Muitos católicos ou adeptos de outras religiões que vivem no Rio de Janeiro nunca terão a oportunidade de estar no Vaticano, a cidade-estado sede da Igreja Católica Romana. Contudo, existe um lugar em nossa cidade que está legitimamente atrelado ao centro mundial do catolicismo. A Igreja de Santa Cruz dos Militares, que fica na Rua Primeiro de Março, 36.
Em abril do ano de 1923 foi conferido à Igreja de Santa Cruz dos Militares a condição de Basílica Vaticana no Rio de Janeiro. Na prática, essa agregação significa que são concedidas a esse templo religioso todas as indulgências do centro mundial do catolicismo. De acordo com a doutrina católica, fazer orações na igreja equivale a estar no Vaticano.
“A agregação foi feita pelo Papa Pio XI”, conta o pesquisador católico Marcelo Domingos.
O nome da Igreja remete a seu passado. Onde hoje fica o templo religioso existia o Forte da Santa Cruz, Unidade Militar do Exército Colonial Português, construído à beira-mar pelo Governador Martim Correia de Sá no início do século XVII.
Quando o Forte ficou sem utilização militar, de 1623 a 1628, foi feito no lugar uma capela na qual os militares da cidade fundaram uma Irmandade, que cumpria funções de assistência social. Na capela funcionou também a Catedral da Cidade entre 1703 e 1733.
Do ano 1780 até 1811, decidiu-se pela reconstrução da igreja. O projeto do novo edifício é atribuído ao engenheiro-militar português José Custódio de Sá e Faria. O estilo é barroco com influências neoclássicas. Na inauguração esteve presente o Príncipe-Regente D. João, chegado ao Rio em 1808.
A fachada da Igreja faz referências ao fato de ser Basílica, como inscrições acima da porta, a bandeira do Vaticano e um brasão. Além disso, tem estátuas dos evangelistas trazidas da Itália em 1926. As duas estátuas de madeira originais dos nichos superiores, representando São Mateus e São João Evangelista, foram realizadas por Mestre Valentim e encontram-se atualmente no Museu Histórico Nacional.
Foram protetores da irmandade D. João VI, D. Pedro I (que lhe concedeu o título de Imperial) e D. Pedro II, Martim Correia de Sá, Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) e o Conde D’Eu. E qualquer pessoa pode ir lá visitar a legítima Basílica Vaticana no Rio de Janeiro.