Uma obra, considerada de “mau gosto”, que adultera a fachada de uma igrejinha em Geribá está deixando a pequena cidade litorânea em ‘alerta’. O caso ocorre na bonita Capela de Nossa Senhora Desatadora dos Nós, construída em 2001 por um grupo de devotos daquela Santa, que se dedicou a edificar e doar ao povo de Buzios a igrejinha que se tornou um dos pontos turísticos da cidade, com sua fachada decorada pelas imensas esculturas de anjos adoradores feitas pelo artista Hildebrando Lima, e por imensos painéis do famoso pintor brasileiro Sergio Martinolli. A embaixatriz Nascimento Silva fez as placas de azulejo pintadas a mão nas paredes da entrada. A Capela conta com obras de arte sacra de diversos artistas, criadas especialmente para a construção, que foi licenciada pela prefeitura.
Além da bela fachada, na lateral o artista Santos Sobrinho criou uma imagem da Santa em vidro, visível por um nicho lateral, conferindo simetria e ajudando a evidenciar os gigantescos anjos criados por Hildebrando. Junto a este nicho, uma grande parede inteira decorada com ex-votos (placas de agradecimento de fiéis da Igrejinha por graças alcançadas) existia e era visitada com freqüência pelos próprios e por seus parentes. O templo está sob a autoridade da Arquidiocese de Niterói.
Porém, o novo padre responsável pela capelinha, Douglas Alves Fontes tomou uma decisão que colocou toda a comunidade em pé de guerra. Decidiu destruir a parede de ex-votos, e construir um telhado ‘pergolado’ colado na fachada artística da igreja, quase que emendado na célebre escultura dos anjos de Hildebrando Lima, por cima do nicho onde estava à vista de todos a imagem de vidro de autoria de Santos Sobrinho, modificando todo o projeto arquitetônico original da arquiteta Andrea Tristão. A profissional havia, inclusive, feito um projeto para a mesma obra que está sendo realizada (abaixo), preservando a fachada artística, mas o padre decidiu ignorá-lo.
Consultado pela comunidade, o Padre disse que “infelizmente ou felizmente, o projeto já foi aprovado e executado”. As obras de fato andam a passos largos, e o pequeno templo vai tendo sua fachada artística completamente adulterada. “Só falta a churrasqueira, porcelanato e a aparelhagem de som tocando pagode”, disse ao DIÁRIO um fiel, que prefere não se envolver na confusão que envolve a igrejinha que conta com tantas obras de arte quanto admiradores na região dos lagos.
“Todo reconhecimento formal de patrimônio cultural é sempre reativo, ele se dá sobre algo que existe previamente. E a existência ali de valorosas obras de arte integradas ao conjunto arquitetônico, de artistas reconhecidos internacionalmente, é inquestionável. Os danos aparentemente causados a parte dessas obras de arte, além da possível destruição dos testemunhos físicos da secular tradição cristã católica dos ex-votos é deveras preocupante e mereceria uma reflexão mais séria”, ponderou ao DIÁRIO o ex-superintendente do Iphan Rio Olav Schrader, especialista em patrimônio cultural.
História da Capelinha
Coordenando uma carreata em homenagem a Nossa Senhora em 1997, a protagonista dessa história, Isis Penido – moradora da Capital mas apaixonada por Búzios – testemunhou a confecção de um grandioso terço com cerca de 20 metros. A ideia era fazê-lo subir aos céus, carregado por balões de gás, e, quando caísse, construir uma capela em homenagem à santa. O terço caiu na praia de Mauá, no município de Magé, no Estado do Rio de Janeiro.
A Luta para Realizar o Sonho
Ela e seu marido, acompanhados por amigos, visitaram o local várias vezes e tentaram de todas as maneiras comprar um terreno para concretizar o sonho. O Bispo Dom Vaz, de Petrópolis, até celebrou missa no local. No entanto, adquirir o terreno provou ser uma tarefa desafiadora. Ela entregou seu desejo nas mãos da santa, confiante de que “Deus sabe mais“.
O Momento Providencial em Búzios
Em janeiro de 2001, enquanto estavam em Búzios, a protagonista e seu marido, como de costume, foram à missa na igreja de Santa Rita de Cássia. Após a missa, ela se aproximou do pároco, padre Ricardo Whyte, com um pedido surpreendente: construir um altar em homenagem a Nossa Senhora Desatadora dos Nós. A resposta do padre foi ainda mais surpreendente, pois ele não só permitiu, mas sugeriu a construção de uma capela.
A Concretização do Sonho
Padre Ricardo indicou um local ao lado da igreja onde a capela poderia ser erguida, e os preparativos começaram imediatamente, com seu apoio contínuo. Uma amiga arquiteta, Andréa Andrade, projetou a capela, enquanto Lucy Sá Peixoto, curadora, doou uma Madonna esculpida por seu falecido marido, José de Sá Peixoto. Vários outros amigos e artistas se uniram ao projeto.
A construção começou em 12 de março de 2001 e culminou na inauguração em 8 de setembro do mesmo ano, o dia de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. A capela recebeu a Benção Apostólica do Papa João Paulo II de Roma e é notável por ter sido a primeira no mundo inteiramente dedicada à santa, com representações dela de várias formas.
Um Centro de Devoção e Milagres
Desde então, mais de 150 mil pessoas visitaram a capela, deixando pedidos e testemunhando graças recebidas. Os ex-votos acumulam-se como testemunho do poder de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Espera-se que a história inspire outros a construir capelas e igrejas em homenagem a essa santa que continua a tocar vidas e realizar milagres.
Reportagem sensacionalista e fantasiosa. Uma típica reportagem “encomendada” . Como paroquiano ativo e envolvido na maioria das atividades paróquias afirmo não existir essa “guerra” imaginaria proposta por nosso “sério repórter”. Afirmo ainda que nosso pároco não foi procurado em momento nenhum para comentar sobre essa “gigantesca guerra”.
Ferir a ética e os princípios jornalísticos apenas para satisfazer a agenda de pretensos católicos que colocam em evidência e escândalo sua própria igreja, esse folhetim nada mais é que uma piada.
Eu sou da comunidade. Trabalho de forma ativa na paróquia e não presenciei em tempo algum essa divergência de opinião ou que a obra fosse um problema pros paroquianos.