de Música do Rio de Janeiro. Nos conte um pouco a respeito disso e quais têm sido as ações desse importante fórum.
EH. O Colegiado nasceu durante a pandemia, inspirado e ajudado pelo Colegiado Estadual da Dança RJ. Trata-se de um grande fórum dos profissionais da indústria produtiva da dança. Músicos instrumentistas, cantores, compositores, técnicos, professores… todos num trabalho e diálogo coletivo pela implementação de políticas culturais para o setor. Durante minha gestão como titular da cadeira de música no Conselho Estadual de Política Cultural, me reuni com um grande grupo de colegas, de diversas regiões do estado e, baseados na Lei 7.035, do Sistema Estadual de Cultura, fundamos o CEMURJ, Colegiado Estadual de Música que, entre outras ações, já pôde revisar e modernizar o Plano Estadual de Música RJ, preparando o setor para a futura Conferência Estadual de Cultura. Tenho uma alegria muito grande em deixar esse legado como Conselheiro de Cultura !