Por André Delacerda
Dando seqüência a série de reportagens O Rio e o Aquecimento Global, tem-se uma das mais esperadas pelos leitores do Diário do Rio e pela sociedade carioca em geral.
Dois aspectos são relevantes nesta breve análise. Esta reportagem é reveladora. E ela também nos faz debater sobre os danos que podem ser provocados pelos efeitos da elevação do mar na cidade do Rio de Janeiro. E as e possíveis medidas para solucionar este problema.
Assim, optamos por apresentar, nesta matéria, alguns mapas e suas interpretações; de uma série de outros que compõem o estudo Documento indicativo de áreas da cidade que podem ser atingidas pela elevação do nível do mar devido às mudanças climáticas. Elaborado pelo Instituto Pereira Passos – IPP, ligado a Prefeitura do Rio.
A elevação do nível do mar será sem dúvida uma das conseqüências das mudanças climáticas.
A cidade do Rio de Janeiro, devido à sua extensa costa, busca com o estudo elaborado pelo IPP. Dar início a um amplo processo que deve desencadear novos estudos e debates, a fim de facilitar o planejamento de ações e identificar soluções que minimizem seus efeitos.
Vale ressaltar que o Rio, através da ação conjunta do IPP – Prefeitura do Rio, que, diga-se de passagem, é uma ação bastante responsável, visionária e de vanguarda. Sai a frente das demais cidades do Brasil e porque não dizer da América Latina. Sendo uma das poucas cidades do mundo, a ter conhecimento prévio das possíveis áreas da cidade que poderão ser afetadas pela elevação do nível do mar, provocada pela Mudança Global do Clima.
Certamente, este estudo, será um dos alicerces para o planejamento e intervenções que poderão ser feitas pelo poder público visando salvaguardar a cidade deste efeito natural.
Esse estudo representa uma série de análises feitas com base nas informações cartográficas para avaliar o impacto de elevação do nível do mar, para a cidade do Rio de Janeiro, que possui uma região costeira de 265 km com 90km só de praias. Na imagem da página cinco do relatório, utilizamos os índices do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima) onde vem-se três panoramas possíveis de inundação.
Da cor mais clara para a mais escura, aplicamos os níveis de 0,4 – 0,6 – 1,5 metros de altura no mapa, e avaliamos o impacto que isso refletirá na cidade.
Esse mapa se refere ao número de pessoas, que eventualmente seriam afetadas com a elevação do nível do mar, e seus valores servem também de para uso de outros estudos ambientais. Um cálculo baseado na altura média dos terrenos (cota) e analisado através de áreas de contagem do Censo, vem revelar um número aproximado das pessoas e domicílios que seriam afetadas por um possível alagamento, tendo base nos valores de 0,8 à 1,5 metros.
Com base nos setores de contagem do censo, entretanto, com maior índice de precisão em função do nível de análise que leva em conta regiões com altura mínima de 1,5 metros, esse mapa nos mostra o número de pessoas atingidas pela elevação do nível do mar, possibilitando estratégias para preservar a população da cidade.
A pedido de alguns técnicos da área ambiental, foi criado neste mapa um tipo de perfil com valores específicos, onde se pudesse avaliar em quais áreas da cidade o carioca estaria mais vulnerável. As áreas identificadas com altura acima de 1,5 metros, servirão também para conclusão de outros estudos da área ambiental.
A imagem que vemos agora, utiliza como pano de fundo o mapa de uso do solo, e com isso cria um recurso de avaliação mais real sobre o impacto que uma possível elevação no nível do mar poderia causar, buscando foco numa área específica da cidade (AP1 – Área de Planejamento 1) mostrando cenários de inundação para a hipótese de aumento do mar em, 0,50 – 1,00 – 1,50 – 2,00 metros. Nesse mapa, quanto mais escura for a cor da legenda, maior a chance de alagamento.
Esse mapa segue as mesmas características do anterior, sendo que em outra região da cidade (AP2 – Área de Planejamento 2). Não esquecendo, que os valores máximos demonstrados acima são alcançados somente em caso de ressaca do mar.
Idem ao mapa anterior, só que com destaque nas áreas onde a população eventualmente sofrerá mais com a elevação do mar. Trata-se de uma região de nível mais baixo na cidade. Os destaques são das áreas da Barra da Tijuca, do entornos da lagoa de Jacarepaguá e Tijuca e também de áreas próximas ao Recreio dos Bandeirantes e Vargem Grande. A imagem utiliza também como pano de fundo o Mapa de Uso do Solo do Rio de Janeiro.
Por se tratar de uma área com maior chance de alagamento, os técnicos do IPP deram uma maior atenção na região, focalizando através de imagens de satélite. É possível ver em amarelo as áreas já construídas na região, e nos limites em azul, são as áreas com maior potencial de alagamento. Em geral, tratam-se de áreas pouco ou recentemente construídas.
Novamente com base nos índices do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima), os técnicos do IPP identificaram logradouros como áreas sujeitas a alagamento. Consideramos um aumento do nível do mar de até 1,50 metros. As áreas identificadas em todo o trabalho já são conhecidas por engenheiros e arquitetos, por conta do desafio técnico nas construções.
Após a apresentação destes dados reveladores, que não são motivo para pânico, mas sim de reflexão.
É que novamente chamamos os amigos leitores do Diário do Rio e a sociedade carioca em geral para estarem engajados no processo de discussões sobre o tema e também, fazerem a sua parte.
Com certeza, a soma das ações positivas de cada um de nós moradores da Cidade Maravilhosa, se somará as ações de milhares de pessoas no mundo todo nesta luta contra a destruição do planeta.
Agrademos a atenção e colaboração dos técnicos do Instituto Pereira Passos – IPP. Ao seu presidente Sergio Besserman. A Assessoria de Comunicação Social do IPP, nas pessoas de Vera Perfeito e Erick van-Erven.