Na Zona Oeste do Rio, parte do histórico terreno da antiga Colônia Juliano Moreira, na Taquara, encontrou uma nova vocação como espaço de projetos municipais e hortas comunitárias. O local, que já abrigou um núcleo psiquiátrico famoso na cidade, foi revitalizado após anos de abandono, transformando mais de 20 mil metros quadrados de matagal e entulho em um ambiente produtivo e sustentável.
Atualmente, o terreno é lar do projeto “Arte, Horta & Cia”, vinculado ao Programa de Geração de Trabalho e Renda do Instituto Juliano Moreira. Desativado em 2022 após anos de progressiva desocupação, o antigo núcleo psiquiátrico, que já chegou a abrigar 5.300 internos em seus 79 hospitais e pavilhões, hoje serve como local de trabalho e aprendizado para pacientes assistidos pela rede de saúde mental e moradores locais.
O projeto de agricultura urbana não apenas visa garantir sustentabilidade alimentar, mas também promover o bem-estar social e econômico da comunidade. Recentemente, obteve o Certificado de Conformidade Orgânica da Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), se destacando como o primeiro na Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU) a receber tal reconhecimento.
Integrado ao Museu Bispo do Rosário, o projeto oferece cursos semestrais de agricultura urbana e agroecologia, com cerca de 64 aulas práticas e teóricas ao longo de quatro meses. Desde sua implementação, estima-se que aproximadamente 3 mil participantes, incluindo usuários dos centros de atenção psicossocial da Secretaria Municipal de Saúde e moradores da região, já tenham se beneficiado diretamente da iniciativa.
Iniciado em 2021, o processo de preparação da horta de dois mil metros quadrados e 90 canteiros ganhou impulso no ano seguinte, com cultivos de alface, couve, almeirão, coentro, cebolinha, além de coqueiros, limoeiros e bananeiras ao longo de toda a extensão do terreno. A produção anual já alcança cerca de 300 kg de diversos produtos agrícolas, contribuindo significativamente para a segurança alimentar local.
A Colônia Juliano Moreira foi fundada no início do século XX e concebida inicialmente para abrigar pessoas classificadas como “anormais” ou “indesejáveis”. Hoje, parte de sua área não apenas sustenta projetos sociais e agrícolas, mas também preserva a memória histórica da psiquiatria brasileira e oferece oportunidades de desenvolvimento comunitário através da educação e do trabalho.