Três novos sítios arqueológicos foram identificados recentemente em Niterói, todos localizados nos bairros de Itaipu e Camboinhas, na Região Oceânica. Essas descobertas surgiram de um trabalho conjunto entre pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas Indígenas (NuPAI) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O estudo, que teve início há três anos, foi impulsionado pela necessidade de redefinir a localização da Duna Pequena do Sambaqui de Camboinhas, catalogada na década de 70 pelo Museu de Arqueologia de Itaipu (MAI). Essa revisão revelou um rico e complexo sistema de ocupação humana ao longo de mais de sete mil anos.
Os sítios recém-descobertos, denominados Lagoa de Itaipu, Sururu Pequeno e Jacuné, agora dobram o número de locais arqueológicos na região, aumentando de três para seis. Juntamente com a já conhecida Duna Pequena e o Sambaqui de Camboinhas, o cinturão arqueológico local também inclui a Duna Grande, em Itaipu.
O professor Anderson Marques Garcia, coordenador do estudo, liderou a coleta de mais de 40 artefatos, que atualmente estão sendo analisados no laboratório de radiocarbono da UFF. Esses artefatos variam desde dentes de tubarão usados como adorno até ossos de crânio, conchas e pedras lascadas, oferecendo valiosas pistas sobre as antigas culturas que habitaram a área.
No entanto, apesar da importância dessas descobertas para a compreensão da história pré-colonial da região, os pesquisadores expressam preocupação com a crescente pressão da especulação imobiliária sobre os bairros costeiros valorizados. Eles alertam que a nova Lei Urbanística da cidade poderia permitir a construção de edifícios em terrenos que deveriam ser preservados devido ao seu valor histórico e ancestral.
A Prefeitura de Niterói, por sua vez, responde que qualquer alteração só pode ser realizada com a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão federal encarregado de proteger o patrimônio cultural brasileiro.