Caros amigos leitores do Diário do Rio!

Conforme prometido, vamos a algumas questões de consulentes que foram enviadas ao CEFIL-UERJ, com as respostas que nossa equipe elaborou.

Lembramos, mais uma vez, que todos podem escrever enviando suas dúvidas para o e-mail cefiluerj@gmail.com. O serviço é gratuito e respondemos com muita rapidez.

As dúvidas desta coluna, em seguimento à teoria que apresentei na coluna anterior, serão sobre vírgula.

Na semana que vem, prosseguiremos com teoria sobre pontuação gráfica e, em outra coluna, com questões de leitores enviadas a nós, devidamente respondidas.

Bons estudos!

Marcelo Moraes Caetano

DÚVIDA 1:

“NO TOCANTE À PROVA, ACHEI-A FÁCIL.”

       PREZADOS , TENHO AS DÚVIDAS ABAIXO :

         1 ) A CRASE DEVE OCORRER ?

         2 ) A VÍRGULA É OBRIGATÓRIA ?

RESPOSTA 1:

Segunda a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, o emprego do “A” com crase se dá quando representa fusão da preposição “a” com o artigo definido feminino “a”, ou da preposição “a” com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo.
Na construção enviada pelo e-mail, crase há, pois se juntam o “a” preposição com o “a” artigo da palavra feminina “prova”, formando crase.
Em relação ao uso da vírgula, é obrigatório, pois existe um adjunto adverbial deslocado da ordem direta.

Atenciosamente,
CEFIL.

DÚVIDA 2:

“SR . DIRETOR, PEÇO-LHE QUE ANALISE AS REIVINDICAÇÕES  DE  MORADORES DO MÉIER, REFERENTES À FALTA DE ÁGUA.”

    DOUTOS AMIGOS DO  CEFIL ,  O FATO DE O ADJETIVO ” REFERENTES ”  ESTAR DISTANTE , OU SEJA , NÃO ESTAR AO LADO  DO SUBSTANTIVO  A QUE SE REFERE  (REIVINDICAÇÕES)  TORNA A SEGUNDA VÍRGULA OBRIGATÓRIA ?

RESPOSTA 2:

Caro,
Em relação ao uso da vírgula questionada, ela não é obrigatória, mas é preferencial. Isso porque o termo substantivo (“reivindicações”) está um pouco distante do termo adjetivo (“referentes”).

Atenciosamente,
CEFIL.

DÚVIDA 3:

1 ) “A RUA ONDE MOREI PRECISA DE OBRAS.”

      2 ) “O  MOTORISTA  FOI  ENCAMINHADO AO HOSPITAL, ONDE PASSOU POR VÁRIOS EXAMES.”

        AMIGOS DO CEFIL , POR QUE , NA FRASE Nº 1 , NÃO OCORRE A VÍRGULA ANTES DA PALAVRA ” ONDE ” E  POR QUE RAZÃO , NA FRASE 2 , A VÍRGULA ANTES DA PALAVRA  ” ONDE ” É OBRIGATÓRIA ?

           OBRIGADO

RESPOSTA 3:

Caro,
Não há necessidade de vírgula no primeiro enunciado porque o sentido do substantivo “rua” é restringido pela oração “onde morei”. Ou seja, fala-se especificamente de uma rua, e não de outras quaisquer, o que torna a oração “onde morei” adjetiva restritiva, que é o tipo de oração que, como dissemos, restringe um substantivo, particularizando-o entre outros semelhantes: é uma rua específica entre outras tantas ruas que existem..
No segundo enunciado, o sentido da primeira oração “O motorista foi encaminhado ao hospital” está completo, pois levaram o motorista a um lugar onde tratam de pessoas (hospital), já o sentido da segunda está totalmente dependente da primeira “onde passou por vários exames”, ou seja, “quem passou por vários exames”? “Onde”? Estas são perguntas que só podem ser respondidas pelas informações presentes na primeira oração. Desse modo, a oração “onde passou por vários exames” tem a função exclusiva de explicar a primeira oração, dando-lhe uma espécie de suporte semântico (de significado).

Observe que esta oração, entretanto, poderia ter vindo sem vírgula, o que modificaria um pouco o sentido do período. Se o período viesse sem vírgula, assim como aconteceu com a primeira frase que você trouxe à indagação, estaríamos restringindo o “hospital”, particularizando-o, deixando claro que enfatizamos tratar-se de um hospital específico no meio de vários outros.
Portanto o uso da vírgula gera uma espécie de aposto explicativo. Se não houvesse vírgula, gerar-se-ia uma espécie de adjunto adnominal restritivo.
Para melhor compreensão, indico a leitura da Nova Gramática do Português Contemporâneo (CUNHA, 1985, p. 588-589).
Atenciosamente,
CEFIL.

DÚVIDA 4:

             “SEM MAIS, POR ORA, SUBSCREVO-ME.”

            AMIGOS, A EXPRESSÃO “POR ORA”, DA CONSTRUÇÃO ACIMA, DEVE FICAR OBRIGATORIAMENTE ENTRE VÍRGULAS ?

RESPOSTA 4:

Veja o que a Nova Gramática do Português Contemporâneo (CUNHA, 1985, p. 626-632) diz:

“A VÍRGULA
A vírgula marca uma pausa de pequena duração.
1. No interior da oração serve:
1°) Para separar elementos que exercem a mesma função sintática (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando não vem unidos pelas conjunções e, ou e nem.
2°) Para separar elementos que exercem funções sintáticas diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular a vírgula é usada:
d) para  isolar o adjunto adverbial antecipado:
À noite, às vezes, fazia barulho.
CONCLUSÃO:

Finalizando as nossas observações, devemos acentuar o seguinte:
a) toda oração ou termo de oração de valor meramente explicativo ocorre entre pausas; por isso, são isolados por vírgulas, na escrita;”
Podemos pensar então que a construção enviada se assemelha ao primeiro e ao segundo caso, já que temos consecutivamente dois elementos com a mesma função sintática “Sem mais, por ora, subscrevo-me”.
O que acontece é que, pelo fato de os termos sublinhados formarem uma unidade semântica, visto que é comum ocorrerem juntos em um mesmo enunciado, a vírgula que separa uma expressão da outra não é propriamente obrigatória — o que não exclui a possibilidade do uso.

Atenciosamente,

CEFIL

Advertisement

Receba notícias no WhatsApp