São muitas as histórias e características que marcam a cidade do Rio de Janeiro. Uma delas é grande presença de granito em nosso território. Desde os primórdios até hoje em dia.
Ainda no período colonial, os portugueses descobriram a grande presença de granito nas montanhas do Rio de Janeiro. Esse material, que era retirado das minas por pessoas escravizadas, passou a ser usado nas construções da cidade e muito ficou até hoje.
O granito era usado na estrutura de casas, igrejas, palácios e como ornamentação destas construções. E também no calçamento de inúmeras vias da cidade. Algumas mantém essa estrutura, como a do Arco do Teles e a Joaquim Silva, por exemplo.
“Ao andar por ruas antigas mais preservadas em Botafogo, Centro e Gamboa se pisa naquelas placas enormes de granito nas calçadas. Se prestar atenção, verá que a maioria dos meios-fios da cidade são igualmente de granito. Isso sem contar o antigo calçamento de paralelepípedos (granito), batentes estruturais de portas, janelas e casas dos séculos 19 e ainda do 20, também em granito. Não seria tolice imaginar que o granito era uma comoditie do século XIX tão importante quanto o aço no século 20. E o Rio de Janeiro era riquíssimo. Apesar de tudo que foi explorado, as montanhas ainda estão aí. Algumas não. Algumas foram integralmente removidas e utilizadas tanto na construção quanto nos aterros que permitiram o tecido urbano se expandir sobre o mar“, detalha um texto da página Rio que foi notícia e virou história.
De acordo com a página Rio que foi notícia e virou história, a imagem acima mostra “pedras de calçamento, recentemente removidas em Botafogo. São do início do século 19, provavelmente com mais de 180 anos“.
O granito é um material extremamente pesado. Para transportar esse material era preciso muito esforço. Abaixo uma imagem, também publicada pela página Rio que foi notícia e virou história, que mostra as carroças com rodas gigantes e reforçadas que faziam o transporte.
“Com a massa abaixo do centro de gravidade, é impossível esta carroça altíssima tombar. Possivelmente é um projeto do século 19 que merece uma pesquisa histórica por si só. Como eram fabricadas estas rodas enormes? Me arrisco a dizer que uma carroça desta vazia devia pesar três toneladas no mínimo”, pontua o texto da página.
Havia uma grande pedreira que ficava no Morro da Viúva, no Flamengo. De lá, as pedras iam para o Centro usando barcas. Desde os anos 1960, todas as pedreiras na cidade estão desativadas.
Além de Botafogo, Centro, Gamboa e Tijuca, o granito também pode ser encontrado em outros bairros do Rio de Janeiro. É o que conta o guia turístico e especialista no assunto Bruno Toussaint Pereira.
“O nome específico do material é GNAISS. Na Zona Norte também pode ser encontrado em Vila Isabel, São Cristóvão, Del Castilho e na Zona Sul, no Catete, Flamengo, Laranjeiras até Botafogo. Os bairros mais novos da Zona Sul, como Copacabana, Ipanema e Leblon, não têm. Em todos estes bairros, inclusive o Centro, existem pedreiras desativadas desde os anos 1930 e 1940”.
Ainda pisamos, em algumas ruas mais antigas da cidade, nessas pedras. Caminhamos – e seguimos – na história do Rio.
“O Rio, por ser a única cidade do Brasil (e talvez no mundo) com uma quantidade enorme de morros e pedreiras, tem esse enorme acervo de construções usando o granito“, explica Toussaint.