O Hospital São Lucas, localizado em Copacabana, deu um passo significativo na medicina ao realizar o primeiro caso de tratamento da insuficiência tricúspide com o dispositivo TricValve. Este avançado procedimento realizado em terras cariocas, pioneiro em todo o país, utilizou um modelo tridimensional impresso da angiotomografia para um planejamento preciso, resultando em um sucesso notável com a reversão do padrão de fluxo das veias supra-hepáticas ao eco.
O Dr. Alexandre Siciliano, cirurgião cardiovascular e Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, compartilhou detalhes do procedimento para o DIÁRIO DO RIO. O sistema TricValve consiste em duas válvulas biológicas autoexpansíveis, implantadas através da virilha com orientação de fluoroscopia. O procedimento destina-se a pacientes com insuficiência da válvula tricúspide e insuficiência cardíaca sintomática grave, que são considerados de risco cirúrgico extremo/alto ou não são candidatos às terapias cirúrgicas abertas.
Este tratamento representa uma esperança para pacientes que anteriormente não tinham opções viáveis de tratamento cirúrgico convencional. Os principais benefícios incluem a melhoria da qualidade de vida, redução da carga de medicamentos e frequência de internações hospitalares por descompensação clínica. Além disso, o procedimento é de baixo risco em comparação com a cirurgia convencional.
O procedimento é relativamente simples, envolvendo a liberação controlada do dispositivo, que é recapturável com implantação de até 80%. Este avanço proporciona uma solução eficaz para muitos pacientes, evitando a necessidade de cirurgias invasivas e prolongadas.
Um aspecto notável desse procedimento é a utilização da impressão 3D para o planejamento cirúrgico, permitindo uma abordagem precisa e personalizada para cada paciente. Esse avanço tecnológico destaca-se como um exemplo prático da aplicação da impressão 3D na medicina, permitindo um melhor entendimento da anatomia do paciente e garantindo resultados mais precisos. “Fazemos os moldes em 3D no laboratório DASA-PUC. O que esses moldes 3D permitem é fazer cirurgias sem abrir para olhar onde estão todas as estruturas, que sempre mudam de um indivíduo para outro. Assim, foi feita uma substituição de válvula tricúspide sem abrir o tórax, sem fazer circulação extracorpórea. Então, diminui muito o risco para o paciente.”, disse com exclusividade ao DIÁRIO a médica Dulce Pugliese, acionista majoritária e presidente do Conselho de Administração da Dasa, que é a empresa dona do hospital.
Em linha com essa inovação, a Dasa realizará um simpósio virtual sobre “Impressão 3D na Prática Clínica em Cardiologia”, no dia 25 de março de 2024, das 19h30 às 20h30. O evento contará com a participação de especialistas renomados, discutindo os fundamentos, aplicações e casos práticos da impressão 3D na cardiologia. O evento será online e gratuito.