Um novo capítulo na história do Bairro do Recife, na região central da capital pernambucana, está prestes a começar com a chegada do REC Cultural. Trata-se de uma região muito semelhante à histórica região da Praça XV, no Centro do Rio, e que também tem a proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Um projeto ambicioso vai surgir na emblemática região da capital, que trará um centro dedicado à arte, cultura, educação e lazer, além de um restaurante único em um inusitado formato de zeppelin, que será construído em cima de dois prédios históricos tombados, próximos ao famoso Marco Zero, que foram selecionados para receber esta iniciativa, autorizada recentemente pelo superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em Pernambuco, Jacques Ribemboim.
Embora inicialmente tenha enfrentado resistência devido às preocupações com a descaracterização dos prédios históricos, o projeto foi agora aprovado com a condição de que o restaurante em forma de zeppelin seja “reversível e temporário”. Essa decisão, segundo especialistas, garantirá que a preservação do patrimônio seja respeitada ao longo do tempo, com revisões periódicas a cada cinco anos. Uma das maiores preocupações dos empreendedores que ocupam imóveis em regiões totalmente tombadas, como a Praça XV no Centro do Rio – que é Conjunto Tombado Nacional – são os severos limites impostos pelo órgão federal. “Em alguns casos, imóveis históricos acabam não sendo vendidos, mesmo barato, por conta do medo que os investidores têm das exigências do IPHAN“, diz o corretor de imóveis Marcos Queiroga, que atua no Centro do Rio.
“Há casos, no Rio, de terrenos liberados para a construção de edifícios pela Prefeitura em que o IPHAN vem decidindo proibir edificações, por conta do que o órgão considera alteração na ambiência e na paisagem”, afirma um arquiteto especializado, que prefere não se identificar. Enquanto isso, em Recife, o órgão parece ter tomado uma postura mais atrativa a negócios que possam viabilizar a utilização de imóveis tombados, que acabam por vezes se transformando em ruínas face à rigidez de autoridades encarregadas do patrimônio cultural.
Além do restaurante inovador, o REC Cultural oferecerá espaços para exposições de artistas locais, uma loja do museu, uma área de café e lanchonete, auditório, biblioteca, laboratório e salas de aula. O projeto é liderado pelo Centro de Integração Social e Cultural José Cantarelli, uma organização sem fins lucrativos dedicada à inclusão social por meio da cultura e educação.
Enquanto o debate sobre o projeto continua, o Instituto de Arquitetos do Brasil em Pernambuco (IAB-PE) expressou preocupações com a preservação dos edifícios históricos. No entanto, a Prefeitura do Recife emitiu orientações favoráveis à criação do espaço cultural, desde que fossem seguidas as diretrizes de preservação do patrimônio.
O REC Cultural promete enriquecer não apenas a paisagem urbana do Bairro do Recife, mas também gerar oportunidades de emprego e inclusão social. Segundo as instituições que idealizaram a inovação, este projeto representa um passo significativo na promoção da arte e da cultura na região, reforçando a história e a identidade cultural do município pernambucano.
Poucos empreendedores sabem, mas ao se instalar e fazer reformas em imóveis que integram Conjuntos Tombados Nacionais protegidos pelo IPHAN, como por exemplo no Arco do Teles, não basta licenciar a obra e obter o Alvará junto à Prefeitura. Os projetos devem ser sempre aprovados pelo órgão federal de patrimônio.
Cruzes! Que aberração de mal gosto.