Uma quantidade impressionante de moscas aparece todos os dias em casas, comércios e áreas verdes que ficam na região do Brejal (Juriti), em Petrópolis, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. Segundo moradores e trabalhadores da área, o motivo da infestação é a Granja Raposo, localizada na Estrada Arnaldo Dickerhoff.
Ainda de acordo com pessoas que estão todos os dias no local, a infestação se dá pela falta de remédio na ração das galinhas da Granja Raposo, o que acaba atraindo os insetos.
“É um assunto que já cansei de falar. Não aguento mais. Toda hora é a casa cheia de moscas”, disse um vizinho à Granja Raposo que preferiu não ter o nome citado na reportagem.
Outro homem que mora perto do local gravou um vídeo relatando que em pouquíssimo tempo, mesmo depois de uma limpeza, a sua residência já estava totalmente tomada de moscas.
“No Carnaval desse ano, uma pessoa que estava hospedada em um condomínio da vizinhança pegou berne“, contou um morador. Berne é uma manifestação parasitária que é causada por larvas de uma mosca varejeira.
Depois de inúmeras denúncias dos moradores e uma solicitação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o Instituto Nacional do Meio Ambiente (Inea) realizou uma vistoria na granja, no dia 28 de junho de 2023, na qual foram constatadas irregularidades.
No documento, o Inea cita que a vistoria foi realizada com o responsável pela granja, composta por quatro aviários de aves vermelhas e brancas, criadas para a produção de ovos. Inea informou que “a empresa está operando sem o devido licenciamento, não sendo apresentada a licença de operação durante a vistoria, já que a mesma ainda está em processo de requerimento“. O Instituto, ainda, constatou animais mortos, além de uma fossa com pequenas aberturas para descarte das galinhas. Também foi apontada falta de espaço adequado para as necessidades básicas dos funcionários.
“Sempre há um liminar que estende o prazo para ele e há anos operam irregularmente“, afirmou outra pessoa que mora na região.
“Parece que a granja está paulatinamente mudando de galinhas engaioladas para o chão. Mas há um galpão, isolado, fora da unidade principal onde ainda há muitas galinhas engaioladas e esse galpão é um galpão que os órgãos públicos têm muita dificuldade em vistoriar“, garante outro vizinho.
Procurado pela reportagem para atualizar a situação, o Inea respondeu que “a disseminação de moscas pela comunidade deve-se à distribuição de camas de frango (acúmulo de restos de ração, fezes e penas misturada à serragem do chão das granjas) por uma empresa localizada na região do Brejal, em Petrópolis, aos agricultores locais, que as utilizam como fertilizante. A pasta ambiental autuou a empresa e proibiu a doação de cama de frango. Posteriormente, foi realizada nova vistoria e a pasta ambiental identificou que a empresa realizou adequações no seu processo produtivo com novo formato de acondicionamento das aves, o que resultou na diminuição da quantidade de moscas nos galpões e imediações. O Inea informa ainda que novas vistorias serão realizadas para acompanhamento das medidas de controle ambiental. Cabe ressaltar que o Inea analisa o requerimento de licença ambiental da empresa e a notificou a apresentar documentos, regularizar a utilização de recurso hídrico (poço) e adequar as estruturas produtivas”.
A Vigilância Sanitária de Petrópolis também foi solicitada pelo DIÁRIO DO RIO para comentar a infestação. No entanto, até a publicação do texto não havia enviado resposta.
A reportagem tentou, mas não conseguiu falar com os responsáveis pela Granja Raposo.