A emblemática Torre H, conhecida como Torre Abraham Lincoln, projetada pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, está prestes a retomar vida no cenário residencial da Barra da Tijuca, após décadas de abandono e disputas judiciais. A incorporadora Capital 1 assumiu 85% dos apartamentos, obtidos em leilões da massa falida e negociações com os compradores originais. Agora, busca reocupar o edifício, renomeado como Niemeyer 360º Residences.
Com o objetivo de entregar o prédio em 2025, a empresa conta com a colaboração dos proprietários dos 15% restantes, os quais pagam uma taxa extra mensal para se beneficiar da aquisição passada. Os custos totais para a reforma e inauguração giram em torno de R$ 150 milhões, sendo que aproximadamente R$ 70 milhões já foram investidos, conforme informado por Antonio Carlos Osório, sócio da Capital 1.
Desde novembro, os futuros apartamentos, que variam de estúdios de 40 m² a duplex de 80 m², podem ser adquiridos, com preços a partir de R$ 620 mil. A Valor Geral de Vendas (VGV) estimada é de R$ 280 milhões. O metro quadrado das unidades residenciais deverá custar entre R$ 16 mil e R$ 21 mil. Serão construídas 448 unidades com varanda, além de três subsolos de garagem e uma área de lazer no térreo, com piscina de borda infinita, sauna, SPA, academia, quadras para beach tênis, espaço gourmet, entre outros. O projeto de modernização da fachada está a cargo de Paulo Sérgio Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer, o único da família a permanecer na arquitetura.
A torre, com seus 120 metros de altura, havia recebido laudos indicando riscos à estrutura devido à corrosão e à falta de manutenção. A Defesa Civil do Rio realizou duas vistorias nos últimos dois anos, sendo a última em dezembro de 2023, constatando a obra em andamento. Um laudo particular da incorporadora assegura a segurança da torre.
O sócio do empreendimento reitera o compromisso de concluir a torre H até o final de 2025, encerrando décadas de existência como esqueleto no coração da Barra da Tijuca.
Abandono por 40 anos
O projeto original, denominado Athaydeville, data do final da década de 1960 e início de 1970, concebido pela Desenvolvimento Engenharia de Múcio Athayde. A Barra, na época um areal, testemunhou a ambição do empresário de erguer 76 torres cilíndricas residenciais interligadas. A crise financeira da empresa e a paralisação das obras em 1984 impediram a concretização do audacioso plano, tirando somente três projetos do papel – duas na Avenida das Américas e uma torre na Avenida Lúcio Costa, na orla da praia.
Ao longo de quatro décadas, a Torre H viu seu completo abandono, deterioração e disputas judiciais, tornando-se símbolo de uma visão grandiosa que nunca se materializou. Agora, com a iniciativa da Capital 1, ela se prepara para escrever um novo capítulo em sua história, ressurgindo como um marco arquitetônico na Barra da Tijuca.