Além das festividades de Ano Novo, o dia 31 de dezembro de 2023 se apresenta como uma data muito especial para os munícipes de Duque de Caxias, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro, a poucos quilômetros da capital, que comemora 80 anos de sua emancipação de Nova Iguaçu, ocorrida nesse dia, em 1943.
O município, pelo censo de 2023, conta com pouco mais de 800 mil habitantes, o terceiro mais populoso do estado e abriga o maior parque industrial do Estado, principalmente nos setores de petroquímica, estimulado pela proximidade com a Refinaria Duque de Caxias.
O território caxiense nem sempre contou com os atuais limites geográficos. Durante o período colonial, a divisão administrativa de algumas regiões era definida pela Igreja Católica, responsável por questões jurídicas, além das religiosas, assistidas por capelas implantadas nas freguesias locais, como Pilar, Estrela, Jacutinga, futuros distritos de algumas cidades da região metropolitana, como Magé ou Nova Iguaçu.
Em 31 de dezembro de 1943, através do Decreto-lei 1055, a antiga vila foi emancipada e elevada à categoria de município, com o nome de Duque de Caxias, incluindo mais dois distritos além da sede: São João de Meriti, emancipado em 1947 e Imbariê. Posteriormente, foi dividido em quatro distritos: a sede, Campos Elíseos, Imbariê e Xerém.
A denominação foi resultado de uma campanha local, considerando que Luis Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, nascera numa fazenda em seus limites territoriais.
A região, antiga rota de passagem para o sertão de Minas Gerais em busca do ouro, pela proximidade geográfica com a capital fluminense, estabeleceu profundas ligações principalmente através do transporte ferroviário.
Ainda que não conte com um século de vida independente, a região registra importantes marcos em seu patrimônio cultural distribuído por seus distritos.
Na estrada Velha do Pilar está localizada uma igreja remanescente do início do século XVIII, que testemunhou as grandes modificações locais, como o abandono do antigo porto do Pilar, local utilizado pelo imperador Pedro I durante suas visitas ao sertão fluminense.
Trata-se de uma pequena ermida dedicada a Nossa Senhora do Pilar, com partido arquitetônico semelhante a outras igrejas localizadas em Minas, através dos caminhos do ouro para Gerais. De concepção mais discreta, inclui retábulos dourados no altar-mor, se destacando das alvenarias brancas das paredes da nave principal. O bem, protegido como Patrimônio Nacional desde 1938, foi matéria neste jornal, em janeiro de 2022, de Larissa Ventura e foi reaberto ao ´público em agosto de 2023.
O município também abriga uma notável edificação setecentista, a Fazenda São Bento, localizada à Rua Benjamim da Rocha Júnior, n. 6, Campos Elíseos. Foi construída em meados dos setecentos, agregando-se a uma capela existente, provavelmente do século XVII, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1957.
É possível que esta propriedade tenha sido o núcleo inicial de ocupação do município, através dos monges beneditinos que compraram as terras de Cristóvão Monteiro, para ali instalar uma de suas muitas fazendas produtivas.
A antiga sede é composta por um bloco horizontal, com fachadas de partidos muito diferentes, destacando-se os arcos que compõe uma ampla galeria como claustros de conventos, semelhantes a outras casas senhoriais do mesmo período.
O conjunto abriga o Museu Vivo de São Bento e uma Fundação Educacional, dispostos em uma grande propriedade onde existe um sítio arqueológico em processo inicial de investigação.
Antes mesmo de sua emancipação, o frei franciscano Leandro Novak adquiriu um terreno na região central, na rua José Alvarenga, onde ergueu a igreja de Santo Antônio, inaugurada em 1939, pertencente à diocese de Barra do Piraí, situação muito comum numa época de poucas dioceses com extensos territórios.
Alguns anos depois foi adquirido um novo terreno, na atual avenida Governador Leonel de Moura Brizola, nº 1861, Centro, onde foi construída a Igreja Matriz de Santo Antônio, inaugurada em 1959, futura sede da diocese de Duque de Caxias, instalada em 1981. O templo, de grandes proporções, apresenta uma fachada com repertório neocolonial, destacando-se o coroamento em elementos curvilíneos no centro da composição e um avarandado apoiado em colunata.
A contemporaneidade também marca sua presença na sede do município, através de projetos desenvolvidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer nos primeiros anos do século XXI, entre 2004 e 2006.
No Centro, na Praça do Pacificador, junto à estação ferroviária, foi construído um Centro Cultural, composto pela Biblioteca Municipal Leonel de Moura Brizola e pelo Teatro Municipal Raul Cortez, com capacidade para cerca de 500 espectadores no auditório interno. O projeto ainda inclui uma abertura como boca de cena para praça, permitindo a realização de espetáculos abertos para a plateia.
A cidade também conta com importante patrimônio imaterial, como a tradicional feira de Domingo de Caxias, primeiro bem intangível registrado pela municipalidade.
Esta homenagem aos oitenta anos do munícipio ficaria incompleta sem citar um dos mais importantes personagens locais: o advogado, vereador, deputado estadual, deputado federal e candidato ao governador do estado em duas ocasiões, além de fundador de um jornal, A Luta Democrática, que tornou-se o terceiro maior do estado no início dos anos 1960.
Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque, nascido em Alagoas, tornou-se uma figura mítica na Baixada Fluminense, principalmente na década de 1960. Apresentava-se em público com uma capa preta, cartola e frequentemente andava armado, inclusive com a famosa “Lurdinha”, uma submetralhadora alemã MP-40, presente de um general do exército brasileiro. Sua residência tornou-se uma referência na cidade, conhecida como “Fortaleza”, respeitada ou temida pelos moradores e visitantes.
Duque de Caxias é uma jovem cidade, ainda nem centenária, mas já carrega um invejável acervo de bens materiais e imateriais, elementos fundamentais para fortalecer raízes de seus cidadãos e na história política e cultural do país.
Parabéns!
Duque de Caxias, uma cidade ainda com problemas feudais nas mãos de políticos vulgares e multi condenados como o clã Reis.
Não tem saneamento, educação, segurança e pasmem: o secretário de transportes do estado era prefeito da cidade. Uma cidade com nada que a credencie como autoridade em mobilidade.
Mas a milícia e falta de educação elege clãs como os Reis, Dica, Zito por todo estado.
Um estado feudal conforme vai se afastando da capital.