Acidentes com crianças e adolescentes no RJ crescem 17% em 2023; queimaduras lideram

Levantamento feito pela Aldeias Infantis SOS também mostra um aumento no número de hospitalizações

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Um levantamento realizado pela Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, mostra que, em 2023, os acidentes envolvendo crianças e adolescentes no Estado do Rio de Janeiro cresceram 17% na comparação com o ano anterior. No total, foram registradas 6.950 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 5.925 registros em 2022.

O estudo, elaborado com dados do DataSUS, é desenvolvido pelo Instituto Bem Cuidar, programa de gestão de conhecimento da Aldeias Infantis SOS, que analisou oito categorias de causas de acidentes. Destas, quatro apontaram crescimento, a saber, incidentes com armas de fogo (+ 71%), queimadura (+ 42%), quedas (+ 26%) e sinistros de trânsito (+ 24%). Por outro lado, entre as causas devidamente categorizadas, houve queda em casos de intoxicação (- 29%) e afogamento (- 17%).

Os casos de queimadura e queda somam quase 80% de todos os acidentes envolvendo jovens cariocas em 2023. O dado segue uma tendência observada em levantamento nacional, que aponta essas duas categorias como as principais causadoras de lesões não intencionais em crianças e adolescentes de todo o país, somando 65% dos casos registrados no Brasil”, explica Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS.

As hospitalizações por conta de acidentes envolvendo queimadura somaram 2.722 casos, enquanto as internações em razão de queda totalizaram 2.531 registros. Sinistros de trânsito também ganharam destaque no levantamento, somando 532 casos, ou 8% do total.

As crianças e adolescentes que mais sofreram hospitalizações por causa de acidentes, em 2023, tinham de 5 a 9 anos (2.444), e houve um salto de 22% nas ocorrências dessa faixa etária em relação a 2022. Segundo o levantamento da Organização, essa foi a maior variação no registro de acidentes locais. Já jovens de 10 a 14 anos foram vítimas em 2.320 casos, após um aumento de 14% em relação ao ano anterior.

O período que compreende os 5 aos 14 anos é de maior autonomia e circulação pelos espaços comunitários e, na população que apresenta maior vulnerabilidade social, meninos e meninas dessa faixa etária são, muitas vezes, responsáveis pelo cuidado de irmãos e irmãs menores, fato este que os deixa mais propensos a acidentes. Deve-se atentar à necessidade de campanhas de conscientização da população sobre medidas de prevenção de acidentes também nessas faixas etárias”, destaca a especialista.

A pesquisa também mostra que, em 2023, foram 1.700 hospitalizações de crianças e adolescentes de 1 a 4 anos envolvidos em acidentes, representando um aumento de 17% em relação a 2022. Por sua vez, menores de 1 ano estiveram envolvidos em 486 ocorrências – um crescimento de 14% em relação ao ano anterior.

Nos casos de sufocação ou engasgo, a hipótese é que, durante a fase de aleitamento e da introdução alimentar, o uso de telas nas horas das refeições ou realização da alimentação em movimento não permita a correta mastigação. É importante destacar a necessidade de conhecimentos de primeiros socorros pelos cuidadores, educadores e familiares, além das medidas de prevenção de acidentes”, finaliza Erika.

Mortes por acidentes

Entre 2021 e 2022, o levantamento observou um crescimento de 3% no número de mortes de crianças e adolescentes causadas por acidentes, passando de 309 para 317 vítimas. Repetindo o padrão do ano anterior, o maior número de óbitos se deu entre menores de um ano (44%). Também, a exemplo de 2021, a principal causa de mortes em 2022 foi sufocação, responsável por 145 casos (46%), que tiveram uma queda de 13% em relação ao ano anterior.

Brasil

No Brasil, o levantamento da Aldeias Infantis SOS mostra que os acidentes de crianças e adolescentes cresceram quase 8% na comparação com o ano anterior, sendo o maior número desde 2019, período pré-pandemia. Em 2023, foram 119.245 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 109.988 registros em 2022.

Segundo cálculo da Organização, a cada hora, cerca de 13 crianças são internadas por lesões não intencionais, sendo que 90% dos acidentes poderiam ser evitados por meio de ações simples de prevenção e cuidado qualificado.

No que se refere a óbitos, entre 2021 e 2022, o levantamento observou uma queda de 1% no número de mortes de crianças e adolescentes causadas por acidentes, passando de 3.275 para 3.237. O maior número de óbitos se deu entre crianças de 1 a 4 anos (31%). A principal causa foi sufocação, responsável por 986 casos, sendo que, desse total, 765 (77%) envolveram menores de 1 ano.

Ainda de acordo com a Aldeias Infantis SOS, os dados indicam que nove crianças morrem todos os dias por causas de acidentes que poderiam ser evitados em 90% dos casos.

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