Poucas pessoas sabem, mas antes de gritar “olé” em uma partida de futebol, boa parte da população do Rio de Janeiro já berrou a palavra em touradas. O esporte que divide opiniões já foi extremamente popular na Cidade Maravilhosa.
As primeiras touradas do Brasil aconteceram no século XVII e sempre seguiam datas importantes para a coroa, como feriados ou quando um monarca casava ou nascia. Por serem populares na Espanha e em Portugal, se popularizaram aqui conforme os europeus foram se instalando no país.
Todavia, esses eventos começaram a ganhar força em terras tupiniquins no século seguinte, quando a capital veio para o Rio de Janeiro. Aqui na Cidade Maravilhosa, tudo teve início em São Cristóvão. No entanto, os principais palcos das touradas eram o Campo do Santana e a Arena dos Touros, que ficava em Laranjeiras, na Rua Ipiranga.
Fogos de artifício, música, dança e muitas bebidas alcoólicas eram marcas registradas dos caros eventos que ocorriam no Campo do Santana: “Durante as corridas de touros, diariamente, compareciam cerca de 10 mil pessoas. Isso quando a população da cidade do Rio sequer atingia 50 mil pessoas” conta o jornalista Athos Moura em seu blog no site do jornal O Dia.
Em 1808, após a chegada corte real portuguesa ao Brasil, as touradas tiveram seu auge. Auge de tamanho, popularidade e de gastos. Houve touradas que chegaram a custar ao que hoje equivale a R$ 1.170.000,00, como informa Athos Moura no mesmo texto.
Muitos jornais da época mostravam a empolgação da população do Rio com as touradas. Em 1896, o periódico Sol e Sombra publicou: “O Rio de Janeiro só agora pode assistir a verdadeiros torneios e perceber a graça bizarra e todo o encanto deste divertimento popular (touradas), porque só ele tem o condão estranho de confundir, no mesmo momento, o entusiasmo do homem rude do povo com o do mais correto homem do mundo”.
Entretanto, as touradas não eram unanimidades. Já nos séculos passados existiam grupos que questionavam uma possível violência contra os animais. Até famosos intelectuais opinaram sobre a polêmica.
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“E querem saber por que detesto as touradas? Pensam que é por causa do homem? Ixe! É por causa do boi, unicamente do boi. Eu sou sócio (sentimentalmente falando) de todas as sociedades protetoras dos animais. O primeiro homem que se lembrou de criar uma sociedade protetora dos animais lavrou um grande tento em favor da humanidade” escreveu Machado de Assis em uma de suas crônicas, publicada no ano 1877.
Por serem eventos caros e que eram bancados por uma cada vez menos rica corte portuguesa, as touradas foram perdendo força. Em 1821, a arena do Campo de Santana foi fechada.
Um último suspiro aconteceu décadas depois desse fechamento. Ainda que de forma diferente, as touradas voltaram a acontecer. Os festejos foram profissionalizados, ingressos eram cobrados e patrocinadores expunham suas marcas.
Essa profissionalização não foi suficiente. As touradas acabaram definitivamente no Rio de Janeiro em 1907, quando o prefeito da cidade Sousa Aguiar fez um decreto que proibia essa prática na Cidade Maravilhosa. Ficou a história.
Muchas gracias por esta historia, muy similar en tiempo y forma a lo ocurrido en Montevideo.