Um um cenário econômico e social onde a insegurança alimentar grave atingue mais de 15% da população do Rio de Janeiro, um elemento importante também tem impactado na hora dos moradores fluminenses fazerem suas refeições. Uma pesquisa Sodexo mostra que a duração do benefício alimentício concedido pelas empresas aos trabalhadres do RJ dura apenas 13 dias do mês. Isso significa que a população paga quase metade dos dias do próprio bolso, gerando um rombo no orçamento das famílias. As empresas consideram, em média, cerca de 22 dias para a realização do crédito.
O levantamento ainda aponta um fator curioso nessa relação, as empresas aumentaram, em média, 15,02% o valor do tickte aos colaboradores. Isto é, mesmo com um valor maior para se gastar com as refeições, a duração do benefício se mantém, evidenciando que está mais caro se alimentar fora de casa.
A duração média do benefício no RJ ainda é maior que a média nacional. Em 2023 o auxílio para que o trabalhador possa se alimentar em restaurantes tem duração de apenas 11 dias, número menor do que em 2022, ano que o vale refeição teve a duração de 13 dias, média atual do Rio de Janeiro. As empresas consideram, em média, cerca de 22 dias para a realização do crédito, o que significa que este ano, o trabalhador brasieliro tem pagado por conta própria metade das refeições que realiza durante o mês.
Muitas empresas aumentaram os valores dos benefícios, entre 2022 e 2023, mas com o aumento dos preços dos alimentos, não necessariamente tem sido o suficiente para o trabalhador se alimentar fora de casa durante todo o mês. No primeiro bimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, empresas de todos os portes aumentaram o valor do crédito do cartão refeição como forma de amenizar os impactos da inflação, além de entenderem que a oferta de benefícios ao trabalhador ajuda a atrair e reter os melhores talentos.
Por ter de pagar metade das refeições por conta própria, o trabalhador acaba fazendo escolhas mais baratas, muitas vezes não saudáveis, e opta por sanduíches e salgados. A nutricionista Soraia Batista diz que esse tipo de conduta pode impactar no rendimento do trabalhador.
“O consumo frequente destes tipos de alimentos pode gerar diversos riscos à saúde no longo prazo. Por isso, é importante escolher opções naturais e integrais, que mantêm a saciedade por mais tempo. Os carboidratos simples, por exemplo, como pães e biscoitos, são digeridos de maneira mais rápida, o que faz com que se tenha fome mais cedo”, explica.
“É importante reforçar que a jornada de trabalho requer uma alimentação que vai além da hora do almoço, como “cafés” da manhã e da tarde. Então, se o profissional opta por um lanche como refeição, ou ele irá gastar mais do que o esperado durante à tarde ou ele optará por ficar com fome até chegar em casa, o que também não é saudável e impacta diretamente em sua concentração e rendimento”, completa Soraia.
Pesquisa
Para identificação do aumento médio no valor dos créditos concedidos aos trabalhadores, foi utilizado o conceito de same users, ou seja, foram mapeados todos os usuários que tiveram crédito em Jan e Fev/22 e comparado o quantos estes mesmos usuários receberam de créditos em Jan e Fev/23, dentro das mesmas empresas.
O valor médio que os trabalhadores gastam para se alimentar no quilo é de R? 40,64 por refeição. Os dados são do último balanço divulgado pela ABBT e a próxima atualização está prevista para junho/23.
Dado o cenário econômico atual, uma pesquisa da Abrasel revelou que 23% das empresas entrevistadas (1.477 no total) trabalharam com prejuízo em janeiro, na tentativa de segurar o repasse aos consumidores — um aumento de 4% em comparação a dezembro/2022. A pesquisa ainda revelou que 55% das empresas não estão conseguindo reajustar os preços conforme a média de inflação (5,77% no período), sendo que 29% fizeram reajustes abaixo do índice e 26% não conseguiram fazer reajuste algum. Outros 35% aumentaram conforme a média e apenas 10% aumentaram o cardápio acima deste índice.