A maior parte das empresas que prestam serviços de segurança privada, na Baixada Fluminense, não possuem permissão para funcionamento. Foi o que verificou a pesquisa realizada pela Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), que identificou a presença de agentes da segurança pública como proprietários de empreendimentos, o que é vetado por lei.
Segundo a CBN, na mostra de 110 empresas, cujos dados foram coletados na internet, 70% delas atuam de forma irregular e 28 delas têm policiais como proprietários – agentes militares e civis representam a maior parte do contingente, com 46,5% e 39,4% respectivamente. As empresas em funcionamento se concentram nos municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti.
Duque de Caxias (42%)
Nova Iguaçu (22%)
São João de Meriti (15%)
Itaguaí e Mesquita (5%, cada)
Nilópolis e Paracambi (3%, cada)
Belford Roxo e Seropédica (2%, cada)
Guapimirim, Magé e Queimados (1%, cada)
Em entrevista à CBN, o diretor-executivo da IDMJR, Fransérgio Goulart, explicou que, na Baixada, a atuação das milícias é predominante. Além disso, a área concentra uma grande quantidade de empresas prestadores de serviços de segurança, o que faz com que agentes ou ex-agentes das forças de segurança do Estado acabem estabelecendo parcerias.
“A milícia predomina no território, e essas milícias predominam num território que também tem um grande número de empresas de segurança privada. São policiais militares ou ex-policiais militares, que são sócios. Então eles têm essa empresa de segurança privada, e, com elas, dão suporte para a milícias, que eles também têm um nível de parceria”, explicou o pesquisador ao veículo, acrescentando que os dados usados na pesquisa não são homogêneos, o que pode fazer com os números levantados pelo IDMJR não coincidam com os números oficiais.
A discrepância entre os resulatdos oficiais e os do levantamento são, de fato, consideráveis. De com a PF, o Brasil conta com 2.680 empresas de segurança privada legalizadas, sendo 403 delas atuam no Estado do Rio – 71% estão instaladas na Região Metropolitana, sendo 15% na Baixada Fluminense. Pelos cálculos IDMJR, esse número deve ser o dobro, com um faturamento clandestino de R$ 60 bilhões anuais.
A pesquisa da Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial verificou ainda, através da plataforma Fiquem Sabendo, que as empresas privadas ilegais tiveram 12 mil armas furtadas, desviadas ou roubadas. Dados da Polícia Federal mostram o setor conta com um arsenal de 246,511 mil armas em todo o território nacional, sendo o revólver calibre .38 a arma mais utilizada, com 48,430 mil unidades, representando 82% do universo avaliado.
As informações são do jornal O Globo e rádio CBN.