No último mês de agosto, o bairro do Grajaú comemorou 109 anos. Essa centenária freguesia, o primeiro ‘bairro jardim’ da América do Sul, guarda muitas memórias. O DIÁRIO vai contar algumas delas. No século XVI, a região onde hoje fica o bairro do Grajaú era chamada de Andaraí Grande, ou melhor, Andarahy Grande. O território todo pertencia a padres jesuítas. Na região, a principal atividade era o plantio de cana-de-açúcar, com mão de obra escrava.
“Ao fim do século XIX, os nomes daquela região foram mudando. o ‘Andaraí Velho’ foi dando origem a Vila Isabel, Aldeia Campista e Grajaú”, frisa o historiador Maurício Santos.
O que muita gente não sabe é que o bairro do Grajaú já nasceu e cresceu projetado. Ele foi erguido, seguindo planejamentos e estudos urbanísticos da época, sobre um vale conhecido como Vale dos Elefantes, bem no sopé do Maciço da Tijuca, próximo ao Pico do Papagaio.
Após um lento desenvolvimento, que mesclava o rural e o urbano, nos anos 1920, enfim, o Grajaú ganhou forma mais completa. O nome Grajaú é uma homenagem à cidade maranhense de Grajaú, terra natal do engenheiro Antônio Eugênio Richard Junior – maranhense criado em Miracema e filho de franceses – que comprou todas as terras, projetou, construiu e urbanizou o bairro. Tudo através de sua empresa, a Companhia Brazileira de Immoveis e Construções (COBIC), uma gigante imobiliária erguida com capital franco-brasileiro nas primeiras décadas do século XX. O “engenheiro Richard”, como era conhecido – e agora eternizado no nome de uma das principais ruas do bairro – tinha uma atuação polivalente no ambiente de negócios do Rio antigo; tinha fazendas de laranja, presidia um banco e uma seguradora, e era um dos mais respeitados urbanistas de então.
“Por conta desse trabalho de Richard, muitos logradouros do bairro têm nome de cidades e rios maranhenses – Gurupi, Mearim e Itabaiana. Além disso, muitos mineiros trabalharam nas obras no Grajaú, então, ruas como Uberaba, Araxá e Juiz de Fora seguem o mesmo motivo para o batismo”, pontua Maurício. Richard aproximou-se do urbanista de renome internacional, Alfred Agache, nesta mesma época.
A empresa de Richard construiu milhares de casas na Tijuca e em Copacabana, e no Grajaú inventou uma técnica imobiliária que fez muito sucesso; a COBIC vendia terrenos, que eram pagos em muitas parcelas, mas quando a pessoa terminava de pagar, recebia sua casa pronta, construída, de acordo com o projeto aprovado. Eram diversos projetos possíveis de casa.
Em 1925, foi criada a primeira sede do Grajaú Tênis Clube. Como o espaço ficou famoso, o bairro passou a ser conhecido em toda a cidade do Rio de Janeiro.
O bairro, que nasceu planejado, sofreu, nos anos 1960, com o crescimento desordenado da cidade, que culminou no surgimento de morros e favelas. Além de também de ter sido prejudicado também pela especulação imobiliária, que gerou projetos de baixa qualidade arquitetônica em algumas vias. Nessa época, a permissão do governo para a construção de novos projetos de construção civil por meio de condomínios mudou a paisagem do bairro, afetando também sua estrutura, que remonta ao início do século XX. Antes do advento da favelização de suas encostas, o bairro tinha valores de metro quadrado semelhantes ao do Jardim Botânico, na Zona Sul, por conta de seu clima bucólico e ruas arborizadas, e era bastante concorrido.
Hoje em dia, o Grajaú é uma área bastante residencial, com comércio local e atrativos para moradores e visitantes.
O Rio de Janeiro tem que se separar do resto do Brasil para podermos investir os lucros do petróleo e gás na população fluminense.
Se continuarmos sendo parte desse país, veremos sempre os lucros do petróleo e gás sendo roubados daqui para ser investidos em outros municípios fora do nosso território.
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