Recanto Nossa Senhora das Graças, em Copacabana, é tomado por moradores de rua e usuários de crack

Local, que fica em cima do Túnel Sá Freire Alvim, na Rua Barata Ribeiro, está tomado pelo mato e boa parte dos bancos foram quebrados. Devotos e visitantes relatam medo de assaltos e agressões

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Recanto Nossa Senhora das Graças em Copacabana

Localizado acima do Túnel Sá Freire Alvim, na Rua Barata Ribeiro, no movimentadíssimo e eclético bairro de Copacabana, o Recanto Nossa Senhora das Graças representa um convite ao diálogo interior e à conexão com a fé católica. Apesar da sacralidade do propósito e do lugar, o santuário, que era um espaço antigo de lazer na década de 1970, se encontra em péssimas condições de conservação.

Desde 1976, o santuário contou com a dedicação de uma fiel e ardorosa defensora, a mineira da cidade de Miraí, Olívia Fagundes Coelho. Sob os seus cuidados o oratório de cor azul, instalado em uma pedra pintada de branco, serviu de palco para missas oficiadas por padres da Paróquia de São Paulo Apóstolo, localizada na Rua Barão de Ipanema, também no bairro, além de recorrentes reuniões de devotos – em sua maioria idosos – para a reza de terços e novenas.

A manutenção do espaço sempre foi um grande desafio para Dona Olívia, que esbarrou na falta da documentação que comprovasse a propriedade do terreno. Após uma longa e cansativa peregrinação, a guardiã do Recanto teve os esforços premiados.

Em 2016, o prefeito Eduardo Paes (PSD) sancionou a Lei 6.069, de autoria do vereador Carlo Caiado, do mesmo partido, reconhecendo publicamente o local de devoção. A partir de então, o cenário ensaiou melhoras. No local, que só havia dois bancos, passou a contar com 14, após uma vaquinha organizada pelos frequentadores.

Apesar do refrigério, outros e maiores problemas foram provocados pela expansão do metrô de Copacabana. Em 2017, a zeladora do Recanto relatou ao jornal O Globo, que ficou sem ter acesso à fonte de água do santuário, por conta das obras.

“Conseguimos um registro de água para poder regar nossas flores. Quando começou a obra do metrô, emprestamos nossa fonte, mas, depois que foram embora, a água foi desligada e estou há tempos tentando religar. Eu já estou com dificuldades para vir até aqui. Não tenho mais como varrer e ainda trazer água para as plantas. Eu não peço tanto, quero nossa água de volta”, disse ao jornal Olívia Fagundes Coelho, falecida há alguns anos.

Outras dificuldades também foram geradas pelas obras do modal. Na entrada do Recanto Nossa Senhora das Graças foi construída uma edificação para abrigar o gerador que alimentava o tatuzão, equipamento usado para a escavação das rochas. Com o término das obras, o gerador, que deveria ter sido retirado, continua no local, assim como o pequeno prédio que o abriga, dificultando o acesso dos devotos e inviabilizando as atividades.

Afora, a dificuldade de acesso gerada, o prédio também permite que moradores de rua e usuários de crack pernoitem e usem drogas no local. Pessoas ouvidas pelo jornal disseram sentir medo de ir ao santuário, pois já encontram gente se drogando em em plena luz do dia. Todos temem assaltos e agressões físicas.

Recanto Bancos quebrados Recanto Nossa Senhora das Graças, em Copacabana, é tomado por moradores de rua e usuários de crack

Devota de Nossa Senhora das Graças e frequentadora do lugar, Maria Lúcia Brabo reclama da negligencia do poder público quanto à zeladoria e a segurança dos devotos e visitantes do santuário. Segundo Maria Lúcia, o local vem se devastado por usuários de drogas e moradores de rua, sem que ninguém tome uma providência, apesar das reclamações.

“O Recanto de Nossa Senhora das Graças foi durante décadas um agradável local de orações, rezas do terço diárias, em grupos católicos. Era um local limpo e bem policiado. Está há uns 4 anos sendo depredado: imagem de Nossa Senhora das Graças, altar, iluminação, bancos, jardins, entre outros equipamentos. O Recanto, um santuário, como carinhosamente o chamamos, tornou-se, na atual prefeitura, morada livre dos cracudos. De tudo fazem ali. Tudo. Há uma construção abandonada na entrada, que foi usada para guardar um gerador nas obras do metrô. Por ali os drogados entram e a usam livremente como moradia. O metrô foi concluído e aquilo não tem, atualmente, outra função, a não ser a de abrigar drogados. Com isso, nunca mais pudemos frequentar ou rezar no local”, desabafou Maria Lúcia.

Moradores do bairro relataram ao DIÁRIO DO RIO que entraram em contato com Secretaria de Estado de Transporte solicitando a derrubada da construção, uma vez que ela dificulta o acesso de idosos e pessoas com deficiências (PCDs). Segundo os relatos, representes da pasta teriam argumentado que não poderiam retirar o gerador da entrada do santuário por conta das demais obras de expansão do metrô na Zona Sul.

A espessa vegetação, que tomou conta do Recanto, foi outra queixa feita pelos frequentadores, que disseram ter acionado os serviços da Prefeitura para limpeza e poda de árvores, sem sucesso. Enquanto isso, o que se vê no local são pichações, bancos quebrados ou arrancados e atirados longe pelos moradores de rua e usuários de droga. A depredação e o abandono de uma área importante do bairro são visíveis.

Há anos, Copacabana sofre com a negligência ou abandono dos seus equipamentos públicos. Além de ver a população de rua e as cracolândias aumentarem consideravelmente. A asfixia lenta do Recanto Nossa Senhora das Graças representa não apenas o menosprezo por um lugar histórico da cidade, mas também um ataque aos devotos e à fé católica tão tradicional do bairro.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Oi pessoal primeiramente é um bairro abandonado pela limpeza, muito muito lixo mas ruas todos os dias revirados por volta das 21:00 muito lixo que atrai a mendicância! Primeiro tem que limpar as ruas!!!!

  2. O espaço é público portanto de todos, não apenas de um grupo de devotos. Cabe a Prefeitura sua conservação. Moradores de rua e dependentes químicos também precisam de assistência do Poder Público, expulsá-los do local não resolve o problema.

    • Meu amigo, o povo vai passar pano para qualquer um.

      RJ é isso, mais do mesmo.
      Não importa a desgraça, o problema, nada muda e nada vai mudar.
      A tendência é de queda livre.

      Quem puder, saia. O último apaga a luz.

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