“Alô, alô, Realengo, aquele abraço! Alô, torcida do Flamengo, aquele abraço!“. Apesar de poucos saberem, esses versos já conhecidos possuem muita história. O que aparenta ser uma celebração carioca, na verdade era uma música de despedida que foi um símbolo da luta contra a ditadura.
Lançada em 1969, Aquele Abraço continua sendo um sucesso até os dias atuais. A música foi lançada durante o período da Ditadura Militar e possui muitas referências a esse período. Na época, Gilberto Gil e Caetano Veloso ficaram presos por quase 2 meses em Realengo, tendo sido soltos em uma quarta-feira de cinzas. Ambos se se exilaram em Londres, mas, antes de ir para lá, Gil criou a canção, enquanto viajava para a Bahia.
Na época, a censura só liberava músicas positivas sobre a cidade. Daí, veio a primeira estrofe da canção: “O Rio de Janeiro continua lindo“. Além disso, o trecho traz uma ironia logo na sequência: “o Rio de Janeiro continua sendo/ O Rio de Janeiro, fevereiro e março“. A ideia era citar que apesar de lindo, o Rio continua sendo, ou seja, apesar da beleza, ainda acontecem horrores na cidade.
Outro trecho com ironia é exatamente o que dá nome à música: “Aquele abraço”. Esta era a forma que os soldados saudavam o cantor enquanto ele estava preso, por isso o “Alô, alô, Realengo”.
Um detalhe curioso é que Gil é torcedor do Fluminense, que havia sido campeão carioca em cima do Flamengo naquele ano. Dessa forma, o “Alô, torcida do Flamengo aquele abraço” é para cutucar o time rival que acabou perdendo o título.