Empresários do Rio divulgam carta aberta contra a ADPF 635

No documento, os empresários criticam o aumento da criminalidade, o enriquecimento ilícito e a expansão territorial das facções criminosas no Rio

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Favela do Rio de Janeiro. Reprodução: Fernando Frazão/Agência Brasil.

No último sábado (29), foi divulgada uma carta aberta na qual entidades, como Rio Indústria, Sindicarga, Sindlojas Rio, Asserj e Instituto Coalização Rio protestaram contra os altos níveis de criminalidade, enriquecimento ilícito e avanço territorial de facções criminosas na cidade do Rio de Janeiro, graças às restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) às operações policiais nas favelas da capital fluminense, por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635. O dispositivo, segundo o Tribunal, seria uma tentativa de proteger a população das favelas fluminense durante a crise sanitária da Covid-19.

No documento, os empresários pedem a suspensão das restrições que têm feito do Rio o epicentro de conflitos fortemente armados na disputa por territórios. Os embates, que não têm hora para acontecer, causam dezenas de mortes de cidadãos comuns e policiais cujo heroísmo foi elogiado pelo empresariado que, na carta, faz críticas a um “leniente sistema das audiências de custódia e das famigeradas saidinhas” que devolvem às ruas bandidos de alta periculosidade e altamente articulados integrados a facções criminosas que atuam no Brasil e no exterior.

“Como consequência da referida ADPF 635, observamos o enriquecimento e a expansão territorial das facções criminosas, restringindo o direito de ir e vir da população.  Temos visto nosso Rio de Janeiro se tornar porto seguro de criminosos foragidos de outros Estados, servindo como uma grande incubadora do crime organizado. Queremos um BASTA [sic]! Criminoso é criminoso e precisa ser tratado com o devido rigor da Lei, para que a sociedade possa gozar da saudosa e tão desejada liberdade preconizada em nossa Constituição”, disseram os representas das entidades um trecho da carta.

No universo político, o documento foi divulgado com entusiasmo por Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo, e Márcio Gualberto, deputado estadual pelo Rio, ambos do Partido Liberal (PL). Gualberto preside a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

“O aumento da criminalidade tem gerado uma insegurança crescente para todos nós que vivemos aqui, além de impactar negativamente o desenvolvimento econômico. Esperamos a sensatez das autoridades competentes para que deem um fim na ADPF 635, a fim de avançarmos na segurança pública do povo do Rio”, comentou o deputado estadual.

Histórico

Em junho de 2020, o ministro-relator da medida, Edson Fachin, emitiu a primeira liminar contra as operações policiais nas favelas do Rio por causa da pandemia. A ADPF 635, no entanto foi movida, em novembro de 2019, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), que pediu até a suspensão do uso helicópteros como plataforma de tiro nas ações das forças de segurança.

CARTA CONJUNTA À SOCIEDADE

“Nosso Rio de Janeiro vive um cenário de flagrante guerra contra o crime, com números assustadores de violência, equivalentes e até maiores que de países em guerra, tendo sido agravado nos períodos pandêmico e pós-pandêmico, principalmente com o advento da ADPF 635*, que vem há mais de 3 anos restringindo drasticamente as operações policiais.

Nossas bravas e heroicas forças de segurança têm sido, resilientemente, a última barreira contra o domínio completo por parte do crime organizado, num verdadeiro “enxugar de gelo”, contra o leniente sistema das audiências de custódia e das famigeradas “saidinhas” dos detentos/criminosos.

Em completo antagonismo aos anseios da sociedade que produz, paga seus impostos e deseja um Rio melhor, temos percebido uma verdadeira guerra informacional, que vitimiza os criminosos e macula a imagem das nossas Forças de Segurança. Forças estas, representadas por verdadeiros guerreiros, policiais que deixam suas famílias para defender as nossas, dispostos ao enfrentamento e, por vezes, a dar sua própria vida em defesa da sociedade, de nossos negócios e nosso patrimônio.

Queremos um BASTA!

Nesta carta, as entidades, representantes de empresas e empresários, de diversos setores da cadeia produtiva, conscientes de que a economia e o desenvolvimento inexistem sem a garantia da ordem e da segurança pública, conclamam a união de todos em busca de um Rio de Janeiro mais seguro e próspero.

Ressaltamos que a segurança pública é um tema transversal a todas as Entidades, sem a qual não existem empresas, empregos e uma sociedade livre. Como consequência da referida ADPF 635*, observamos o enriquecimento e a expansão territorial das facções criminosas, restringindo o direito de ir e vir da população.

Temos visto nosso Rio de Janeiro se tornar porto seguro de criminosos foragidos de outros Estados, servindo como uma grande incubadora do crime organizado.

Queremos um BASTA! Criminoso é criminoso e precisa ser tratado com o devido rigor da Lei, para que a sociedade possa gozar da saudosa e tão desejada liberdade preconizada em nossa Constituição.

Não existe PROGRESSO SEM ORDEM.

Por um RIO MAIS SEGURO, escolhemos sempre o lado do bem, estamos ao lado de nossas Forças de Segurança, a quem expressamos o nosso muito obrigado”.

Também assinaram aa carta aberta: Sulcarj, Sintransportes, Setcanf, Logística Brasil, Acomex Rio, Aderj, Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Sincomac, Sindaerj, Semove, CDLRio, Sindoperj, TransOnibus, Fetranscarga, e Aeci.

Com informações Diário do Poder.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Fala pelego, os imóveis estão fechados porque ninguém quer comprar nada no Rio por causa da violência, mas aí você que dar os imóveis dos outros para os favelados? Dá o seu! Enquanto o negócio estiver do jeito em que está, cada vez mais pessoas vão embora da cidade e a falta de circulação de dinheiro colocará mais gente ainda na favela, mas eu sei que isso é difícil de vocês entenderem.

  2. E quanto à expansão territorial dos especuladores imobiliários, nenhuma palavra a respeito? Seus fundos participativos, que concentram imóveis de forma indecente, alteram a relação oferta e demanda de imóveis, elevam absurdamente o preço do metro quadrado, e dificultam o acesso de muitos à imóveis dignos para fins residenciais e comerciais, também não representam um “câncer” na sociedade?
    A Constituição, que esses uns aí dizem defender tanto, não é clara a respeito do direito à propriedade? Imóvel vazio e ocioso, esperando por valorização imobiliária, não cumpre sua função social, portanto viola diretamente a Constituição. Esses tubarões especuladores ao violarem a Constituição não deveriam também ser chamados de bandidos? Para mim, são, e bem piores que os das favelas, pois têm muito mais influência política.
    Esses parasitas do PL e dos demais partidecos da direita raivosa vão fazer algum comentário crítico a respeito deste estado de coisas? Vão atuar para mudá-lo? Ou, como sempre, vão dar tiros e bater na cara só de quem mora nas periferias, ajudando os ladrões engomadinhos e “bem nascidos” a se dar bem impunemente?

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