A Disneyworld é um complexo de entretenimento. Com 110.309.212,4 metros quadrados, o lugar é uma beleza. Você o percorre sem medo de ser assaltado. Sem medo de ser furtado. Sem medo de ser feliz. Seus 5.700 hectares de terra são superseguros e é uma diversão só. Aqui nesse paraíso de paz, tranquilidade e lazer é que mora o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. Afinal, o Rio de Janeiro, ao acompanhar o Instagram do governador, é um verdadeiro parque.
A segurança é plena para Castro, ao menos para ele, que, em seu novo mandato dado pelo voto popular, flana pelos países mais seguros do mundo. Enquanto nós aqui somos humilhados pelos bandidos. Não é brinquedo, não, gente.
Escrevo essas linhas como cidadão, não como profissional de comunicação, embora enxergue também uma fragilíssima estratégia de comunicação com o povo através de suas redes sociais infantis.
Na semana passada, no Instagram oficial do governador, algum incauto fez um post comemorando a chegada das festas de São João em Campina Grande. O post foi apagado em seguida, mas se tratava de um outro cliente, sabe-se lá de quem (da FSB, que atende ao governador?), a senadora da Paraíba Daniella Ribeiro. Chegado a festas, o conteúdo talvez nem fosse enxergado como erro. Mas eu vi – e não achei a menor graça. Quem também não tem achado nenhuma graça é o diretor-presidente da FSB, Chiquinho Brandão. Num áudio enviado a Castro, ele faz um dramático relato sobre o sufoco que passou na Avenida Paulo de Frontin, e ainda dá um esporro no governador. “Fui até Petrópolis e não tinha um policial, cara! Faz a gentileza de me ligar, tá?. Preciso que vocês fiquem mais atentos”!
O esporro de Brandão, que tem um contrato de dezenas de milhões de reais/ano com o governo do estado, é o esporro que qualquer cidadão daria a Castro. O governador perdeu o controle da segurança. Estamos entregues aos bandidos. Vivemos hoje num estado que é mais perigoso do que a Ucrânia. A Zona Norte é uma zona de conflito mais fatal do que qualquer trincheira de guerra. E o governador responde à pior gestão de segurança pública de todos os tempos com… CONCURSOS! Um de chamamento para a Polícia Civil e outro novo concurso para a PM, com 2.000 vagas, diz seu Instagram juvenil, repleto de reuniões desimportantes em Londres, Nova York e Portugal.
No seu entorno, os amigos já pensam em seus próprio futuro, aqueles carguinhos vitalícios que estão por vir. Está todo mundo com a cabeça em seu próprio futuro. O futuro do cidadão? Ah, quem se importa?
O problema da segurança pública no estado do Rio, obviamente, não é de hoje. Mas piora. Chegamos ao fim. Com o nível de bandidagem espalhado pelas ruas do estado, não vai haver emprego, lazer, e nenhuma empresa séria vai se instalar aqui. As pessoas estão indo embora. Há amigos meus empresários que estão indo trabalhar com escolta. Tem noção disso?
Para o governador Cláudio Castro, porém, está tudo ótimo. Não há sequer uma admissão pública do problema, o que seria um começo de resposta, né? “Olha, gente. Temos um problema grave e vamos enfrentar assim, assim é assim”? Qual o plano? Qual o projeto? Qual o planejamento? Não tem.
O nosso governador, que já tem 51% rejeição dos cariocas, e não há sinal de que diminua, está com a cabeça na política. Quer ser senador, um devaneio que alguém botou na cabeça dele, e quer emplacar o Dr. Luizinho prefeito do Rio de Janeiro. O Dr. Luizinho, querido amigo de infância, é um doce de pessoa desde sempre. Mas entrará num pleito com a marca de sangue de milhares de fluminenses, carregará no colo crianças mortas por bala perdida. Segurará um fardo pesado. E vai virar uma vidraça vermelha.
