Após um término de relacionamento doloroso, tendemos a nos fechar e nos tornar ainda mais rigorosos com quem deixamos entrar em nossas vidas. Ficamos hipersensíveis a qualquer sinal vermelho que a outra pessoa apresente.
Você já passou por isso?
Superficialmente, isso pode até parecer uma autoproteção para nos proteger de investir nosso tempo e emoções e acabar nos frustrando novamente.
Mas será que não estamos sendo rápidos demais em descartar possíveis relações?
Quando outra pessoa nos machuca, nosso instinto é criar uma armadura e uma defesa para que isso não ocorra novamente. Isso é natural. No entanto, essa defesa pode se tornar numa muralha tão alta que impede qualquer pessoa de se aproximar ou entrar em nossa vida.
No primeiro sinal de uma possível frustração amorosa, seja uma atitude ou comportamento que chame sua atenção negativamente, você já julga e recua. Geralmente, é algo que remete ao seu último relacionamento, como falar alto ou ser frio com o garçom.
Mas, ao fazer isso, será que você não está perdendo a chance de conhecer alguém que poderia valer a pena?
Afinal de contas, falar alto não é a mesma coisa que levantar a voz, e ser frio com o garçom não é igual a ser grosso ou estúpido. Mas a similaridade com os comportamentos negativos da sua última decepção amorosa te remete a isso.
Essa hipersensibilização não ocorre somente após longos relacionamentos, mas também após diversos micro relacionamentos que não levaram a lugar nenhum e só geraram decepção.
O problema é que isso pode se tornar uma armadilha ou até numa profecia autorrealizadora, na qual você desacredita haver pessoas que valham a pena e aí descarta ao menor sinal vermelho. Essa aversão ao risco pode te levar a uma solidão influenciada pelo medo.
Veja bem, não estou dizendo para você ignorar os sinais vermelhos ou se jogar de cabeça em qualquer relacionamento. Mas talvez dar uma segunda chance, sair para um segundo encontro, para que você possa avaliar com mais precisão se vale a pena investir ou não. Às vezes, as pessoas nos surpreendem, e um começo incerto, gerado por inseguranças e nervosismo, pode se transformar em algo genuinamente bom.
Lembre-se, a cautela é sua aliada, mas não deixe que ela se torne sua prisão. Equilibrar a autossuficiência com a abertura para novas experiências pode ser o segredo para encontrar não apenas amor, mas alguém que valha a pena investir.
E para finalizar com uma reflexão ainda mais importante: vejo muitas pessoas se tornando cada vez mais autossuficientes. E não tem nada de errado nisso, mas quando isso leva a se isolar e impede de entrar em outro relacionamento, é hora de reavaliar se o seu julgamento não está apressado demais.
Vale lembrar também que a autossuficiência gerada pelo isolamento e solidão não é uma escolha e, por isso, não é uma evolução ou um processo de autodesenvolvimento. Parece bonito dizer “Eu sou autossuficiente.” Mas, se esse discurso vier de um lugar onde foi imposta pela frustração, você não é autossuficiente, você é descrente. Descrente na possibilidade de encontrar um amor.
Autossuficiência vem de um lugar genuíno de crescimento. Ela não fecha as portas para outras pessoas ou para a possibilidade de um novo amor.
Eu entendo que fazer essa distinção entre autossuficiência genuína e imposta é algo difícil, mas para te ajudar a distinguir, pense: Como me sinto quando falo que sou autossuficiente? Me sinto enobrecida, orgulhosa e forte; ou me sinto frustrada e descrente?
Está aí sua resposta.