Em 15 de agosto de 1909, o bairro de Piedade foi palco de um trágico acontecimento: a morte do escritor, Euclides da Cunha.
Nasceu em 1866 numa fazenda de café em Cantagalo/RJ e com 3 anos de idade perdeu a mãe. Como o pai não podia criá-lo sozinho, foi obrigado a viver com tios.
No período de sua formação, em função de dificuldades financeiras, opta por estudar engenharia na Escola Militar, e mergulhado em um ambiente cientificista e meritocrático, torna-se republicano.
Em 1888, protagoniza um episódio que poderia ser o fim de sua carreira militar. Na visita do então ministro da Guerra do Império, Tomás Coelho, à Escola Militar de Engenharia, quando todos os estudantes estavam em formação para cumprimentá-lo, Euclides, inclinado pelo seu temperamento intempestivo e cheio de audácia, sai de forma, atira a carabina aos pés do ministro e exclama “Viva a República”.
Na contramão do azar, pelo seu “ato de amor à republica” ele se torna correspondente do jornal republicano “Província de São Paulo” em Canudos e lá escreve “Os Sertões” que, segundo especialistas, é uma obra prima que radiografa o Brasil revelando suas mais profundas entranhas e disseca as diferentes camadas sociais de uma nação em contrastes.
O escritor ganhou prestígio e fama com este seu livro, publicado em 1902, mas seu casamento começava a deteriorar.
Na sua viagem de trabalho como engenheiro à Amazônia, mantendo ausência de casa por quase 1 ano, sua esposa Ana Amélia (33) inicia um caso extraconjugal com o jovem Dilermando de Assis (17) e o mantém em segredo de Euclides por 4 anos, tendo dois filhos com o amante, mas registrando-os como filhos do marido.
Em um dos sumiços de sua esposa, Euclides vai à casa de sua sogra que revela que há dois dias Ana não dá às caras. O marido então confirma sua desconfiança de adultério.
Segundo boletim policial, sob forte impressão dos fatos, Euclides, armado de um revólver e informado da residência do sedutor de sua esposa, na Estrada Real de Santa Cruz – atual Avenida Dom Hélder Câmara, no bairro de Piedade – tem certeza de que lá encontrará sua mulher. Chega a casa e sendo recebido por Dinorah, irmã do amante, vai até o quarto e, abrindo a porta com violência dispara contra Dilermando que, ferido mas com astúcia, consegue apanhar sua arma e o acerta na mão e clavícula enquanto Dinorah luta com Euclides e também é acertado por disparos. Ferido e impossibilitado de manusear arma, Euclides abre fuga e recebe o tiro fatal de Dilermando. Anos depois, Euclides Filho, ao tentar vingar a morte de seu pai, também troca tiros com Dilermando e morre.
E este episódio triste e trágico abrevia a vida de um dos maiores escritores e personalidade de nosso país. E agora, todo dia 15 de agosto a literatura brasileira fica em luto.
A casa onde ocorreu a tragédia foi demolida e, atualmente, no local funciona um Supermercado Guanabara.
seria interessante saber quem são seus decendentes hoje em dia. ou de dilermando.
escreveu uma grande obra pelo mérito de mostrar como o EB massacrou civis após uma avaliação errada de que eram monarquistas. Ou foi a desculpa perfeita para mostrar força, num período em que a repúplica das bananas corria sério risco de morrer.
intempestivo, misógino, e o pior: abriu concorrência pois não deu assistência, como diz o ditado. e quanto a ser “um dos maiores escritores e personalidade de nosso país” dá um tempo. Escreveu uma grande obra mas está a séculos de ser um grande escritor.
Violento, destemperado e um dos que contribuiu para a desgraça que é nossa situação atual (golpe militar republicano). Desgraçou a própria vida e a do filho e por puro ocaso não foi assassino e feminicida.