Do outro lado, como quem não está nem aí, está Eduardo Paes, o prefeito do samba, bom malandro, descontraído, esperto e declarador de amor ao Rio. Em suas redes sociais não há sequer uma palavra sobre segurança. Ele lava as mãos, afinal, a Constituição diz que essa bomba não é dele. É do governador. Mas se engana. Os cariocas querem saber também qual sua resposta. E qual é? Botar a Guarda Municipal na rua. A mesma que massacra os ambulantes informais, possíveis ex-trabalhadores e candidatos a bandidos.
Por que Eduardo Paes e Claudio Castro não se sentam para montar uma estratégia para combater o crime? Porque não lhes interessa. Castro só pensa em Luizinho, Paes só pensa nele mesmo. Não está entre os dois, portanto, a resolução de nada. Nada vai acontecer.
E a bancada federal do Rio? Por que não se reúne e pressiona o governador a pedir a sonhada intervenção federal no Rio de Janeiro? Por que não se unem? Por que não lideram uma frente contra a violência? Por que não brigam por penas mais duras para acabar com a impunidade? E o Judiciário? Por que persegue os caçadores de corruptos e deixa livres os corruptos? São muitas perguntas. Perguntas que você decerto não encontrará na GloboNews ou qualquer braço da Globo, onde são despejados centenas de milhões de reais do estado e da prefeitura do Rio todo ano.
O que fazer então, se não temos quem lute por nós?
Não tenho ideia. Não fui eleito para isso. Eles foram.
O que eu sei é que essa brincadeirinha de Disney já deu. O caviar do Claudio Castro e o sambinha do Eduardo Paes são um tapa na nossa cara.
Cara, é bom saber que há quem também se indigne com esse Estado e esta cidade decadentes que são “os Rios de Janeiros”. Não importa qual dos dois, Estado ou capital, ambos estão ruins, largados às traças e ao controle infame e violento de bandidos de todos os matizes, milicianos, traficantes, assaltantes, golpistas, vigaristas, ladrõezinhos em moto ou bicicleta… Na Baixada Fluminense e no Município carioca, em suas Zona Oeste e Norte estão os celeiros de criminosos que pela força elegem seus políticos, que os representam e “garantem que nada vai mudar! O Brasil não tem mais jeito, quem quiser que se iluda… Vou embora daqui se puder!
O Rio é isso, cada vez mais trilhando a ruína.
Pode apostar, em 2024 faltará dinheiro para o pagamento de servidores públicos do estado.
Precisamos de um REFORMA POLÍTICA, com uma eleição a cada 5 anos, voto distrital, redução do número de políticos, FIM da farra de nomeações vitalícias…
Há muito o que fazer…, no entanto há um sinal claro que os políticos nunca se importaram com a educação, afinal a massa de manobra é fundamental para que se perpetuem no poder.
Excelente texto. Mostra que mesmo os amigos, papagaios que voam por cima do ombro nas fotos e até os parças estão mal servidos na cidade. Não tem muita carne no osso para todos morderem. A cidade e o estado vão muito mal. E o carioca, diferente de outras regiões do pais, não tem aplicado a Teoria da Mudança, na qual se o indivíduo tem algo de errado que o incomoda, ele procura ou mudar ou encontrar quem faça a mudança acreditando em resultado melhor para sua vida. Mas tem que existir duas condições, a expectativa e o resultado. Pegando o exemplo do Rio, é possível? Votando mal como a população vem fazendo nas três esferas de poder nos últimos anos e com a entrega de governos para a população, já nem é a tempestade perfeita, mas o próprio Armagedon, vivido a cada dia por este povo tão esculachado.
paes: futuro gerente de escola de samba acerta no texto isso ae..
Tá…Vou fingir que esse jornal não fez campanha descarada pro Claudio Castro na última eleição.
Mentira sua! Eles deram a maior força para a candidatura do Ganime(melhor candidato disparado) mas infelizmente a população não quis.