Promoção da cultura preta, em um ambiente inclusivo, é a proposta do grupo Poeira Pura, que se apresenta, a partir das 21h, desta sexta-feira (10), no Cais da Imperatriz, no bairro da Saúde, na região central da cidade. Responsáveis pelo projeto, os sambistas cariocas Rogério Família e Mateus Professor, propõem a construção de novas estéticas visual e discursiva para o samba.
Rogério Família explica que o Poeira Pura quebra a estrutura da roda de samba tradicional, com o seu distanciamento entre o público e os sambistas, além das apresentações pouco intimistas. Segundo Família, o que o grupo propõe acima de tudo é revalorização da ancestralidade, com todas as suas manifestações materiais e imateriais.
“Somos conhecidos no cenário musical e cultural por propor uma roda de samba mais intimista, onde os músicos e o público dividem o espaço lado a lado e onde as letras são cantadas no gogó. Nos apresentamos sem microfones, para manter a autenticidade e a essência do samba. Em nossas apresentações, todos ficam no mesmo nível: sambistas, músicos e público. Diferente da proposta dos shows de palco, onde o público contempla, com uma certa distância, a demonstração artística. Nosso objetivo com o conceito inédito apresentado pelo Poeira Pura é reforçar a nossa ancestralidade através do som, do ambiente, das luzes e do público. Nossa roda de samba é assim como os Candomblés, é o lugar onde as Deusas e os Deuses vêm cantar, beber, dançar e celebrar juntinhos da gente”, esclarece Rogério Família.
O sambista destaca que o trabalho do Poeira Pura vai além do entretenimento puro e simples, com o samba sendo cantado como um “gênero musical sempre alegre, cordial e dócil”. Rogério pontua que o objetivo do grupo é “incomodar, cutucar feridas, propor debates sobre a sociedade, moldando uma nova estética e, principalmente, buscando uma nova sonoridade para o samba”.
A inclusão e a diversidade são pontos fundamentais na formatação da roda de samba do Poeira, que acolhe e incentiva a participação do público LGBTQIA+ em suas apresentações.
“Uma roda de samba ainda é vista como um ambiente heteronormativo, por isso criamos uma comunicação que pode ser chocante e disruptiva para quem entende o samba com lugar exclusivo para um certo seguimento social, homens e mulheres cis hetero, por exemplo”, reforça Rogério Família.
A proposta tem dado certo e tem sido abraçada por pessoas não só da comunidade LGBTQIA+, mas também por simpatizantes, ou por amantes de uma boa roda de samba, simplesmente. Artistas representativos da cultura preta brasileira, como as cantoras Liniker, Luedji Luna, Tássia Reis, e o compositor Cleber Augusto, já prestigiaram a criativa roda de samba.?
Com uma agenda de shows intensa no eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, o grupo Poeira Pura é certeza de sucesso e casa lotada, com a comercialização total dos ingressos no mesmo dia do início das vendas.
“Normalmente nossos ingressos esgotam no mesmo dia que abrimos as vendas, estamos sempre recebendo mensagens do público falando que não conseguiram comprar por alcançarmos a capacidade máxima do espaço de uma forma muito rápida. Temos um público estimado em 3 mil pessoas entre o eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, e estamos esperando a participação de 600 pessoas somente no Rio. Pela alta demanda, estamos sempre promovendo nossas rodas na cidade e outras capitais”, finaliza Rogério Família.
O Cais da Imperatriz abre às 20h. As atividades vão até às 3h da madrugada e contam ainda com a participação do DJ Fidelis.
O ingresso custa R$ 20,00 (+ R$ 2,50 taxa) e pode ser comprado no site Sympla.
O Cais da Imperatriz fica Rua Sacadura Cabral, 145, na Saúde.
