Bruno Hellmuth – Reviver Centro – Não Regredir

Ao longo de sua história, o Rio de Janeiro conheceu fases de crescimento pujante, e transformações às vezes radicais de suas paisagens

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Foto: Daniel Martins/DIÁRIO DO RIO

Bruno Hellmuth
Médico e Chanceler do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro

A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro já foi a capital do Reino Unido Brasil Portugal e Algarve , depois do Brasil Império e também do Brasil República, até 1960. Ao longo de sua história, conheceu fases de crescimento pujante, e transformações às vezes radicais de suas paisagens.

Quando perdeu o status de capital do país, o seu Centro Histórico sofreu um paulatino esvaziamento, tanto devido à mudança dos ministérios e outros órgãos públicos federais para Brasília, como pela migração das empresas financeiras, Bolsa de Valôres inclusive, para São Paulo.

O resultado, é que há poucas décadas os cariocas começaram a se dar conta de que o Centro da Cidade outrora fervilhante, encontra-se agora decadente. As lojas elegantes e muitos restaurantes tradicionais desapareceram, prédios inteiros estão vazios e boa parte das construções mais antigas em ruínas. Em boa hora, a Prefeitura e a Câmara Municipal entenderam a necessidade de estimular o repovoamemto da região, atraindo um maior número de pessoas para alí fixar residência.

Estes estímulos vão desde a transformação de prédios empresarias vazios em prédios de apartamentos, até a facilitação de novas construções por meio de incentivos fiscais. Entretanto, estas ações isoladamente, poderão não resultar num aumento de moradores tal como se deseja. E´necessário que, concomitantemente, se desenvolva uma nova atividade econômica, que gere empregos e renda para os novos habitantes, para os quais, por sua vez, seja conveniente residir perto de seu trabalho.

E é aí que se apresenta a indústria do turismo como a mais evidente atividade a ser incrementada. O turismo já é uma das principais fontes de receitas do Rio de Janeiro. Mas são apenas as belezas naturais e festas, como réveillon e carnaval que tem sido divulgadas para atrair visitantes. Entretanto, diferente daqui, em todas as cidades da Europa, campeãs em atração de turistas, são os centros históricos que são competentemente oferecidos como atração principal.

É mesmo incompreensível que o nosso Centro veio até hoje tendo a sua grande vocação turística tão negligenciada. A boa notícia, é que, no início de 2022, o então Secretário Municipal de Turismo Bruno Kazuhiro lançou os estudos para o lançamento de um Roteiro Imperial a ser divulgado principalmente nos mais importantes sites de turismo consultados em todo o mundo. Para tanto, convocou inclusive o Círculo Monárquico do Rio de Janeiro para assessoria técnica.

Felizmente, a atual gestão da Secretaria vem dando continuidade no planejamento do Roteiro. Foram já identificados parques, igrejas e prédios históricos que, além do enorme conjunto de sobrados compunham a paisagem do Centro no período Imperial, com forte vocação para atrair levas e levas de turistas e movimentar a economia desta região. Fica evidente então, que o programa da Prefeitura Reviver Centro, necessita caminhar junto com o projeto de atração turística do Centro Imperial.

A Câmara Municipal acaba de aprovar uma legislação que visa incentivar a construção de novos prédios residenciais em logradouros do Centro já ocupados por prédios modernos, como o Porto Maravilha, e as avenidas Presidente Vargas e Presidente Antonio Carlos, além da transformação de arranha-céus, atualmente vazios, em prédios residenciais.

Porém, nunca é demais se afirmar, que se deve evitar radicalmente a construção de novos prédios na região mais histórica, notadamente, o corredor Rua da Carioca – Largo de São Francisco – Praça Tiradentes – Campo de Santana, que infelizmente já foi agredido no passado com construções modernosas que destoam da paisagem do Rio Antigo e que tendem a descaracterizá-lo como tal. Felizmente ainda resta muito daquela paisagem imperial, mas que, no entanto, necessita de um robusto programa de restaurações.

O corredor acima descrito encontra-se abandonado, grande parte em ruínas e não apresentável aos turistas. Um alento é dado por iniciativas privadas, como ,por exemplo, as obras de restauração que se observam no entorno da Igreja de N. Sra. da Lapa dos Mercadores, região que já começa a ser conhecida como a Pequena Lisboa. Mas muito mais necessita ser feito. Grande parte do antigo casario, felizmente é tombado.

O que falta, são fortes incentivos, por parte das autoridades municipais, para que os proprietários invistam na recuperação de suas respectivas unidades. Às Secretarias de Urbanismo e de Cultura, certamente cabe uma responsabilidade especial. Afinal, para o Rio de Janeiro continuar merecendo o título de Cidade Maravilhosa, o seu Centro Histórico tem que recuperar a sua grande beleza, e se tornar Maravilhoso também tanto para se morar, como para o turista se apaixonar.

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1 COMENTÁRIO

  1. Sou um admirador e defensor do Rio antigo, mas infelizmente sou muito descrente acerca das ações da prefeitura e outras autarquias em revitaliza-lo.

    O projeto Reviver Centro basicamente libera a região como moeda de troca pro setor privado, que está mais preocupado com o lucro, para descaracterizar ainda mais a região gerando gentrificação, já que não possui um plano robusto e focado em habitação social e usufruto de casarões antigos para tal função e afins.

    Basta verem o que ocorreu com o casarão da Rua da Assembleia recentemente e a justificativa para não preservá-lo.

    O próprio carioca médio não contribui para o melhoramento dessa discussão em face de uma cidade com problemas complexos e mais prioritários, e há apenas nichos militantes em favor de valorizar o patrimônio cultural do Rio fora do estereótipo saturado (do qual a sociedade civil é a administração pública parece querer viver incessantemente) de praia, belezas naturais futebol e samba.

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