No passado dia 1º, o programa “Brasil Sem Fome” foi relançado como a mais recente iniciativa da União para promover a segurança alimentar e nutricional no país. O foco principal é a identificação, através dos profissionais que trabalham nas redes de saúde e assistência social, das pessoas em potencial situação de risco de fome. A partir dessa identificação, um plano de acesso à renda será estruturado para esses indivíduos, com o objetivo de reduzir a pobreza em que vivem e promover uma alimentação adequada. Segundo informações da Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (Senarc), pelo menos 59.678 petropolitanos cadastrados no Bolsa Família devem se beneficiar com essa iniciativa.
Além disso, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), uma ferramenta de monitoramento do Ministério da Saúde que avalia o estado nutricional da população atendida nos serviços de Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS), indica que, neste ano, de janeiro a junho, aproximadamente um em cada cinco entrevistados na cidade imperial afirmou não fazer, no mínimo, as três principais refeições do dia: café da manhã, almoço e jantar. Isso corresponde a 662 das 3.424 pessoas consultadas. Em todo o levantamento de 2022, foram identificados 1.624 petropolitanos em situação de vulnerabilidade alimentar.
De acordo com dados anteriores fornecidos pela Prefeitura, aproximadamente mil cestas básicas são distribuídas mensalmente pelo município, e mais quatro mil famílias são beneficiadas pelo Cartão Imperial, um programa que oferece um subsídio mensal de R$ 70 para a compra de alimentos. Além disso, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos informou anteriormente que fornece diariamente 3.100 refeições para a população por meio do Restaurante do Povo de Petrópolis.
No entanto, apesar dessas medidas, a coordenadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis (CDDH), Carla de Carvalho, acredita que a situação seja ainda mais grave do que parece. Ela relata que o CDDH tem recebido muitas solicitações de famílias em busca de auxílio com alimentos, cestas básicas e fraldas geriátricas. A situação das famílias continua difícil, com muitos desempregados e doentes, mesmo com a queda nos preços dos alimentos. O fornecimento de cestas básicas não é suficiente para garantir a segurança alimentar e nutricional necessária.
No âmbito das iniciativas locais, o projeto Corrêas Sustentável apresentou um projeto para uma Cozinha Comunitária na comunidade do Glória. Essa cozinha será de uso comunitário, gerenciada pela associação do bairro, e destinada ao preparo e distribuição de refeições gratuitas, bem como à promoção de cursos de gastronomia para capacitação social. O objetivo é criar oportunidades para pessoas em situação de vulnerabilidade social e melhorar a situação alimentar e nutricional das crianças e adultos da região.
Por parte do poder público, a Prefeitura está implantando o primeiro Banco de Alimentos de Petrópolis, com o objetivo de recolher doações, processar os alimentos arrecadados e distribuí-los para famílias em situação de vulnerabilidade social. As obras de instalação estão em andamento na Rua Floriano Peixoto, no Centro, e devem ser concluídas até outubro.