Imagine a seguinte situação: você está trabalhando em um estabelecimento e um cliente chega para ser atendido. No entanto, você está sozinho e pede para que ele aguarde um momento até que você possa atendê-lo. O cliente, enfurecido, começa a te agredir verbalmente com xingamentos e grosserias durante dois minutos. Naturalmente, isso te deixa nervoso, mesmo depois do cliente ter saído do local. Indignado, você compartilha a situação com o cliente que estava atendendo até então. Assim que sua colega de trabalho retorna do almoço, você também relata o ocorrido.
Mais tarde, no curso que você frequenta, você conta aos seus amigos da turma sobre o ocorrido. E à noite, durante o jantar, você relata tudo ao seu companheiro.
Perceba como dois minutos de um acontecimento negativo se estenderam para pelo menos uma hora do seu dia. E isso pode aumentar ainda mais se você permitir.
Certamente você não compreendeu o ocorrido, e é difícil encontrar uma justificativa para tamanho desrespeito. Dessa forma, você não teve escolha a não ser não se responsabilizar pelo que aconteceu, já que agiu corretamente naquele momento. No entanto, após o fim do incidente, o que você fez? Você continuou dando importância ao ocorrido, mantendo-o vivo. Enquanto você permanecer focado no acontecimento, ele continuará presente.
A maneira como lidamos com o que nos acontece é de nossa responsabilidade. A perspectiva com a qual decidimos encarar os acontecimentos é completamente voluntária. E deveria ser livre, mas a forma como reagimos e respondemos ao mundo é, em grande parte, baseada nos padrões da nossa própria mente. Uma mente meditativa, contemplativa e questionadora pode se policiar quando perceber que está dando vida e trazendo ao presente algo que já é passado. Ou algo que poderia permanecer lá.
Como fazemos isso? No momento em que nos damos conta de que estamos falando sobre algo que não acrescenta, que não é positivo e que não pode mudar o que aconteceu, devemos pausar e questionar. Por que estou repetindo essa fala? Qual é o propósito disso? Além disso, a comunicação, a fala, também é uma manifestação de energia. Por que desperdiçar energia com algo que me remete a uma memória negativa? Dessa forma, dois minutos de ofensas se tornarão apenas dois minutos e não horas da sua vida.
A pessoa que ofendeu é responsável pelos dois minutos iniciais. Mas você é responsável por qualquer minuto adicional a partir disso. Você escolhe. Faz sentido para você?