A crise tá braba, a violência tá braba, o trânsito tá brabo, tá tudo brabo e uma pesquisa da ONG Rio Como Vamos mostra que isso está transparecendo no otimismo do Carioca. A Pesquisa de Percepção do Rio Como Vamos, realizada em junho com 1.500 entrevistados mostra que o orgulho do carioca está em baixa, apontando pessimismo e queda na percepção positiva de diversos temas.
A percepção do carioca em 2013 era de orgulho para 63%, este ano foi para 43%.
E ainda piora, se em 2013 51% dos cariocas achavam ter melhorado de vida, em 2015 foi de apenas 31%, pela primeira vez nos 7 anos que a pesquisa é feita um número maior da população afirma ter reduzido a qualidade de vida ao invés de ter melhorado. Dentre os mais velhos (50 anos ou mais), a perda na qualidade de vida é mais acentuada. Enquanto 49% perderam qualidade de vida, apenas 16% afirmam ter melhorado.
E isso reflete no número de cariocas que querem deixar a cidade, : 56% contra 48% em 2013 e 27% em 2011. 16% dos cariocas se mostram indecisos sobre essa decisão, o que também é um fato negativo.. O motivo principal para esse desejo, não é a toa, é a violência existente na cidade. É seguida pela desordem urbana e pela busca de melhores condições nos serviços públicos essenciais.
Com o sentimento de orgulho diminuído, cai também o índice de percepção positiva para o futuro: somente 25% da população se sente otimista em relação ao futuro da cidade nos próximos anos.
Violência
Para 71% da população carioca a segurança piorou no último ano. Os cariocas que deram nota baixa para segurança, 1 a 4, pulou de 49% em 2013 para 64% em 2015, o percentual mais alto desde 2008,
A ocorrência de roubos a transeuntes é a principal razão para a percepção de falta de segurança. 40% da população também menciona essa situação como a que gera maior medo, em especial nas classes mais altas. Bala perdida é um medo mais recorrente nas classes C/D.
Especificamente sobre a UPP, 41% dos moradores a avaliam como ruim (notas de 1 a 4) e apenas 21% encontram-se otimistas em relação ao seu funcionamento. Os moradores de bairros em que este tipo de policiamento foi implementado passam a perceber mais mudanças negativas do que positivas, como o aumento de roubos e ameaça dos bandidos que agora estão escondidos. Na avaliação em 2013, os aspectos positivos, como a valorização do imóvel e o fim dos tiroteios, eram preponderantes em relação às respostas negativas.
A pesquisa é bem completa e trata de vários outros temas que podem ser visto completos aqui. Segue um breve resumo:
Ordem pública – Os principais problemas descritos nesse ponto pelos entrevistados dizem respeito à segurança. Passam de 71% as notas baixas na avaliação do aumento dos pontos de venda de drogas na cidade. Essa é a maior preocupação no quesito.
Praias – Nas praias cariocas, assaltos e furtos são os principais problemas relatados. O índice de preocupação no quesito saltou de 16% em 2013 para 69% na pesquisa deste ano. A sujeira da areia e a baixa qualidade da água do mar são o segundo e terceiro problemas apontados pelos entrevistados, respectivamente.
Saúde – Seis em cada 10 entrevistados usaram o sistema público de saúde no último ano, especialmente em situações de emergência. Esse número se manteve estável em relação a 2013. As principais reclamações, como em outros anos, são demora no atendimento e falta de médicos. Para 38% dos cariocas, o atendimento médico de saúde pública está pior, número superior aos 30% de 2013. Já a avaliação de UPAs e Clínicas da Família apresentou melhora (33% este ano, 29% em 2013).
Olimpíadas / grandes eventos – Passada a Copa do Mundo, a população demonstra menos otimismo com os benefícios que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos podem trazer para a cidade. O percentual de cariocas que acreditava em melhorias por conta dos grandes eventos passou de 63% em 2011 para 27% em 2015. Ainda assim, a maior parte acredita que o evento trará benefícios. Os gastos públicos são motivos de desconfiança para a população.
