O assunto que dominou a mídia carioca esta semana e que continua dominando é sobre o ocorrido no Morro da Providência, desde os erros do Exército no local, o uso eleitoral da máquina federal, envolvimento de assessores do Bispo Crivella .
Como é algo sério, que envolve especialmente o trabalho social e a visão que os políticos tem da realidade carioca, essa foi a pergunta da semana aos pré-candidatos a Prefeitura do Rio. A penúltima, já que poderemos passar a chamar de candidatos depois do dia 5 de julho.
Como sempre, Chico Alencar, Solange Amaral e Vinícius Cordeiro mandaram suas respostas. Espero que no período eleitoral os outros, agora, candidatos, também respondam.
Então, para o candidato o que aconteceu de errado na Providência e no Projeto Cimento Social?
Solange Amaral (DEM)
Fizemos urbanização, creche, lan house/cybercafé, museu a céu aberto, acessibilidade (através de ruas e escadarias) – intervenções encaradas como DIREITO das PESSOAS, parte de um programa municipal sério, sem favor eleitoral.
É lamentável e deplorável a atitude eleitoreira do Bispo/Senador Crivella, apoiado pelo Presidente Lula , envolvendo o Exército numa ação errada e eleitoreira. O Exército brasileiro merece respeito.
Vinícius Cordeiro (PTdoB)
No meu entender, não são o tipo de intervenção que essa comunidade desejava ou precisava. Embora bem intencionada, a idéia de levar o Exército Brasileiro para dar “segurança” nas obras é altamente equivocada.
O projeto Favela Bairro foi executado em diversas comunidades sem precisar deste tipo de aparato. Só demonstra a falta de conhecimento dos mentores do projeto, e da distância entre os gabinetes e pranchetas destes com a realidade carioca.
O Projeto Favela Bairro poderia ser continuado ou aperfeiçoado; sou adepto do acróstico de Silva Jardim: “conservar melhorando”, do que sempre renegar os projetos anteriores e aparecer com soluções, que possam ser bem intencionadas, mas que podem acabar em tragédia.
Chico Alencar (PSol)
Há provas testemunhais irrefutáveis: rapazes pobres e negros detidos “por desacato à autoridade” foram levados em viatura militar não para a delegacia policial, como determina a lei, mas para o quartel do Santo Cristo próximo à comunidade, em abuso de poder típico dos ásperos tempos de ditadura. Depois, foram entregues pelos militares a criminosos que atuam em outra comunidade pobre: “terceirizaram” a tortura e o assassinato!
A Comissão de Direitos Humanos realizará audiência pública, na quinta-feira (26/6), com a presença do ministro da Defesa, do comandante do Exército, do delegado responsável e de cidadãos do Morro da Providência. Também solicitei ao Comando Militar do Leste todo o processado a respeito da presença e atuação do Exército na comunidade e, ao Ministério Público, instauração de procedimento investigatório para apurar eventual uso eleitoral da presença do Exército na comunidade. Dos Ministérios das Cidades e da Defesa aguardamos cópia de todos os processos dos convênios e das licitações que contrataram serviços e obras no Morro da Providência.
Só assim teremos o mais pleno conhecimento dos fatos e podemos cobrar das autoridades não só a pronta responsabilização dos culpados, mas também a reparação a que as famílias violentadas têm direito.