O triste fim da Cinelândia Suburbana

Região da Leopoldina foi uma das principais áreas de cinemas de rua da cidade do Rio

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Antigo Cine Olaria

A “cinelândia” mais famosa da cidade do Rio fica no Centro. Até hoje existe a famosa praça, embora não tenhamos mais os cinemas. Contudo, exitiu outra, não muito longe. A Cinelândia Suburbana ficava na região da Leopoldina.

Do início até o final do século XX, a Zona da Leopoldina, composta por bairros como Manguinhos, Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha, entre outros, teve muitas salas de cinema. Sendo referência nesta questão no Rio de Janeiro.

O roteiro começa em 1906. Neste ano aconteceu a primeira apresentação do que era considerado como o cinema do futuro, conhecido inicialmente como Omniógrafo, no Largo da Penha, diante do Portão da Irmandade. Foi um empreendimento do famoso empresário artístico Paschoal Segreto.

De acordo com o livro Palácios e poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro, escrito por Alice Gonzaga, essa sessão que não levou mais de 30 minutos, com intervalo entre os filmetes, para descanso das vistas das pessoas que assistiam e se encantavam com a arte. Relatos históricos mostram que a cena foi de muita alegria do povo que estava presente.

Os bairros de classe média da região(Bonsucesso, Ramos, Olaria e Penha) tinham a vida social com enorme gama de opções de lazer: banho ao mar, passeio em lojas ou filmes novos no cinema, características que hoje podem remeter o leitor a outras regiões da cidade, eram práticas do dia-a-dia na zona da Leopoldina“, conta o pesquisador Hugo Costa.

O primeiro cinema da região Leopoldina e um dos primeiros da cidade foi o Cinema Ideal, localizado na Rua Uranos, n. º 28, atual nº 1009. Era um empreendimento da J. Souza & Cia.

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Depois do Cinema Ideal, muitos outros surgiram. Cinema Brasil (na antiga Estrada da Penha), Cinematógrafo Olaria (no antigo Caminho de Maria Angu, posteriormente Rua Alfredo Barcelo), Cinema Theatro Oriente (na mesma rua do Cinematógrafo de Olaria), Cinema Theatro Penha ( Rua Nicarágua nº 114), Cine Paraiso (Praça das Nações, nº 66, Bonsucesso), Cinema Santa Cecilia (na Rua Itabira, nº 87, depois nº 123, Brás de Pina), Cine Theatro Brás de Pina (Rua Bento Cardoso, nº 289),  Cinema Rosário (na Rua Leopoldina Rego),  Cinema Santa Helena (Rua Uranos, nº 1474, Olaria).

Todos esses cinemas foram financiados pelas empresas Elísio, Caruso, Motta Paiva, que formaram o grupo Paiva, Caruso & Cia. Em média, essas salas de cinema foram abertas nos anos 1920 e até meados dos anos 1930. Algumas fecharam no início, como Cinematógrafo Olaria, em 1926, devido à competição do Cinema Theatro Oriente – que ficava na mesma rua.

Não é exagero chamar a Leopoldina de Cinelândia Suburbana. Mais para a segunda metade do século XX, novos cinemas foram abertos na região. No entanto, este momento se estendeu até ter um final nada feliz na década de 1980.

Inauguracao do Cine Vaz Lobo 1 O triste fim da Cinelândia Suburbana

“Nas décadas de 70 e 80, começaram a desaparecer os cinemas destes bairros, e começou a aparecer as características atuais da zona da Leopoldina: a praia ficou poluída, a estrutura urbana defasada e abandonada, e nesse mesmo período começou uma oferta de imóveis em uma nova área da cidade, que mostrava a tendência de crescimento inclusive com investimentos públicos como abertura de vias em um novo padrão urbanistico para o Rio de Janeiro, de forma que se desenvolvesse com uniformidade sócio econômica prevista pelas construtoras em seus fechados condomínios-bairros. O litoral da zona oeste tornou-se a nova menina dos olhos para investimentos públicos e privados, cabendo à Zona da Leopoldina outro papel na vida urbana da Cidade Maravilhosa”, detalha Hugo Costa.

De acordo com dados da ANCINE de 2019, todos os 17 cinemas restantes das Zona da Leopoldina fecharam.

“Em 2012 houve uma proposta da Rio Filmes (Prefeitura do Rio) de recuperar ou implantar salas de exibição em bairros que as demandassem devido a baixa disponibilidade, como foi feito no Imperator no Méier, porém em 2016 a mesma declarou que não pôde priorizar este projeto para outros subúrbios. Tudo que marcou a belle époque carioca tornou-se lembrança nesta parte da Zona Norte carioca. Subúrbios da Leopoldina viveram seu auge e perderam seus principais atrativos, não sendo atualizados ou recriados de forma a manter os cariocas em áreas com infraestrutura de cidade já disponível. A falta de lazer, um dos principais produtos à venda com os condomínios bairros da Zona Oeste, poderia ser a mola mestra da retomada dos subúrbios da Zona da Leopoldina: através da criação de parques e áreas verdes, da recuperação das praias da Baía da Guanabara e por que não: da utilização dos cinemas ainda de pé que tem em seus enormes prédios a arquitetura tombada devido a sua beleza“, finaliza Hugo Costa.

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3 COMENTÁRIOS

    • que afirmação descsbida – a familia do meu pai é toda dessa área, e eu afirmo sem pestanejar – a tolerancia ao trafico destruiu a região – minhas tias trabalhavam nas fabricas de roupa intima, todos trabalhavam, ganhavam dinheiro, gastavam no cacique de ramos – aos poucos foi deteriorando, estou certo que um historiador um dia bem no futuro vai fazer este estudo – as fabricas fecharam, e a cocacola não aguentou ter um em cada tres caminhoes perdidos pro trafico – é o destino do rj, como foi a leopoldina, será o rio

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