Transporte – O ônibus ainda é o meio de transporte mais utilizado pelos cariocas, mas o metrô é o mais bem avaliado. A avaliação dos meios de transporte se manteve igual à de 2013, com 25% de avaliações positivas.As melhorias em trens e metrô foram os principais investimentos solicitados pelos entrevistados. Mais da metade dos usuários de carros particulares disseram que usariam transporte público se houvesse mais qualidade.
Bilhete Único – Foi o primeiro ano da avaliação desse quesito e os cariocas se mostraram satisfeitos com o sistema (72% de notas boas). Quase 60% dos entrevistados disseram usar o recurso.
Bicicleta – O aumento da segurança foi o principal ponto indicado pelos entrevistados como incentivo para que eles usassem mais a bicicleta como meio de locomoção. Mais de 50% dos cariocas indicaram esse item. A construção de mais ciclovias foi o segundo item mais apontado, com 45% das indicações.
Trânsito – O trânsito na cidade recebeu avaliação negativa de 71% dos cariocas.
Educação pública em geral – Para 34% dos cariocas com crianças e jovens cursando o ensino público, a qualidade da educação melhorou. O número é, no entanto, inferior aos 46% que apontavam melhora em 2013.
Creches e pré-escolas – A qualidade do ensino público é bem avaliada nas creches e pré-escolas. No total, 53% das notas são positivas. Aumentou, porém, o número de crianças matriculadas em escolas particulares este ano. Total de 44% em 2015, contra 21% em 2013.
Fundamental – O ensino fundamental apresentou queda em qualidade na pesquisa de percepção (47% em 2013, 40% este ano).
Médio – Já o ensino médio configura o maior avanço do ano em educação. Foi o mais bem avaliado, aumentando de 34% em 2013 para 44% em 2015.
Conservação – A maior parte da população não acredita que houve evolução nos serviços de iluminação e conservação de calçados no Rio. Os cariocas acreditam que a conservação das ruas e calçadas seja papel da Prefeitura, mas que a população tem sua cota de responsabilidade também. Os mais jovens principalmente.
Acessibilidade – A atenção a idosos e deficientes também é ponto fraco na pesquisa. A acolhida a idosos tem bons índices apenas no que diz respeito a serviços, como as filas prioritárias em bancos. Já a mobilidade de pessoas com deficiência recebeu notas inferiores às da pesquisa de 2013 em todos os quesitos.
Administração pública – A população elegeu a saúde como o principal foco a merecer atenção da gestão municipal. A educação e a segurança foram outros dois temas relevantes. Apenas 19% dos cariocas avaliou o segundo mandato do Prefeito Eduardo Paes de forma positiva. A classe A é a menos insatisfeita. A Câmara dos Vereadores foi avaliada de forma bastante negativa, com 64% de notas ruim/péssimo (notas de 01 a 04) sobre o trabalho do legislativo.
Limpeza urbana – Cerca de 30% dos cariocas acreditam que a limpeza melhorou na cidade no último ano, quase 20% acham que as ruas estão mais sujas e 50% da população acreditam que a limpeza está igual há um ano. Para os moradores ouvidos, o principal responsável pela conservação da limpeza na cidade é o próprio carioca. Sobre coletiva seletiva, 56% dos entrevistados disseram separar corretamente o lixo.
Lixo zero – O projeto é novo e não estava nas pesquisas anteriores. Os cariocas estão divididos sobre a importância do programa para limpeza da cidade.
Meio ambiente – A avaliação da qualidade do ar, das águas de praias, rios e lagos praticamente não sofreu alteração em relação a 2013. Já a fiscalização da ocupação de parques e áreas verdes por favelas e moradias irregulares foi mais bem avaliada pelos cariocas do que na pesquisa anterior.