Executivos de grandes empresas querem volta ao trabalho presencial ‘full time’

CEOs de grandes empresas como Carol Tomé, da UPS, e Elon Musk, da Tesla, têm exigido o retorno dos seus trabalhadores ao escritório

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Imagem meremante ilustrativa do escritório da InvestSmart, no Centro do Rio, antes da pandemia - Foto: Divulgação

O mundo corporativo empenhou imensos esforços para não somente sobreviver à pandemia mas também manter as suas margens de lucros. O trabalho remoto foi uma alternativa encontrada pelas empresas durante a crise sanitária internacional. Com a distensão do perigo, as corporações voltaram às atividade presenciais tendo como uma das alternativas o jornada híbrida. A medida, atualmente, é questionada pelas maiores empresas do mundo.

Caso da UPS, empresa norte americana de remessas e encomendas. A diretora-executiva (CEO) da instituição, Carol Tomé, por exemplo, anunciou a demissão de 12 mil dos seus 85 mil gerentes e o esperado retorno de todos os funcionários ao trabalho presencial cinco dias por semana.

A iniciativa não foi bem-vista pelos trabalhadores que sempre afirmam desempenhar as suas atividades de forma integral e sem perda de produtividade, embora não seja o que as empresas constatam. Executivos de outras empresas e professores de universidades de renome afirmam que o posicionamento é radical e que não se pode eliminar trabalho híbrido e remoto totalmente.

É o caso da professora Colleen Flaherty Manchester, Departamento de Trabalho e Organizações da Escola de Administração Carlson da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, para quem o trabalho híbrido “passou a ser essencial” e que abandoná-lo seria “andar para trás”.

Diante da resistência dos empregados – “quem quer perder a moleza e a falta de controle?”, disse uma executiva de RH ao DIÁRIO – um ou outro CEO recuou nas decisões tomadas de retomar agora o trabalho presencial full time nos escritórios. Mas como era óbvio, isso não impediu que muitas corporações emitissem comunicados de recomendação de volta ao trabalho presencial cinco vezes por semana, como a JP Morgan Chase, Goldman Sachs e o Citigroup, que exigiram o retorno dos seus funcionários às suas bases durante toda semana. A Boeing, do setor de aviação, enveredou pelo mesmo caminho. Executivos de outras grandes organizações também estão considerando adotar a mesma medida.

A iniciativa, entretanto, tem gerado perplexidade em estudiosos do mundo corporativo, como Stephen Meier, chefe da divisão de administração da Escola de Negócios Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos, que veem a retomada do trabalho presencial como “um retrocesso”. Para Meier, existe um ponto de convergência entre as corporações que pedem a volta aos escritórios: funcionam com táticas de gestão de linha-dura.

“Você não pode manter o mesmo estilo de liderança que você tinha antes [da pandemia]”, afirma ele. “Você precisa realmente empoderar [os funcionários]… E acho que alguns líderes simplesmente se acostumaram com um certo modelo de comando e controle”, teria dito Stephen Meier, como reportou a “BBC News”.

O professor citou o caso do CEO da Tesla, Elon Musk, crítico de primeira hora do trabalho remoto, que deu um ultimato aos seus funcionários em 2022 de “apareça ou se demita”. Em 2023, durante uma entrevista à rede de TV CNBC, Musk disferiu comentários agressivos contra os empregados que pleiteiam horários de trabalho flexíveis, dizendo que, especialmente, os da “classe do laptop” estavam “vivendo em La La Land”.

O posicionamento de Elon Musk, para o professor de economia Nicholas Bloom, da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, reflete como Musk vê o trabalho: a “sua vida é sua empresa”.

“Se você for Elon Musk, você basicamente quer passar cada minuto acordado e trabalhando. É o lugar onde a sua mente se concentra. Você adora aquilo. É a sua carreira. É a sua aspiração, onde todo o seu dinheiro está investido.” Alguns CEOs com esta mentalidade esperam o mesmo dos seus funcionários: ‘se eu voltei, você também vai’”, explicou o professor.

Jamie Dimon, da JPMorgan Chase, exigiu a volta dos funcionários às suas mesas em julho de 2023. Na ocasião, o diretor executivo afirmou que se os trabalhadores quisessem incluir a marca JPMorgan Chase em seu currículo teriam que voltar ao trabalho presencial full time.  

“Entendo totalmente por que alguém não quer enfrentar uma hora e meia de transporte todo dia”, declarou ele. “Entendo totalmente… mas isso também não quer dizer que eles precisam trabalhar aqui”, observou Dimon.

Para o professor de administração de empresas Prithwiraj Choudhury, da Escola de Negócios da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, a maioria das organizações vão perceber que assumir posições no estilo linha-dura gera mais problemas que soluções. A tendência é que elas sejam flexíveis.

“Acho que nenhuma empresa no mundo de hoje pode impor uma política contra os talentos”, afirma Choudhury. “Simplesmente não vai funcionar. Você irá sentir a dor. Você irá ver algumas das suas melhores pessoas saírem. E, então, haverá uma correção de curso”, pontuou Choudhury..

Com Informações: BBC News

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6 COMENTÁRIOS

  1. Infelizmente para muitos profissionais da comunicação como pessoas em geral veem o que acontece nos EUA e alguns punhados de CEOs de corporações desse país como exemplo para tudo e ignoram o que se passa no mundo todo em especial países europeus e asiáticos desenvolvidos…

  2. O trabalhador brasileiro é super explorado pelos patrões. Prova disto é o comparativo com trabalhador europeu na média anual de horas trabalhadas.
    Brasileiro passa de 2100 horas.
    Europeu é inferior a 1900 horas.

    Ou seja, enquanto a média do brasileiro são 44 horas semanais, os europeus trabalham cerca de 36 horas.

    Mais recentemente, há empresas europeias e mesmo no setor público, até mesmo outros países desenvolvidos asiáticos, com regimes de trabalho adotados de 4 dias trabalhados por 3 de folga.

  3. Eu não volto para trabalho presencial 5x nem a pau, tô muito bem indo 1x a cada 15 dias e morando em outra cidade bem mais tranquila que o RJ. Não volto pro RJ, enfrentar 2h de trânsito, assaltos, barulheira e etc.

  4. É a escravidão contemporânea que alguns filhos e netos de ditaduras insistem em manter. Pessoas ocupadas com besteiras não têm tempo de pensar em realidades diferentes que possam prejudicar lucros dos abastados de sempre. Uma vergonha para a humanidade!

  5. Ué, mas dias atrás este mesmo site não estava colocando notícia de que a produtividade no home office havia caído? kkkkk, tá na cara que tudo isso é mera torcida! A tendência é o máximo possível de trabalho ser remoto, e-commerce, internet banking, delivery, EAD, enfim, existe toda uma economia em volta das atividades a distância, por mais que chefes narcisistas reclamem, é um caminho sem volta!

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