No centro histórico da Cidade Imperial, na região serrana do Rio, houve um aumento de 48% no número de estabelecimentos fechados, passando de 27 para 40 lojas vazias em apenas oito meses. A pesquisa do Diário de Petrópolis, feita em fevereiro de 2023, focou especificamente nas tradicionais ruas do Imperador, Dr. Porciúncula, Paulo Barbosa, Nelson de Sá Earp e 16 de Março, no coração petropolitano.
As razões para esse fechamento incluiriam as duas tragédias ocasionadas pelas chuvas em 2022 e os efeitos da pandemia – estes, sentidos de forma similar ao que ocorreu nos centros urbanos pelo mundo todo – que trouxe uma migração considerável do comércio tradicional para as vendas online. Devido a inundações, muitos desses estabelecimentos teriam sofrido prejuízos materiais que chegaram a R$ 400 mil. Esses desafios fizeram com que muitos proprietários hesitassem em reabrir suas lojas.
Raquel dos Santos, da Ótica Hora Certa Serrana, relembrou em depoimento ao jornal petropolitano sobre as perdas significativas que sua loja sofreu por causa das enchentes do ano anterior. A loja enfrentou prejuízos de cerca de R$ 300 mil apenas após a primeira inundação. Para reabrir, um investimento adicional de R$ 400 mil foi necessário.
Segundo o Presidente do Sicomércio em Petrópolis, Marcelo Fiorini, a economia local está passando por uma transformação, e foi grandemente afetada pela pandemia e pela chuva. Além dos desafios enfrentados, uma onda de aumento dos aluguéis no Centro Histórico também estaria levando os empresários a considerar estabelecer seus negócios em outras localidades. A ameaça de mais inundações – que vêm se tornando um recorrente problema na serra fluminense – fez com que muitos buscassem estabelecer seus negócios em ruas alternativas, aumentando, por exemplo, o número de lojas ocupadas na Rua Marechal Deodoro, que inclusive recebeu um novo shopping recentemente.
Para o corretor de imóveis Marcus Vinícius Ferreira, da Sergio Castro Imóveis, que atua há quase 80 anos na locação e venda de imóveis comerciais e também ajuda na expansão de grandes marcas pelo estado do Rio, os valores dos alugueis na região estão estáveis. Ele explica que a vacância, quando aumenta, acaba onerando os proprietários dos imóveis, que têm que bancar os custos de lojas vazias. “O dono do imóvel não perde só o aluguel. Ele perde o aluguel e mais as taxas que o inquilino pagava por ele.” Ferreira observa que os preços das lojas comerciais são determinados pelo fluxo de passantes, pelo tamanho da frente de rua, e, obviamente, pela metragem quadrada de cada imóvel.
Proprietário da corretora Josias Imóveis, Josias dos Santos, disse ao jornal petropolitano que a localização do imóvel em cada logradouro tem grande influência no preço. “Da Paulo Barbosa até a antiga farmácia Brasil são locais mais caros, fica até difícil para saber quanto os proprietários querem cobrar, então, não me arrisco a falar um preço fechado. Geralmente, gira entorno de R$ 15 mil a R$ 20 mil o aluguel”, ensina. Outro corretor, Murilo Maciel explica que, o preço do aluguel na região varia bastante de acordo com o metro quadrado. “Em torno de R$ 180 ou R$ 190 o metro quadrado, aproximadamente e em uma loja de 100 metros plana, fica em torno de R$ 20 mil reais”, multiplica.
Maciel enfatizou também que, em sua experiência de mais de uma década, ele não acredita que a cidade esteja em crise, apesar do crescente número de lojas fechadas. Ele atribuiu grande parte disso à transição das vendas presenciais para o online e às inundações, tragédias que, devido à pífia atuação da prefeitura municipal, têm tido cada vez maiores consequências. Ele também mencionou a abertura de um shopping no mesmo período, e o esvaziamento que teria ocasionado. No entanto, mantém uma visão otimista para o futuro próximo, antecipando que até meados de 2024, áreas como o Centro Histórico e a Rua do Imperador provavelmente retornarão ao seu estado anterior. Ele terminou expressando que há um crescimento visível no comércio dos bairros, o que é benéfico para a cidade.