O bairro do Santo Cristo, na região portuária do Rio de Janeiro, está passando por uma grande mudança urbana, impulsionada por uma série de novos empreendimentos comerciais e residenciais que estão surgindo em terrenos antes abandonados e subutilizados. Essa mudança de cenário é parte integrante do Projeto Porto Maravilha, que se iniciou sob a gestão de Eduardo Paes e ganhou impulso com a vitória da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e participar da Copa do Mundo de 2014.
O projeto teve como objetivo tornar a região central do Rio de Janeiro um produto competitivo, adotando medidas como os “choques de ordem” promovidos pela Secretaria de Ordem Pública, que visavam à “limpeza” da cidade. Essas ações incluíram a repressão ao trabalho informal, o recolhimento da população de rua e a demolição de prédios que poderiam se tornar ocupações, além da construção dos chamados “ecolimites” para conter o crescimento das favelas, resultando na restauração da autoridade municipal.
A revitalização associada à Zona Portuária adotou uma abordagem de loteamento com espaços renovados, policiamento reforçado, limpeza urbana, impactando positivamente o centro da cidade como um todo. A criação de bulevares, a implementação do VLT e sua integração com o metrô, bem como a transformação da Avenida Rodrigues Alves em Boulevard Olímpico, conectando a Praça Mauá à região da Rodoviária e à Praça XV através da Orla Conde, foram algumas das mudanças.
Entretanto, mesmo com essas transformações, a região central da cidade deixou de ser um atrativo para moradores ao longo dos anos, o que afetou negativamente o comércio local. O Projeto Reviver Centro, implantado pela Prefeitura do Rio após o impacto da pandemia do coronavírus, trouxe um novo fôlego para a região, incentivando a abertura de novos empreendimentos e a construção de novos condomínios.
O bairro do Santo Cristo, em particular, despertou o interesse de construtoras devido à sua proximidade com uma ampla gama de opções de lazer e trabalho, além de contar com uma rede de transporte e mobilidade bem desenvolvida. Nos últimos três anos, sete empreendimentos residenciais foram planejados para a área, refletindo um crescimento significativo no interesse pelo bairro.
Um desses empreendimentos, o Rio Wonder, localizado nas proximidades da Rodoviária Novo Rio, está programado para entregar suas chaves em maio, enquanto outros seis estão previstos para transformar a região até 2027. Estima-se que, com a conclusão desses projetos, o Santo Cristo possa receber mais de 21 mil novos moradores, representando um aumento populacional de 60% em relação aos números atuais. Além do Rio Wonder, o Porto ainda vai receber novos moradores de outros condomínios já em obras e projetos firmados, como o Pateo Nazareth, o Porto Carioca, o Epicentro Cury, o Baía Residences e o Residencial Heitor dos Prazeres. Este último, ocupará um esqueleto abandonado há 10 anos no acesso para à Linha Vermelha. A construtora Cury fechou um acordo com a Caixa Econômica Federal e a empresa Porto 2016 Empreendimentos Imobiliários, parceiras no projeto, e comprou o imóvel. A empreiteira pretende retomar o canteiro de obras no segundo semestre de 2024. O condomínio, que fica perto de uma estação do VLT e da Avenida Francisco Bicalho, terá também unidades comerciais. Este será o primeiro residencial naquele trecho do bairro, já que os outros que devem ser inaugurados nos próximos meses são mais próximos das ruas Equador e Cidade de Lima.
Além dos empreendimentos já em andamento, um outro projeto interessante surgiu em uma área bem próxima dali. Um antigo prédio na Rua Sacadura Cabral, no bairro da Gamboa, será transformado em um condomínio residencial com 160 unidades, mantendo parte de suas características originais em estilo art déco. Com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2024, esse empreendimento promete revitalizar a região da Pedra do Sal, berço da cultura e do samba carioca.
